segunda-feira, 6

de

maio

de

2024

ACESSE NO 

O deserto de notícias na região

Últimas Notícias

Nem sempre a existência de veículos de comunicação é sinônimo de imprensa

DESERTO DE NOTÍCIAS

- Ads -

COLUNA DE DOMINGO Pela terceira vez consecutiva, o Atlas da Notícia, um estudo anual sobre jornalismo local no Brasil, apontou queda no número de municípios sem veículos de informação, os chamados desertos de notícias. A redução foi de 8,6% em um ano, próxima do ritmo de queda no levantamento anterior, identificando-se 271 novas cidades com pelo menos um site, jornal, página de mídia social ou outro formato de cobertura local.

Com isso, pela primeira vez, agora há menos desertos de notícias do que “não desertos”, áreas com acesso a informação local, ainda que limitada, no Brasil. No total, são 2.712 desertos, somando uma população de 26,7 milhões. E foram levantados 2.858 “não desertos”, somando 176,3 milhões de habitantes. Desses, porém, 1.643 municípios têm apenas um ou dois, configurando o que o Atlas chama de “quase desertos”.

A notícia é boa, mas se observada com lupa, mostra um cenário altamente preocupante. Primeiro que apesar de ter aumentado a cobertura, metade do País não tem um veículo de comunicação sequer. É o sonho dourado de políticos corruptos, que podem fazer tudo a luz do dia, na maior cara de pau.

O fato de 51,3% dos municípios brasileiros ter ao menos um veículo de mídia não é garantia de que esses mesmos mandatários não nadem de braçadas nesta seara. Não precisamos ir muito longe para ver emissoras de rádio que se apresentam como veículo de imprensa (muito bom para conseguir credencial de estacionamento e dar carteiraço em shows), mas nem jornalista tem. O jornal, para cumprir a legislação, apresenta reportagens prontas advindas de instâncias governamentais e se limita a leitura de releases preparados por assessores de imprensa. Se há um contrato com o Município, lê-se tudo que da prefeitura sai, sem qualquer senso crítico aplicado. Se não tem contrato, desce-se o pau no prefeito, mereça ou não. O locutor/radialista vira jornalista da noite para o dia, mesmo não tendo a mínima noção do que está fazendo.

A apuração, tão cara ao jornalista, não existe. Se existe, dependendo do humor do dono do negócio, uma boa reportagem investigativa pode ir para a lata do lixo. Considero que esse tipo de “imprensa” pode ser mais danosa do que a ausência total, já que pode manipular e induzir a opinião pública ao gosto do dono do negócio.

Mesmo com cunho puramente jornalístico, jornais impressos, blogs e sites também se prestam a esse papel.

Como o atlas mostra, temos muito a fazer para garantir que a população receba uma cobertura jornalística que a ajude a compreender e interpretar os acontecimentos.

- Ads -
Logo Facebook Logo WhatsApp Logo nova do Twitter
Olá, gostaria de seguir o JMais no WhatsApp?
JMais no WhatsApp?