Família tenta entender porque nenhum exame foi feito para diagnosticar situação
CORREÇÃO: A SIGLA CORRETA PARA DENOMINAR O CENTRO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM É CDI E NÃO CIC COMO ERRONEAMENTE INFORMADO ANTERIORMENTE
A família de um idoso de 68 anos teve de procurar, por meios particulares, a realização de exames por imagem após ele ter batido a cabeça em uma queda que sofreu enquanto subia as escadas de casa. O homem está internado em estado grave.
Conforme informações repassadas por familiares, logo após o acidente que fez inclusive com que o homem perdesse a consciência no momento, ele chegou a ser atendido por equipes do Corpo de Bombeiros e do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas, mas a equipe que o atendeu não pediu nenhum exame por imagem, como tomografia, por exemplo.
O filho do idoso informou à reportagem do JMais que a médica que atendeu seu pai teria alegado que os sintomas que o homem sentia no momento em que estava em observação na UPA – dores na cabeça e enjoos – eram relacionados ao fato de ele ter consumido bebida alcoólica naquele dia. Ela teria dado alta ao homem sem solicitar nenhum exame por imagem, receitando apenas remédios que amenizassem as náuseas e as dores.
Por meios particulares, os filhos do homem procuraram uma segunda opinião sobre a situação. O médico que o atendeu posteriormente solicitou uma tomografia que, segundo os familiares, indicou fratura no crânio, além de hemorragia cerebral, que poderia acarretar convulsões. Ele foi internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em Canoinhas, onde está atualmente.
CONTRAPONTO
A direção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas – que passou a ser terceirizada a uma organização social em dezembro passado – foi procurada pela reportagem do JMais e perguntada sobre o protocolo utilizado durante o atendimento deste caso em específico. De acordo com as informações repassadas pelo diretor da UPA, Ruan Bueno, pelo fato do paciente estar acordado e não demonstrar sinais de desorientação no momento em que deu entrada na UPA, o protocolo seria o de prestar atendimento e deixá-lo em observação durante o período de 12 horas para avaliar se haveria alguma piora no quadro.
“A tomografia é solicitada quando o paciente não está lúcido, não está orientado, ou em situações de quedas maiores de 3 metros de altura”, afirmou o responsável pela direção da UPA.
Bueno informou ainda que, se o paciente tivesse apresentado piora no quadro, seria cadastrado para ser transferido para a realização de uma tomografia.
Quando perguntado se o fato de o paciente ainda sentir dores na cabeça, além de náuseas que também podem indicar um quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC), após o período de 12 horas, o responsável pela direção da UPA alegou que “dores e enjoos podem estar associados à embriaguez do paciente”.
O filho do homem confirmou que seu pai, de fato, havia consumido bebidas alcoólicas momentos antes do acidente, no entanto, alega também que tais sintomas permaneceram, mesmo após o idoso ter recebido alta e voltado para casa.
O médico neurocirurgião que atendeu de modo particular o homem posteriormente, dr Andrei de Morais, considera estranha a ausência de solicitação de uma tomografia por parte da equipe médica da UPA. “O paciente caiu e bateu a cabeça, desmaiou, sentiu enjoos, vomitou, e a tomografia não foi solicitada”, comentou.
PRESTADORES DE SERVIÇO
Recentemente, uma reportagem publicada pelo JMais apontou algumas dificuldades em relação ao funcionamento de aparelhos no Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC). Na ocasião, a administração do HSCC afirmou que o tomógrafo não está em funcionamento, mas que o Hospital segue trabalhando para arrecadar recursos que auxiliem na despesa relativa aos reparos do equipamento, avaliados em cerca de R$ 160 mil.
O atendimento e solicitações de encaminhamentos a partir da UPA, no entanto, não estão ligados diretamente ao HSCC, que é um prestador de serviços no que diz respeito a execução de exames, quando equipes da UPA julgam necessárias em quadros de pacientes. Esse serviço é prestado no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI), que é administrado pelo HSCC. O CDI faz exames particulares e também via SUS, contudo passa por um momento de dificuldade com o tomógrafo e o aparelho de ressonância magnética estragados.
Quando questionada sobre a relação entre a UPA e o HSCC, a secretária de Saúde de Canoinhas, Francieli Costa Colla, informou que existe “pouca relação” entre os dois órgãos e que “exames de competência de UPA são realizados no próprio serviço”.
A resposta do diretor da UPA diverge neste aspecto. Segundo ele, a UPA não realiza tomografias. “Os pacientes que necessitam de tomografia ou ultrassom, têm o caso discutido com os cirurgiões de sobreaviso e, caso necessário, são encaminhados para avaliação no Hospital”, comentou.
