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Lula e Lira, uma relação de duas vias

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Lula deve entender que também não pode dar toda liberdade para Lira

Começo a coluna de hoje utilizando um bordão adotado por Galvão Bueno, porém, pedindo licença para fazer as devidas alterações: “Vai se criando um clima incrível” para o governo Lula em 2023.

Ouso dizer isso nesta coluna pois os últimos acontecimentos na política federal mostram que o Congresso deve, como sempre, caminhar em conjunto aquilo que não os façam perder espaço e dinheiro.

Antes de tudo precisamos entender que a Câmara dos Deputados atualmente é comandada por Arthur Lira. Das terras de Alagoas, filiado ao Progressistas, o deputado federal atualmente está sentado não à direita de ‘Deus Pai’, mas sim em cima de muitos dos assuntos de maior potência na política brasileira. Se no Paraná, no século XX existia o governo eleito e o de Aníbal Khury, podemos dizer que atualmente existe o governo federal e o de Arthur Lira.

É dele e a partir dele que tudo caminha dentro da casa de leis, e é com ele que o Centrão, aquele bloco político que domina boa parte da política federal, irá caminhar a partir de janeiro de 2023.

Nos últimos dias observamos Lira em duas situações bem específicas: a primeira foi o encontro na sua residência com o presidente eleito, Lula. Desse momento em diante, as conversas de que os partidos do Centrão devem caminhar junto com Lula no próximo mandato começaram a circular junto com as de que o petista apoiaria a candidatura de Lira a reeleição.

Ao fazer isso, Lula estaria com a faca e o queijo na mão, afinal teria grande maioria do Congresso a seu dispor, o que lhe traria governabilidade e ganharia ainda a assinatura de Lira nos seus projetos.

Claro que ao fazer isso Lula deve entender que também não pode dar toda liberdade para Lira, afinal num passado bem próximo, Cunha foi de braço direito a algoz de Dilma dentro da Câmara dos Deputados. A partir de janeiro de 2023, tudo deverá ser trabalhado das melhores formas possíveis.

Agora, uma situação já mostra que o deputado deve sim trabalhar em conjunto no meio político do novo governo. Ao negar a instalação de uma CPI, apresentada pelo deputado gaúcho, Marcelo Van Hattem, para, segundo ele investigar possíveis abusos provenientes do STF e do TSE, deixando claro que o parlamentar empurre a ideia para 2023, Lira joga novamente dentro do time de Lula.

Muitos devem estar pensando que eu esteja afirmando que Lira e Lula serão melhores amigos a partir de agora. Ai está o engano, os dois são primeiramente políticos, entendem os meandros e não estão ali apenas para brincar de casinha.

De um lado Lula entende que precisa ter uma grande base dentro do Congresso, porque senão, perde a sua governabilidade, e isso não é de bom tom tanto para ele como para o País. Isso ocorre principalmente nesse momento de transição, quando o governo Lula 3º tende a gastar mais para que projetos sociais e propostas de campanha possam ser cumpridas de início.

Agora, do lado de Lira, algumas situações levam a entender a aproximação entre os dois. O deputado, diferente de outros, respeita o jogo democrático e entende que a partir de 2023 terá na sua vizinhança, na Praça dos Três Poderes, a presença de um político que já governou o País durante oito anos, e não apenas passou os últimos tempos fazendo joguinho.

É claro que Lira tem pretensões políticas maiores e mais ambiciosas, isso é inegável. Para ele bater de frente com Lula nesse momento seria um erro gigantesco, a começar pela atual situação social e econômica do Brasil. Tem horas que é melhor você trabalhar em conjunto e colher os frutos mais tarde, do que largar o barco a deriva e acabar por afundar junto.

No inicio dessa coluna eu fiz uma citação à política paranaense, que alguns devem desconhecer. Durante muitos anos o Estado teve no comando da Assembleia Legislativa, Aníbal Khury, político que nasceu na cidade de Porto União.

O portuniense ganhou tamanho corpo dentro da Alep que conseguiu criar para si um governo paralelo ao eleito e que se encontrava no Palácio Iguaçu. Sendo assim, muitas das negociações envolvendo a economia e a política passavam primeiro pelo café da manhã da casa dos Khury para depois chegar ao governo estadual.

Pela cadeira de governador do Paraná, passaram alguns nomes que tentaram de tudo, mas perderam a governabilidade para o deputado. Lula, pelo menos até agora, não pretende repetir o erro visto num passado não tão longe aqui no vizinho Estado. Então até o dia 1º de janeiro de 2023, não se assuste se na base do governo encontrarem-se partidos políticos que até alguns dias atrás passavam longe do PT.