Nacho tem ritmo envolvente, mas se torna repetitiva
Que destino teria um rapaz filho de um ex-milionário que caiu na desgraça da falência? Um menino que cresceu a pão-de-ló, mas que de repente vê seu mundo de luxo indo por água abaixo? Oras, se tornar um ator pornô. É isso o que acontece com Nacho Vidal (Martiño Rivas), personagem real que impressionou a indústria pornográfica com seu dote bastante generoso.
A série da Lionsgate+ tem um primeiro episódio promissor. Sai aquela biografia que a gente já conhece o início, meio e fim e entra, em um ritmo frenético de edição, uma narrativa alucinante, que prende pelos absurdos da vida louca que o ator espanhol levou antes de descobrir seu verdadeiro talento. Um legítimo porra louca que faz o que lhe vem a cabeça.
A responsabilidade, contudo, o chama quando o pai cai de cama e a mãe precisa sustentar a família. É quando Nacho conhece Sara Bernat (María de Nati), stripper que trabalha em um clube, onde Nacho vai parar como cliente e acaba se tornando o prato principal das noitadas nada comportadas. A revelação de seu dote faz com que todos o reverenciem. Porém, logo descobriremos, não só um belo órgão mantém uma carreira pornô.
Mesmo que de modo superficial, a série aborda os dissabores de uma profissão bastante descriminada e ingrata, cheia de violações a integridade dos atores.
Não encontrei nada que falasse sobre até onde foi a interferência do verdadeiro Nacho na história, mas percebe-se uma visão bastante condescendente de alguém que, sabe-se, teve vários problemas com a Justiça (a maioria deles ficaria para uma segunda temporada).
Nacho, como escrevi, começa como algo diferente, derrapa para o mais do mesmo, mas ao fim tem como grande trunfo falar sinceramente, e sem pudores, de uma indústria que movimenta bilhões de dólares, cujos bastidores têm potencial para render muito conteúdo e que tem em Nacho um ótimo exemplo disso.
