Pela primeira vez um político da magnitude de um ex-presidente da República perde os direitos políticos tão logo deixa o cargo
O mês de junho se encerrou com um fato que marca a política brasileira pelos próximos tempos. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tornou-se pelas mãos da ministra Carmem Lúcia inelegível pelos próximos oito anos.
O fato, que já era esperado por grande parte da população brasileira, dos interlocutores políticos e também de quem acompanha o cenário brasileiro, chama a atenção pela forma como aconteceu.
Pela primeira vez um político da magnitude de um ex-presidente da República perde os direitos políticos tão logo deixa o cargo que ocupava. Porém, durante os quatro anos em que esteve à frente do Planalto, Bolsonaro trilhou cada passo que o fez chegar até o julgamento desta sexta-feira, 30.
Durante todos esses anos, Bolsonaro distribuiu acusações infundadas, semeou a discórdia em inúmeros momentos, inflamou grande parte da população brasileira, destruiu trabalhos internacionais que foram realizados com muito suor, tentou aplicar golpes de estado, tal qual 1964.
O Brasil, felizmente resistiu, mesmo que aos trancos e barrancos, porém manteve-se em pé, para que hoje pudesse mostrar que a democracia e a justiça ainda existem e se fazem presente na construção da sociedade.
Bolsonaro colhe hoje aquilo que distribuiu e que ele em vários momentos pensava que viria a se tornar o seu maior trunfo, agora mostra-se como sendo o seu pior pesadelo.
O ex-presidente chegou ao poder em 2019, depois de ser por inúmeros anos um deputado federal de baixo clero, insignificante para a construção de políticas públicas. Sai da cena política momentaneamente da mesma forma como entrou, pela porta dos fundos.
Pelos próximos 8 anos, Bolsonaro deverá continuar tentando construir alguma coisa para a parcela de eleitores que ainda se sentem representados por ele. Porém, a sua possível força política acaba de ser limada e torna-se grãos de areia, que o clã bolsonarista deve assistir se esvair ao vento pelo meio de deus dedos.
É preciso lembrar que o bolsonarismo como um todo não deve se encerrar nesse momento. Ainda continuaremos vendo a ala que ele representa presente dentro da construção política brasileira.
O que fica é o entendimento que daqui a 8 anos dificilmente Bolsonaro voltará a se empenhar com força política em uma campanha eleitoral de nível nacional. Com o resultado do TSE, fica claro que Bolsonaro deve pagar por todos os crimes e ameaças que cometeu contra a democracia, contra a soberania e contra o povo brasileiro.
