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Comarca de Canoinhas tem mais de 350 medidas protetivas ativas contra homens agressores de mulheres

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Em Santa Catarina foram registrados 46 feminicídios neste ano; um deles em Canoinhas

Nesta segunda-feira, 25, foi celebrado o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Os dados mais recentes divulgados pela equipe da Rede Catarina de Proteção à Mulher do 3º Batalhão de Polícia Militar apontam que, atualmente, são 359 medidas protetivas ativas de mulheres contra seus agressores na Comarca de Canoinhas.

Deste total, 214 medidas foram registradas por mulheres com residência no próprio município de Canoinhas. Na sequência, o município de Três Barras, com 112 medidas protetivas ativas no momento.

Major Vieira, conforme as informações oficiais, possui 25 medidas protetivas de mulheres contra seus agressores. Bela Vista do Toldo possui oito medidas protetivas ativas.

Em todo o território catarinense, segundo números do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) divulgados pelo Observatório da Violência contra a Mulher, o número de medidas protetivas registradas entre janeiro e outubro de 2024 chega a 25.465.



FEMINICÍDIO

Neste mesmo período, entre janeiro e outubro de 2024, Santa Catarina registrou 46 casos de feminicídio. O número equivale a uma mulher assassinada a cada 6,6 dias, conforme os dados também divulgados pelo Observatório de Violência contra a Mulher em Santa Catarina.

Março foi o mês com o maior número de mortes, 10 no total, enquanto agosto e abril tiveram a menor quantidade, três cada um. Em Canoinhas, no mês de maio, um homem foi preso por equipes da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Canoinhas, acusado de ter matado a própria esposa, dentro de casa.

O crime teria acontecido entre os dias 13 e 14 de maio, quando uma mulher foi atendida por equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), após ter sido encontrada caída no chão de sua casa, com um ferimento contundente na cabeça, que ocasionou afundamento de crânio.

A vítima chegou a ser transferida ao Hospital São Vicente de Paulo, em Mafra, devido à gravidade de seu estado de saúde. Ela foi atendida por equipes especializadas e ficou em observação, mas morreu na tarde do dia 21 de maio.

Os policiais militares que atenderam à ocorrência conversaram com o companheiro da mulher, que alegou que teria saído de casa pela manhã e, quando retornou, a encontrou caída no chão, inconsciente.

Por não haver indícios suficientes para conduzir o homem à Delegacia, de acordo com informações da Polícia Militar, ele foi ouvido e liberado ainda no Pronto Atendimento.

A mãe da vítima também foi ouvida pelos policiais. Ela alegou que brigas e agressões são constantes por parte do homem em relação a sua filha. Há, inclusive, o registro de uma medida protetiva da moça contra o homem, que teria sido retirada em novembro de 2023.

O mandado cumprido pela equipe da DIC tinha justamente o companheiro da mulher como alvo. Ele foi preso temporariamente e encaminhado ao presídio de Canoinhas, onde permanece à disposição da Justiça.



TENTATIVA

Jayne Thalia Julinski, 26 anos, foi esfaqueada no pescoço e em outras três partes do corpo pelo ex-companheiro, Cilomar Santos, 29 anos, no mercado Alfa, local no qual a moça trabalha, no centro de Bela Vista do Toldo. Ela foi socorrida pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) e foi levada em estado grave para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas.

Segundo o Samu, quando os socorristas chegaram no local, a vítima estava sentada sendo amparada por colegas de trabalho que utilizaram uma blusa para conter a hemorragia. A equipe deu prioridade no embarque da vítima e realizando os protocolos de contenção hemorrágica, priorizando o transporte até a UPA de Canoinhas. Antes de chegar na UPA, Jayne entrou em parada cardiorrespiratória, processo que foi revertido na Unidade.

Depois de quase um mês internada, Jayne se recuperou e deixou o hospital. Cilomar se apresentou com seu advogado na Delegacia de Bela Vista do Toldo somente sete dias depois do crime. Como havia mandado de prisão preventiva expedido contra ele, Cilomar foi imediatamente encaminhado para o Presídio Regional de Canoinhas.

Uma das pessoas que auxiliou Jayne logo após o brutal ataque de seu ex-companheiro foi Celine Adur, ela concedeu entrevista ao JMais sobre o caso e sobre a preocupação que também tem em relação aos crescentes casos de violência contra a mulher na região. Assista abaixo:



CONDENADOS

Bruno César Barbosa, de 26 anos, foi condenado a 21 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado pelo crime de feminicídio, com recurso que dificultou a defesa da vítima, por ter assassinado a facadas sua então companheira, a farmacêutica Daiane Vogt, de 43 anos. O crime aconteceu em setembro de 2023 no distrito do Campo d’Água Verde, em Canoinhas.

Todos os pedidos do Ministério Público foram acatados. Barbosa ainda recebeu condenação de mais seis meses por ter alterado a cena do crime. No entanto, a pena foi reduzida devido à confissão do reú, que admitiu que matou Daiane. Durante o julgamento, ele não chegou a relatar como foi a dinâmica do crime, mas fez a confissão parcial, que reduziu a pena.

Daiane foi assassinada a facadas na madrugada do dia 4 de setembro de 2023, em uma casa na rua Paulo Wiese, próximo ao Supermercado Via Atacadista, no distrito do Campo d’Água Verde, onde ela morava há pelo menos um ano com o namorado.

Daiane e o acusado de sua morte / Divulgação

Miguel Arcanjo Fiel Braga, de 26 anos, foi condenado a 36 anos de prisão pelo assassinato de Leila Ribeiro Domingues Maciel em novembro do ano passado no bairro Cristo Rei, em Canoinhas. À época, ele fugiu em seguida usando um Fiat Palio que pertenceria a Leila. Isso mesmo sendo cadeirante. Em Porto União, ele bateu o carro e teve de ser hospitalizado. Preso, ele confessou o crime, mas disse que foi em legítima defesa.

O conselho de sentença, formado 100% por mulheres, aceitou integralmente a acusação e decidiu pela condenação. Logo em seguida ele foi encaminhado para o Presídio Regional de Canoinhas, onde já estava desde que foi preso no final do ano passado.

O juiz que presidiu o júri, dr Eduardo Veiga Vidal, concedeu entrevista ao JMais logo na sequência e, falando de modo geral, lamentou o alto índice de casos de violência contra a mulher na comarca. “Temos um número muito alto e triste sobre casos de abuso sexual infantil e de violência contra a mulher. Isso me preocupa e me incomoda. Deve haver uma mudança de postura da sociedade para com o público feminino”, disse.

O advogado de acusação, Charles de Brito, disse que “a família da vítima, hoje, tirou o peso da morte prematura. A sentença não trará Leila de volta, mas dá forças para continuar a vida, em especial aos cuidados do filho deixado pela mãe. Justiça feita, com coragem e segurança.”