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Erva-mate:  ouro verde do planalto norte

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A erva-mate segue agradando paladares, mantida pela cultura e qualidade da erva colhida na região

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Nora Leon Rodriguez*

Francis Mara Schiessl**

Solange Sprandel da Silva***

Dr. Cesar Augustus Winck****

A erva-mate, cujo nome científico é “Ilex Paraguariensis”, (classificada em 1820 pelo botânico francês Saint-Hilaire), é uma planta originária da região subtropical da América do Sul. Árvore de porte médio, com caules finos de cor cinza, folhas no formato oval e cor verde, e frutos de tamanho pequeno, nas cores verde e com tonalidade de roxo em sua fase mais madura, não se mostra tão imponente em meio à natureza quanto se mostra importante para uma região.

Consumida pelos índios mesmo antes da colonização pelos portugueses e espanhóis, essa planta com características medicinais logo despertou o interesse econômico dos colonizadores. A utilização da erva-mate pelos brancos, remetem ao início do século XVI, às margens do Rio Paraná, sendo que inicialmente a utilização era basicamente como bebida. Com o tempo, a planta ganhou significado econômico com sua exploração, primeiro pelos espanhóis e portugueses, depois pelos jesuítas que logo adquiriram o hábito de beber o mate. Depois, os chamados euro-colonos estruturaram a exploração da erva mate, quando a mesma adquiriu valor comercial, passando a ser considerada importante matéria prima para a região e norte catarinense e sul paranaense.

 A erva-mate a partir de 1860 se destaca como primeiro importante ciclo econômico na região do Contestado destacando as atividades exportadoras de Santa Catarina, surgindo aí, os primeiros coronéis ervateiros, como eram chamados.

A logística de transporte da erva-mate, no início, era no lombo dos muares e logo após, nos carroções, descendo a Serra Dona Francisca tendo como destino inicial a cidade de Joinville (SC), por onde a folha era enviada através do Porto de São Francisco do Sul, para toda a Europa. Esse ciclo econômico perdurou por vários anos, e como não poderia deixar de ser, influenciou de forma determinante a política e a economia da época.

A crise econômica de 1929, que assolou a economia mundial, motivada pela quebra da bolsa de valores de Nova York, repercutiu na economia local, com reflexos avassaladores para a região ervateira.

De forma inovadora em 1934, é criada a Cooperativa do mate, como estratégia para enfrentar o novo momento que o ciclo da erva vivenciava. Seguidas por outras iniciativas individuais de ervateiros, Canoinhas se destaca no cenário econômico passando a ser conhecida com a “Capital Mundial da Erva-mate”

A erva-mate segue agradando paladares, mantida pela cultura e qualidade da erva colhida na região. Sem perder a tradição do mate e do tererê os empresários do setor inovam e diversificam seus produtos a partir desta importante matéria prima. Mais de uma centena de possibilidades estão no mercado nacional e internacional. Por ser uma das plantas que produz cafeína, a erva-mate junto com chá, café, cacau, cola e guaraná são usadas para produzir bebidas com cafeína. Com essa característica no mercado, podem ser encontrados outros tipos de bebidas que utilizam a erva mate: bebida para atletas (hidroeletrolítica), cerveja com teor alcoólico, champagne de erva-mate (bebida gaseificada à base de erva-mate), chás solúveis em pó (para preparo de sucos e bebidas). 

Na higiene e limpeza a erva mate é utilizada como: shampoo, desodorante, difusor de aromas, espuma de banho, espuma de barbear, gel pôs-barba; loção pós Sol, sabonete líquido e em barra, vela aromática. Na saúde e alimentos a erva-mate pode ser comercializada em cápsulas, extrato fluído de erva-mate. extrato glicólico de erva-mate, extrato líquido de erva-mate, extrato seco de erva-mate

A erva-mate é utilizada como matéria-prima de produtos industrializados na área de alimentos e pode ser encontrada em chocolate (erva mate e chocolate); extrato líquido de erva mate, farimate (farinha de trigo com adição de erva-mate), na indústria dos sorvetes, e até para o tingimento de tecidos.

Mas a maior parte da inovação no uso industrial da erva -mate está relacionada com a indústria cosmética, pelas atribuições científicas de suas ações: antioxidante (previne o envelhecimento), anti-inflamatória, antimicrobiana, cicatrizante adstringente e hidratante. Alguns produtos no mercado que contém na matéria-prima a erva-mate são: creme para o corpo, condicionador de cabelos, creme hidratante corporal, creme hidratante facial, manteiga esfoliante, óleo hidratante de banho, sabonete esfoliante facial, gloss labial. Como exemplo uma conhecida marca de cosméticos brasileira, utilizou a matéria prima industrializada para o público masculino composta por colônia, desodorante para os pés, sabonete vegetal em barra e shampoo, todos os produtos feitos com erva-mate, a partir do seu extrato.

 A multinacional Starbucks, incluiu uma linha de chás e bebidas diversificadas com a erva-mate, nas cerca de 6.200 lojas da Starbucks na Ásia desde o ano 2020. A ideia de Starbucks foi utilizar para as bebidas, a erva mate orgânica. Pesquisas apontam que as novas gerações de jovens no sudeste asiático procuram soluções inovadoras e saudáveis com produtos premium alternativos.   

Produzido pela cervejaria Loscher em Münchsteinach Baviera, Alemanha a bebida Club-Mate, se destaca por ter pouco açúcar e ser baixo em calorias. é feita a partir de erva mate e segundo seu fabricante não contém álcool nem glúten.  Para outros tipos de consumidores, um brasileiro criou em Berlin a Mier, a bebida não pode ser comercialmente qualificada estritamente como cerveja devido à rígida Lei da Pureza da Cerveja da Alemanha, mas também é feita com uma base de malte, lúpulo, água e levedura. Seu cheiro parece uma cerveja, o seu sabor é um pouco mais amargo e o seu corpo, mais forte.

A erva-mate representa tradição, inovação e competitividade no mercado nacional e internacional.

*Nora Leon Rodriguez é mestranda do PMDR

**Francis Mara Schiessl é mestranda do PMDR

***Solange Sprandel da Silva é doutoranda do PDDR

****Dr. Cesar Augustus WincK é professor do Programa Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional da UNC

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