Eleições de 2022 terão custo bilionário para os bolsos da população
COLUNA DE DOMINGO A tradicional farra com dinheiro público que acontece todo fim de ano nas votações do Congresso Nacional atingiu um novo ápice, como bem pontuou recente editorial do jornal O Estado de S.Paulo. Com apoio de 317 deputados e 53 senadores, os partidos terão R$ 5,7 bilhões para financiar suas campanhas políticas em 2022, quase o triplo dos R$ 2 bilhões do ano passado. Esse volume escandaloso de recursos do Orçamento poderá ser utilizado para viagens, contratação de cabos eleitorais e publicidade nas redes sociais. Ele se somará ao fundo partidário de R$ 1,1 bilhão, que banca a estrutura das legendas, mas também abastece o caixa das candidaturas.
O fundo, que teve aval do presidente Jair Bolsonaro (PL), é aprovado em meio a lives vociferando contra as vacinas e possível lockdown, uma bela cortina de fumaça para desviar a atenção do eleitorado.
Fico pensando como os bolsonaristas mais ativos justificam essa festança com dinheiro público. Será que eles têm argumentos para defender a leva de outsiders (incluindo o presidente) que mudariam o Brasil a partir de 2019?
Se antes disso se falava em mensalão e petrolão, vimos nesta legislatura um recuo dos espalhafatosos deputados e senadores blogueirinhos, escondidos sob o manto da vergonha, afinal, tem como defender um fundo obsceno como este? E Bolsonaro, que disse que acabaria a mamata? A que mamata se referia? A dos congressistas, definitivamente que não era.
“O aumento do fundão teve apoio suprapartidário e contou com a constrangedora leniência do governo”, diz o mesmo editorial.
Para os deputados, o fundo eleitoral precisava de “atualização”, nas palavras do líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ). O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), liberou a base para se posicionar como desejasse. Petistas votaram junto, a favor do fundão.
Enquanto na vida virtual bolsonaristas e petistas se matam pelas redes sociais, na terra da fantasia que é Brasília, a união entre eles é viável e possível desde que beneficiem ambos.
Encerro com pertinentes comparações feitas pelo editorial do Estadão porque faltam-me palavras diante de tanta indignação. “O aumento do fundo eleitoral evidencia a desconexão da realidade por parte do governo e do Parlamento. Como justificar um valor dessa magnitude para o financiamento de campanhas eleitorais enquanto milhões de brasileiros passam fome e permanecerão nas filas do Auxílio Brasil em 2022? Se houve maioria para triplicar o fundão, como ainda não houve apoio suficiente para derrubar o veto ao Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, que prevê a oferta gratuita de absorventes femininos e outros cuidados de saúde menstrual a milhões de mulheres e adolescentes vulneráveis a uma fração do custo das campanhas? O que explica o adiamento da apreciação do veto ao projeto que amplia a cobertura dos planos de saúde para a quimioterapia oral a pacientes com câncer?”