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A razão do fim de ano

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A vida é mais do que estarmos certos em nossas opiniões e argumentos

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Dr. Leandro Rocha

Dra. Izadora Andrade

Fim de ano e as pessoas sentem o cansaço das escolhas que fizeram no decorrer dos meses, projetam esperanças, promessas, dietas e uma série de significados e apostas para o ano que se inicia. Fazemos desses momentos oportunidades de reflexões? De consumismo nas lojas? De orações? De saudosismo?

As coisas, as situações, as datas, os cheiros, possuem um significado na mente das pessoas a partir das experiências de cada um. Não estamos no mesmo sapato do outro para podermos de fato compreendermos os sentidos de existência que cada um dá para si e para esses momentos. E nem precisamos. É civilizador ao menos levarmos isso em consideração, e não tentarmos simplesmente impor nosso modo de sentir o fim de ano.

E esses significados, mesmo em uma mesma pessoa, se alteram no decorrer de uma vida. O que em um primeiro momento pode ser muito importante, começa a ser relativizado em dada fase da vida, e pode retornar com novos sentidos em uma caminhada mais robusta.

Seja a festa do comércio que remete ao lucro, mas também a uma alegria de quem recebe um mimo; seja a festa religiosa de lembrar que nasceu Jesus e que há um céu e salvação; seja a nossa fixação pelas luzes que pode remeter aos piscas-piscas que ajudávamos a colocar quando éramos crianças ou que saíamos com a família para ver na praça; seja o cheiro de doce assando por todo lado que lembra das bolachas de natal caseiras que uma mãe ou avó faziam quando éramos pequenos; seja a esperança do momento das promessas de vida diferente a partir do primeiro de janeiro, seja o que for, cada um dá sentidos a essas experiências, que são importantes de diferentes modos e com diferentes intensidades, remetendo a momentos de nossa vida que talvez nem consigamos compreender.

A vida é mais do que estarmos certos em nossas opiniões e argumentos, a vida é breve, e se desfaz por todos os lados a todo instante! Não precisamos mostrar os argumentos para o festeiro rezar, nem para o religioso comprar presentes, nem para o consumidor compulsivo refletir, nem para o reflexivo festejar! Não precisamos apontar as estatísticas em se ganhar na mega da virada, nem lembrar que algumas das promessas de ano novo não duram, nem até o fim de janeiro. Que as pessoas possam dar o significado para as suas vidas que mais lhes agradar, mantendo as premissas básicas de uma vida organizada em sociedade.

No fim das contas, cada um é que precisa responder por si diante de suas próprias escolhas. Não sabemos quanto tempo temos, nem se há algo depois. Que ao menos estejamos satisfeitos com as escolhas que fazemos e que essas escolhas sejam tomadas com base no que realmente nos faz bem conforme a nossa concepção de vida boa.

A pergunta de Nietzsche permanece atual: caso sua vida fosse se repetir exatamente igual, em seus mínimos detalhes, várias e várias vezes a mesma, você tomaria as mesmas decisões? Cada uma delas? Que cada um tome as suas e possa justificar para si próprio as suas decisões, olhar pra trás ao fim de um ano ou de uma vida e ver que fez de sua própria vida uma obra de arte.

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