Protagonismo de deputadas também chama a atenção
COLUNA DE DOMINGO As eleições do ano que vem em Santa Catarina ainda não tem candidatos definidos, mas uma coisa é certa, Jair Bolsonaro (PL) será o maior eleitor mesmo sendo domiciliado no Rio de Janeiro. Jorginho Mello (PL) está na disputa pela reeleição e é apontado como favorito nas pesquisas, seguido pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD). No entanto, no partido de Jair Bolsonaro, há uma proposta em discussão para que Rodrigues se retire da corrida para o governo e receba apoio do ex-presidente em sua candidatura a uma das duas vagas no Senado. Há ainda uma segunda via, com a possível candidatura do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD).
O PL de Santa Catarina, contudo, tem dois nomes de olho no Senado: Júlia Zanatta e Caroline de Toni, ambas deputadas federais do PL. Elas têm se destacado por suas bandeiras em defesa da armamentista, costumes e uma postura “antifeminista”. Segundo Bolsonaro, Zanatta e de Toni seriam os nomes ideais para compor uma chapa puro-sangue ao Senado. “Aqui em Santa Catarina, se colocar as duas, leva. E o Jorginho ganharia com chapa pura, como em 2022. A única aliança que o povo quer é a que vai retomar o equilíbrio dos Poderes e colocar um freio no STF”, afirmou Júlia Zanatta ao jornal O Globo recentemente.
Entretanto, Jorginho está relutante em abrir mão das duas vagas, pois isso poderia prejudicar sua chance de negociar uma aliança que já considera para 2026, que inclui até o cargo de vice-governador, atualmente ocupada por Marilisa Boehm (PL). O PSD, por sua vez, tem olhado para Zanatta e está investindo em sua filiação. Ela ainda é cobiçada pelo Novo e União Brasil. No entanto, a deputada já deixou claro que não pretende deixar o PL e recusou a oferta.
Caroline de Toni, que foi aluna de Olavo de Carvalho, um dos ícones do bolsonarismo, já presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Por sua vez, Júlia é próxima do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), frequenta clubes de tiro e já se viu em apuros ao ser acionada no Conselho de Ética por uma foto que fez referência a Lula com uma metralhadora. Recentemente, ela criticou Mello por sua aproximação com a “velha guarda” da política catarinense.
Caso o PSD decida se retirar da briga pelo governo e Rodrigues aceite concorrer ao Senado, um interlocutor sugere que a escolha de Caroline de Toni, que é de Chapecó, poderia favorecer o PL a optar por Zanatta, que é de Criciúma, um colégio eleitoral relevante.
O domínio da direita em Santa Catarina é evidente, especialmente após as eleições gerais passadas, quando Bolsonaro obteve 70% dos votos válidos no Estado, contra Lula (PT) no segundo turno. Mello teve um desempenho similar contra o petista Décio Lima que, por sinal, ensaia candidatura ao governo. Em relação ao prefeito de Chapecó, há especulações de que a nova federação entre Progressistas e União Brasil poderia buscar um candidato à direita para enfrentar Mello, com o senador Esperidião Amin (PP) sendo um dos nomes cogitados para a disputa.
Independentemente do que acontecer, aliados acreditam que um acordo com o PSD pode colocar Mello em uma posição confortável para vencer sem necessidade de grandes esforços. A análise do cenário conservador sugere que a esquerda, ao não ter força suficiente para disputar o governo, deve focar em lançar seu candidato mais competitivo ao Senado, que, neste caso, seria Lima, que preside o Sebrae nacional.
Por enquanto, a direção estadual do PSD, liderada pelo secretário da Casa Civil do prefeito de Chapecó, Eron Giordani, mantém que Rodrigues será sim candidato contra Mello. A decisão final, no entanto, depende do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, que já foi abordado por Mello.
A disputa está só começando, mas além do predomínio da direita, situações inusitadas como o protagonismo feminino e a queda de braço para ver quem é mais bolsonarista, entre Mello e Rodrigues, é o que já se vê claramente no momento.