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Eduardo Leite é a terceira via que o Brasil precisa para 2022?

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Revelação de que é homossexual deu visibilidade ao gaúcho

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COLUNA DE DOMINGO O Brasil não precisa nem merece polarizar entre Lula e Jair Bolsonaro em 2022. É falso dizer que se trata da disputa entre extrema direita e extrema esquerda porque nem um nem outro é nada disso. Ambos pensam em seus interesses e isso inclui um rol de questões legítimas, mas muita coisa obscura e imoral.

Os governos de Lula foram de recordes de corrupção – mensalão, petrolão, Lava-Jato e por aí vai. Impossível que isso seja tudo uma armação de Sérgio Moro e Deltan Dalagnol como o Supremo quer nos fazer crer. Mas nunca impôs medidas comunistas. O mais próximo desses ideais que Lula chegou foi ao criar o Bolsa Família, programa que Bolsonaro pretende ampliar depois de entregar o maior programa de distribuição de renda da história do Brasil, no caso, o auxílio emergencial criado para conter os danos econômicos da pandemia.

Em algum momento da campanha Bolsonaro pode até ter tido um insight de plano de governo, mas seja qual for esse insight, não se concretizou. De intelecto precário, paranoico e crente de que de fato é um “mito” como o denominam seus apoiadores mais fora da casinha, Bolsonaro perdeu a mão logo no começo do mandato. Perdeu a chance de aprovar medidas amargas, governou por decretos cuja maioria perdeu validade e hoje sustenta a bocarra gulosa do centrão para ver aprovados seus projetos no Congresso. Já flertou com a corrupção ao ver um aliado bem próximo envolvido em uma compra altamente suspeita de vacinas que, de fato, não se efetivou, o que conta para sua defesa.

Já se disse que Bolsonaro e Lula precisam um do outro para se manter vivo politicamente. Mas isso independe da vontade um do outro. É uma visão prática, política e pragmática dado o que se tem hoje. O próprio eleitor, na sua maioria, tapou o nariz e votou em Bolsonaro em 2018 para se livrar do PT. O inverso é verdadeiro.

Quero crer que o que difere Lula e Bolsonaro e seus respectivos asseclas é a (in)competência em promover desastres. O PT sofisticou a roubalheira. Bolsonaro a farejou e combateu com o instinto de sobrevivência aguçadíssimo, certo de que seria sua morte política se sua participação em algum esquema viesse a público dada a bandeira que seu eleitorado defende. Seu grande problema é que só atrai idiotas e interesseiros, com raras exceções. Duvida? Veja as lives do presidente. Sempre tem um puxa-saco arreganhando os dentes a cada variação da piada do tio do pavê que Bolsonaro solta. Ele acha o máximo despertar o riso jocoso dos seus lambe-botas, mas muitos que riem com ele, ao que parece, tramam os mais antirrepublicanos esquemas por suas costas.

Fiz todos esse preâmbulo para justificar minha tese de que Bolsonaro e Lula são péssimos para o Brasil com suas particulares maneiras de destruir esse país. Diante disso, precisamos de uma terceira via. O Brasil não merece ficar refém destes dois por anos a fio como se não existisse nada melhor.

João Doria ciscou, ciscou, mas não decolou. Ciro Gomes devia se tocar que, se o Brasil quisesse, já o teria eleito há muito tempo. Luiz Henrique Mandetta precisa mostrar mais do que um “eu avisei” pra criticar Bolsonaro por tê-lo expurgado do combate à pandemia.

Olhando o cenário neste momento, mais particularmente nesta semana, desponta o nome de Eduardo Leite. Desde o ano passado o governador do Rio Grande do Sul (RS) se ensaia para lançar pré-candidatura pelo PSDB. Já foi elogiado, inclusive, pelo grande guru do partido, Fernando Henrique Cardoso. Mas nunca esteve tanto na boca do povo quanto nesta semana quando, em entrevista a Pedro Bial, na TV Globo, assumiu sua homossexualidade, tema que, inevitavelmente viraria escândalo durante uma possível campanha a Presidência não tivesse sido admitida um ano antes, com todas as letras, por ele mesmo.

A candidatura a Presidência de um governador assumidamente gay é simbólico no país que mais mata gays, lésbicas, transsexuais e travestis no mundo. Um país onde muita gente faz declarações homofóbicas sem cerimônia, mas não é por aí que se tem de analisar Leite como candidato.

Foi confiando em rótulos – vide o mito e o metalúrgico que venceu na vida – que chegamos onde chegamos. Não vai ser o gay simpático que vai nos garantir sair do buraco onde estamos. Vencida essa questão, passa para a página seguinte, que realmente interessa: ele tem capacidade de gestão?

No final de 2020 Leite conseguiu, enfim, a tal “reorganização do fluxo de caixa”, uma de suas promessas de campanha como governador do RS. Em novembro, ele pagou os salários dos servidores do Executivo em dia depois de quase cinco anos de atrasos sucessivos. Em dezembro, a situação se repetiu, embora o 13º salário de 2020 tenha ficado para trás. Tudo veio como reflexo de reformas importantes elaboradas no ano anterior. A dívida do caixa único, um dos símbolos de passivos acumulados ao longo do tempo pelos déficits do Estado, foi reduzida em quase R$ 1,8 bilhão em dois anos. Os pagamentos de fornecedores, que chegaram a ter dois meses de atraso, foram regularizados no final de 2020, incluindo os hospitais e os municípios, com o pagamento de dívidas herdadas do governo anterior.

Uma reportagem do jornal Zero Hora, o mais importante do RS, com o título “Como o governo Leite conseguiu colocar as contas em dia depois de dois anos” mostra ponto a ponto como o governador conseguiu organizar o fluxo de caixa.

Leite, como ele mesmo disse, é um governador que por acaso é gay, e não o contrário. Isso é uma particularidade de sua intimidade que só interessa a ele e a quem ele devota seu amor. Se ele de fato se confirmar como candidato a Presidência é na qualidade enquanto gestor que devemos focar. Os dados que se tem de pronto são bastante positivos.

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