Minissérie da Star+ é baseada em história real
FANATISMO
Pouco disseminada no Brasil, a história do patriarca dos mórmons, fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias, Joseph Smith, é bastante contraditória. A crença de que maridos poderiam ter mais de uma esposa e a revolta contra o sistema de impostos, por exemplo, são o estopim de uma crise na família Lafferty, séculos depois. Eles são os protagonistas de Em Nome do Céu, minissérie da Star+ que mostra a investigação empreendida por um detetive fictício, também mórmon, Pyre (em uma interpretação que mostra toda a maturidade de Andrew Garfield), em busca da verdade sobre um brutal duplo homicídio.
Em 1984, em Utah, nos Estados Unidos, Brenda Lafferty e sua filha foram brutalmente assassinadas. Brenda era casada com um dos irmãos Lafferty que, influenciados pelo pai e frustrados por serem absolutamente medíocres, começaram a usar da religião para justificar suas sandices, entre elas, cometer o brutal crime.
A série é uma adaptação do livro de 2003 Pela Bandeira do Paraíso, de Jon Krakauer. Garfield, contudo, conta que foi além do livro e descobriu coisas que nem Krakauer teve acesso. A informação mostra a obstinação com que o ex-homem aranha abraçou a história. As nuances de sua interpretação, colocando em xeque a própria fé, são sublimes. Ele, inclusive, está indicado ao Emmy deste ano de melhor interpretação em minissérie.
Além de detalhar a vida de Brenda, o devoto mormonismo da família Lafferty e os crescentes problemas dela com a igreja, a obra apresenta muitos antecedentes sobre a formação do mormonismo e da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (conhecida como SUD).
Em tempos tão sombrios, é uma história para entendermos onde o fanatismo extremo pode nos levar. Neste caso, ao inferno absoluto.
