Qual é o sentido da democracia se não soubermos conviver com opiniões divergentes?
Nos últimos dias circulou por grupos de whatsapp uma lista de empresas supostamente “petistas”. É de se destacar que mesmo nos grupos mais bolsonaristas, houve discordâncias quanto ao compartilhamento da lista. Afinal, muitas das empresas citadas não eram de “petistas” e mesmo se fossem, qual é o sentido da democracia se não soubermos conviver com opiniões divergentes?
Não é de hoje que campanhas de boicote ocorrem, muitas vezes por motivos justos em protesto contra empresas que fazem uso de mão de obra escrava ou que despejam poluentes tóxicos no meio ambiente, mas o que vemos nos últimos anos é um boicote por motivações político ideológicas. Essa modalidade de boicote ganhou até o nome de “Cultura do Cancelamento”, que consiste em atos da expulsão de um grupo ou rede social, demissão de empresa, entre outros atos que visam prejudicar a vida ou carreira de uma pessoa. Outras graves situações também já foram relatadas, como professores prejudicando alunos, ameaças de demissão e até mesmo agressão física.
Há de se lembrar que em 2018 um grupo de bolsonaristas foi duramente criticado nas redes sociais, principalmente no Twitter, após a instalação de um outdoor do então deputado Jair Bolsonaro. Os ataques foram desde xingamentos e ofensas nas redes sociais, ligações nos locais de trabalho pedindo a demissão destes de seus empregos, entre outros. Não está em nenhuma lista, mas é notório o boicote de uma famosa marca de erva-mate da região, cancelada por seu dono ser publicamente bolsonarista. O mais irônico de tudo, é ver nas redes sociais que alguns críticos da “Lista das Empresas Petistas” de 2022 participaram da tentativa de cancelamento ocorrida em 2018, expondo que para alguns o problema não é o cancelamento em si, mas contra quem é esse cancelamento. Como dizem “Pau que bate em Chico também bate em Francisco”.
Nunca nenhum ser humano vai pensar exatamente igual ao outro, sempre teremos discordâncias por menor que sejam. Cancelamentos não agregam em nada, apenas prejudicam. Saber conviver com as diferenças sem prejudicar o outro é uma questão de sobrevivência em um mundo civilizado. Pensar nisso parece utópico, mas um dia chegamos lá!
