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Major Vieira teve água da Casan contaminada, diz ONG

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Relatório da ONG Repórter Brasil mostra que substâncias potencialmente cancerígenas foram encontradas na água tratada

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O Dia Mundial da Água não é de boas notícias para pelo menos seis cidades de Santa Catarina, incluindo Major Vieira que, segundo a ONG Repórter Brasil, tiveram água contaminada com produtos químicos ou radioativos entre 2018 e 2020 saindo das torneiras.

Segundo a legislação, existe um limite permitido para a presença desse tipo de substância na água tratada. Isto é, até certo ponto, é admitido que elas estejam no líquido que é destinado ao consumo humano. O problema é que, de acordo com a ONG, muitas cidades têm extrapolado até mesmo essa marca. Além de Major Vieira, Campo Alegre, São Francisco do Sul, Araquari, São João do Itaperiú e Barra Velha estão na lista de 763 cidades do país que tiveram água contaminada fornecida para consumo humano.

Na água fornecida pela Casan a Major Vieira foram encontrados ácidos haloacéticos. Ainda havia um metal pesado chamado cádmio nas análises realizadas entre 2018 e 2020. A exposição prolongada à substância, usada em vários setores da indústria, pode gerar doenças pulmonares graves.

De acordo com a ONG, os dados usados no relatório são resultados de testes feitos pelas próprias empresas ou órgãos de abastecimento dos municípios brasileiros e que foram enviados ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade de Água para Consumo Humano (Sisagua), pertencente ao Ministério da Saúde. Os testes são feitos após o tratamento da água.

O relatório está sendo estudado pelo Ministério Público de Santa Catarina, que analisa qual encaminhamento pode dar ao tema. O Estado foi o terceiro que mais testou a água dos próprios municípios, com mais de 157 mil testes, e o quarto em resultados negativos.

Therezinha Maria Novais de Oliveira, engenheira sanitarista e ambiental e professora da Univille, explicou ao portal ND+ que os resultados não devem causar pânico, mas precisam servir para alertar a população e, principalmente, os órgãos de fiscalização e empresas de saneamento básico. Como as substâncias encontradas variam entre cada cidade, ela explica que isso depende tanto da bacia hidrográfica da qual o rio que abastece o município faz parte quanto da capacidade de tratamento da estação. “Antes de mandar para o abastecimento tem que fazer a desinfecção e, no Brasil, na maior parte dos casos ela é feita com cloro. E se ele encontra matéria orgânica, tem possibilidade de formar esses compostos tóxicos e isso é um problema no tratamento. É preciso fazer um trabalho forte no sentido de trabalhar a qualidade dos rios e melhorar o tratamento para evitar a cloração exagerada”, diz a especialista.


CONTRAPONTO

A Casan, em nota, aponta o que chama de equívocos do estudo. Leia a resposta da estatal na íntegra:

Primeiramente, é importante destacar que o banco de dados do SISAGUA não possui uma validação direta dos dados inseridos, sendo passíveis de alterações. Como os dados são informados manualmente, diante da quantidade de resultados que são gerados, analisados, trabalhados e inseridos no portal, existe a possibilidade de equívocos. Tais equívocos estão sendo identificados e corrigidos, criando uma forma de validação do banco de dados no estado de Santa Catarina. Esse trabalho está sendo realizado em conjunto pela CASAN com a Vigilância Estadual, reforçando a atividade da Companhia junto ao Ministério da Saúde, colocando em destaque o estado como atuante nas contribuições dessa natureza com o Governo Federal.

Atualmente a CASAN executa o plano de monitoramento elaborado dentro dos requisitos da legislação de potabilidade vigente no país. Estes planos são enviados às Vigilâncias Municipais, que têm a autonomia para sugerir alterações adequadas conforme suas necessidades. Esse monitoramento é feito pela CASAN em laboratórios próprios e contratados. São priorizados laboratórios com reconhecimento no INMETRO, o que garante maior segurança na emissão dos resultados. São efetuadas amostragens em pontos distribuídos em regiões com maior circulação de pessoas, postos de saúde, hospitais e em finais de rede. Estas amostras são coletadas, enviadas aos laboratórios para realização dos ensaios e posterior emissão do laudo analítico.

A formação de algumas das substâncias apontadas pode ocorrer pela presença de cloro na água e de matéria orgânica natural dissolvida (ácidos húmicos e fúlvicos), provenientes do carreamento do solo das margens para o leito do rio de captação. Essa matéria orgânica dissolvida é encontrada comumente nos processos de tratamento de águas superficiais, não sendo um caso específico da CASAN, mas enfrentado por todas as companhias de saneamento. Esse material é eliminado na maior parte por meio da etapa de filtração, comum em sistemas de tratamento de água para consumo humano.

Parte do material dissolvido, que não é eliminado, reage com cloro dentro da rede, ocasionando essa formação. Esse processo faz parte da rotina das empresas que trabalham com sistemas de abastecimentos. Como estamos em processo de validação dos dados e identificação dos erros contidos no tratamento dos dados da reportagem, ainda é cedo para identificar as possíveis causas ou o aparecimento de tais resultados. Como há uma distribuição sobre todo o território de Santa Catarina, é necessária a avaliação individual de cada resultado apontado como acima do VMP. Com isso, poderemos atuar precisamente em cada problema, bem como traçar possíveis causas do aparecimento da substância identificada. Destacamos que a CASAN mantém sua responsabilidade em manter a água com segurança microbiológica por meio da aplicação do desinfetante cloro, dentro dos valores estabelecidos na legislação.

As substâncias aparecem de forma sazonal, principalmente em épocas de fortes estiagens como as enfrentadas em Santa Catarina nos últimos 5 anos. Além disso, como os dados apresentados precisam passar por validação, o que estamos realizando, podemos destacar que o aparecimento é pontual, sem uma persistência em questão.

Quando são identificados resultados com valores acima do VMP (Valor Máximo Permitido), a CASAN procura, de maneira rápida, agir com medidas a curto prazo. As primeiras são ações praticadas na rede de distribuição, como as descargas para limpeza das tubulações e troca da água presente em seu interior, por exemplo. Além disso, a equipe técnica a CASAN faz uma avaliação, verificação e investigação no local a partir dos dados obtidos alertando os setores responsáveis sobre medidas operacionais que podem mitigar os problemas, como o uso de carvão ativado no tratamento e correções nas dosagens de cloro utilizadas, por exemplo.

O aparecimento dessas substâncias tem enorme relevância nos trabalhos praticados pela Companhia, pois eles são oportunidades de melhorias operacionais a serem aplicadas pela empresa, orientando ações de investimento e usos de novas tecnologias se necessário. Além disso, Santa Catarina ocupa a 6ª posição em número de cidades por estado no Brasil e a terceira posição em monitoramento da qualidade no país, sendo a CASAN a empresa com maior contribuição e preocupação nesse assunto no estado de Santa Catarina.

Cabe destacar que a grande maioria dos municípios no Brasil não executa a vigilância no controle de qualidade em sua total amplitude e frequência, o que por sua vez deixa o banco de dados do portal do SISAGUA incompleto. Deste modo, as companhias e estados que fazem o monitoramento de maneira constante acabam identificando, o que não ocorre em outros locais, como é possível verificar no número de testes feitos em cada estado apresentado na reportagem.

Os dados contidos no SISAGUA servem como orientação para novas revisões da legislação no estado, auxiliando nas tomadas de decisões na avaliação de risco químico para proposições de legislações mais seguras em todo o Brasil. No entanto, algumas das substâncias são encaradas como possíveis poluidores locais, o que desperta na companhia o interesse maior na indústria local, servindo estes dados como aporte a outros órgãos ambientais para a possibilidade de identificação de atores que agem diretamente na poluição e acabam prejudicando toda uma população.

A orientação que a CASAN sempre leva aos consumidores é para manterem suas caixas de água limpas, o que colabora para uma maior permanência do cloro até a torneira do consumidor, bem como a segurança microbiológica para o consumo. Além disso, orientamos de que, caso o consumidor identifique alguma anormalidade na água, que entre em contato imediato com a CASAN por meio da Ouvidoria, aplicativo ou agência local, detalhando o problema para que os técnicos da Companhia possam investigar o caso e agir o mais breve possível. A ação em conjunta da comunidade com a CASAN auxilia enormemente na execução rápida de ações corretivas e ações de emergência, evitando que um problema se propague.



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