Foi o ano de se despedir, também, de um dos últimos alfaiates da cidade
O ano de 2024 foi pródigo em nos deixar tristes com a despedida a figuras históricas que, cada um no seu setor, fizeram a diferença na cidade de Canoinhas. A seguir, as perdas mais notáveis de 2024:
TONY GOES

Em fevereiro, vítima de um câncer no intestino contra o qual lutava desde 2021, morreu o colunista do JMais, Tony Goes, um dos mais respeitados críticos de TV do país.
Goes tinha 63 anos e deixou o marido, amigos e demais familiares. Seu corpo foi sepultado em São Paulo, onde morava. Tony nasceu em 1960 no Rio de Janeiro, mas foi criado em São Paulo. No estado, ele se formou publicitário e se especializou na indústria da televisão. Ao longo da carreira na TV, escreveu séries de humor e programas de variedades. Além de colunista e roteirista, ele atuava também como publicitário e mantinha uma coluna sobre televisão na Folha de S. Paulo.
ORLANDO KRAUTLER

Em março, Orlando Krautler, ex-prefeito de Canoinhas, morreu aos 67 anos. Ele estava internado no Hospital São Vicente, em Mafra.
Krautler lutou contra um câncer no intestino por muitos anos e, recentemente, passou por uma cirurgia bastante delicada. Na ocasião de sua morte, ele estava há dias internado em Mafra. A cirurgia apresentou complicações, e foi necessária uma nova cirurgia de emergência, mas Krautler acabou não resistindo, vindo a falecer. Ele deixou a esposa Margareth, os filhos Felipe, Larissa e Maria Isabel, um neto e demais familiares e amigos.
MARLI BURGARDT

Também em março, foi encontrada morta, dentro de sua casa, no distrito do Campo d’Água Verde, em Canoinhas, Marli Burgardt, aos 81 anos. Marli militou por décadas na imprensa canoinhense como uma das fundadoras do jornal O Melhor, posteriormente chamado de Ótimo.
Com fama de ser uma das mulheres mais bonitas de Canoinhas na juventude, Marli ganhou vários títulos que enalteciam sua beleza. Com voz inconfundível, brilhou no Coral da Igreja Luterana. Casou-se com o empresário Fábio Nabor Fuck, um dos herdeiros da Empresa Fuck S.A. Com Fábio, teve dois filhos – Fabiano e Marilisa, que lhe dariam três netos. Ao separar-se de Fábio, teve um relacionamento com Mauricio Nascimento, radialista que fundou, junto com ela, o jornal O Melhor. Ao contrário do que muitos pensavam, contudo, Marli nunca foi casada com Maurício. Tanto Fabio quanto Maurício faleceram há mais de 10 anos.
Apesar de militar na imprensa boa parte de sua vida, Marli começou suas atividades profissionais como professora. Em 2012, ao vender o jornal ao empresário Angelo Schulka que o editou até recentemente, Marli decidiu curtir a vida e passou a fazer parte de grupos de terceira idade e a viajar como turista.
PAULO OSSOVSKI

Em julho, morreu um dos mais tradicionais despachantes de Canoinhas. Paulo Ossovski perdeu a luta para um câncer aos 72 anos.
Paulo Antônio Osswski nasceu em 18 de maio de 1952, na cidade de Bandeirantes, norte do Paraná, primeiro filho do casal Pedro Ossowski e de Julieta Pereira Ossowski. Não se adaptando ao clima muito quente de Bandeirantes, eles fixaram residência em Canoinhas.
Paulo iniciou sua vida escolar no Colégio Sagrado Coração de Jesus, mas sua paixão era jogar bola. Sua posição em campo era de goleiro. Como seu pai era apaixonado pelo Botafogo, nasceu aí seu grande amor pelo time da estrela solitária.
Paulo jogou pelo Botafogo, de Canoinhas. No auge do futebol canoinhense, havia grande rivalidade com a equipe do São Bernardo. Grandes partidas clássicas lotavam o estádio Ditão, de Canoinhas, e o estádio de Marcílio Dias.
Sua vida profissional teve início no Escritório de Contabilidade de Acácio Pereira, mais tarde na Firma Dambroski, carreira que o levou a abrir seu próprio escritório, o Despachante América.
GASTON MÁRIO CAZAMAJOU BOJARSKI

Também em julho, morreu o ex-presidente da Fundação Universidade do Contestado – UNC Canoinhas, professor Gaston Mário Cazamajou Bojarski. Além de reitor da UNC nos anos 1990, seu cargo mais importante foi o de presidente do sistema Acafe, que congrega todas as universidades comunitárias do estado. Trabalhou por mais de 28 anos na Universidade do Contestado e nos últimos anos passou pela Fameplan.
Ele foi velado no Centro de Velórios Mão Amiga e sepultado no Cemitério Municipal de Canoinhas, deixando enlutados duas filhas, dois genros, quatro netos e demais familiares.
VITÓRIO MAIEVSKI

Em novembro, Vitório Maievski, um dos últimos alfaiates de Canoinhas, morreu aos 85 anos, vítima de um infarto.
Vitor, como era conhecido, teve sua trajetória entrelaçada pela própria história de Canoinhas. Sua famosa Alfaiataria Gaúcha foi fundada em 1965, com uma histórica presença ilustre de Teixeirinha e Meri Terezinha, dois dos maiores sucessos da música à época.
Em 2021, como segundo comércio mais antigo de Canoinhas, a Alfaiataria Gaúcha fecharia suas portas (a Livraria Zaguini, o mais antigo, fecharia pouco depois).
ROBERTO EDY

Um dos mais memoráveis locutores de rádio da história de Canoinhas, Roberto Edy, morreu também em novembro. Há décadas trabalhando na Rádio Clube de Canoinhas, Roberto Edy Rujanowski, carinhosamente conhecido como Robertinho, tinha 74 anos e trabalhava em rádio há mais de 60 anos. Ele lutava contra problemas de saúde há anos.
Em 2005, Edy concedeu uma entrevista para falar sobre sua trajetória ao jornal Correio do Norte. Leia abaixo um trecho do texto:
Se considerarmos que desde criança, Roberto sonhava com os microfones do rádio, a afirmação é mais do que sincera. “Fiz de tudo um pouco no rádio”.
Quando deixou sua terra natal, Caçador, com apenas um ano de idade, os seus pais, Apolinário e Jandira, o levaram para Curitibanos. “A empresa em que meu pai trabalhava o havia transferido para lá”, explica Roberto.
Religioso até a medula, Apolinário queria que o filho fosse educado em um colégio administrado por religiosos. Como em Curitibanos não havia nada parecido, Apolinário mandou a mulher e o filho para Canoinhas. Foi então que aos oito anos, Roberto ingressou no Colégio Sagrado Coração de Jesus, administrado por freiras. A ideia do pai de tornar o filho padre, no entanto, foi frustrada. Roberto era um dos alunos mais levados da famosa irmã Epifânia. “Quando eu aprontava, ela me batia com uma régua grossa nas mãos”, recorda entre risos. Irmã Leocádia, diretora do Colégio, cansou de receber Roberto em sua sala. “Ela gostava de mim, quando entrava em sua sala ela me falava tão docemente – o que foi dessa vez Roberto?”, conta com a certeza de que teve uma infância feliz e inesquecível.
Com apenas 13 anos de idade, Roberto precisava conciliar estudo e trabalho. E se era preciso trabalhar, porque não trabalhar no que se gosta?
Foi com essa ideia na cabeça que Roberto criou coragem e pediu a Irineu Gonzaga, então diretor da rádio Canoinhas, uma oportunidade. A chance veio, não exatamente como Roberto queria, mas já era um bom começo – operador de som. “Como eu era pequeno ainda, tinha que colocar jornais em cima de uma cadeira de palha para poder alcançar a mesa de som”. Foi daí que surgiu o apelido Robertinho.