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Se fosse secretário de Educação – parte I: a saúde docente

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Os índices de aprendizagem no País pioraram desde a pandemia

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Walter Marcos Knaesel Birkner*

Pensando na potenciação do desenvolvimento do meu estado federativo, se fosse o secretário de Educação, faria um esforço sistêmico. Além dos desafios crônicos, focaria em alguns objetivos específicos de curto prazo, além de mirar em boas práticas e mais um objetivo de longo prazo. Sei que lançar uma ideia é muito mais fácil que materializá-la, mas, sem ideias, tudo vale e nada leva a lugar algum. É mais ou menos essa a Educação brasileira. Neste primeiro artigo da série sobre Educação, focarei no primeiro objetivo, um problema latente: cuidar da saúde dos educadores.

Ao leitor bem informado desta coluna, é evidente que secretário(a), adjuntos e toda a equipe já têm obrigações por demais e desafios a resolver. Os índices de aprendizagem no País pioraram desde a pandemia. Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a proporção de crianças com dificuldades para ler e escrever dobrou entre 2019 e 2021, saltando de 15,5% para 33,8%. Não é possível que isso não nos chame à atenção. Mais informações aqui.

Quer mais? O ambiente escolar está cada vez mais inóspito aos professores e administradores. No emaranhado normativo de cuidados com os direitos das crianças e adolescentes, professores e gestores esgotam seus estoques de energia anual antes do fim do primeiro semestre. O resto vai de arrastro e dá-lhe atestado médico até o fim do ano. O resultado, sabemos: é menos aprendizado escolar e saúde mental e física docente gravemente afetada. O objetivo final deixa de ser a nobre função de educar e passa a ser a lacônica vontade de se aposentar. 

Então, pra além da montanha de obrigações, desafios e burocracia, incluiria mais esse objetivo vital: cuidar da saúde dos professores e gestores escolares. Naturalmente, isso exige um gasto adicional e convencer uma sociedade egoísta e majoritariamente ignorante disso, sem perder votos, é só o primeiro desafio no interior desse objetivo número um. Chamem os especialistas, a sociedade voluntária e sensata e iniciem um diálogo honesto. Sem isso, os outros objetivos não serão cumpridos senão como maquiagem estatística.

Professores têm altas cargas horárias e correspondentes níveis de estresse, com responsabilidades de planejamento e condições de infraestrutura que desconsideram seus limites físicos e mentais. Somem-se a insegurança, a falta de educação de casa dos alunos, além de intrigas internas, emboscadas, má vontade, baixo nível de ilustração e contrição entre parte do próprio corpo docente e gestor – causas do baixo ambiente civilizatório. Aí vira um campo minado, todo mundo só pensa no weekend e morre de medo da segunda-feira.

Ameaças, falta de respeito, agressões verbais, insubordinação, agressões físicas, ambiente externo à escola marcado por violência e crime, sem contar o medo de ataques terroristas de psicopatas, ante acontecimentos reais, tudo se soma no cérebro e se espalha pelos nervos, músculos e ossos, minando corpo e alma e produzindo baixa autoestima. E o pulso ainda pulsa, mas uma sociedade séria não deveria permiti-lo com a mais nobre das profissões. Contudo, nunca seremos japoneses, então, pra que se dar ao respeito?

E, pra acabar, normalmente falta estrutura à implementação de métodos inovadores. Seja do ponto cívico ou profissional dos alunos: a inovação metodológica, baseada em boa medida na interdisciplinaridade e voltada à uma mentalidade para o desenvolvimento, é absolutamente indispensável aos desafios da sociedade da informação. Ignorar isso e não capacitar os professores pra essa nova era é relegar o país ao passado extrativista e os adolescentes a baixos salários, quando empregos houver. 

Em meio a isso tudo, a frustração só aumenta na medida da correspondência com as cobranças que a sociedade faz. Ora por mais qualidade, ora por resolver questões sociais, terapêuticas, psicológicas, assistenciais, higiênicas, policiais! e, pelo amor de Deus, quanta coisa a mais! E de soslaio, ainda é preciso lidar com pais ignorantes, mal educados, irresponsáveis e, quando menos, insensíveis quanto à importância da participação e do apoio à escola. 

O diálogo e a cooperação sinérgica entre governos, agentes educacionais e econômicos, além de voluntários qualificados são a condição de ouro. Deveriam ser convidados a encontrar alternativas à promoção do bem-estar profissional, do apoio moral e psicológico aos educadores, além dos recursos educacionais e de infraestrutura. A maior parte da sociedade não tem ideia de como o Brasil se distancia dos países avançados, quando deveria estar se encostando neles. 

Somente as nações, regiões e cidades que se dispõem a armazenar organizadamente suas ideias têm possibilidade de uma vida digna. Não adianta que muitos saibam cuidar de suas próprias vidas. É preciso associar os interesses e ligar todas as pontas soltas, no sentido sistêmico de fortalecer cada uma delas e cada vez que potenciam a ajuda mútua, o fator de evolução humana que algumas cidades e nações aprenderam e outras ainda não. E tudo isso pela finalidade republicana do desenvolvimento, começando com um olhar generoso e honesto para a Educação e os educadores.

Pra além do objetivo de cuidar da saúde física e mental dos educadores: foco em formação dos professores, trabalho e civismo aos alunos, interdisciplinaridade, desenvolvimento regional e inteligência artificial (objetivos contemporâneos). Além disso, mirar-se nos bons exemplos e ter um objetivo geral permanente, qual seja, uma mentalidade e uma ação sistêmicas, fórmula das sociedades desenvolvidas. Essa é a sequência temática dos próximos artigos da série sobre Educação para o século XXI.

Sugestão musical: O pulso

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