Obrigada por nos presentear com tantas músicas maravilhosas
Valquiria Guimarães*
A primeira vez que ouvi Rita Lee, fiquei intrigada e instigada. Quem era aquela mulher de olhos claros inquietantes de um verde profundo, cabelos ruivos de fada, com sardas, que se proclamava a ovelha negra da família? Ainda guria, menina mesmo, de uns 8 anos , atentei para a música que tocava e embalava uma tarde fria em Santa Maria.
No meu íntimo, talvez me identificasse com a letra. Afinal, quem não se sentiu um dia a ovelha negra da família, a rebelde, a inquieta, a questionadora?
Rita tocava com sua sensibilidade de mulher transgressora o coração de meninas como eu. Ela era ousada, destemida e apaixonada. Porra louca, mesmo, como bem se definia. E parecia que não tinha medo de nada.
Com “ mania de você” traduziu todo o amor que alimentou com seu cúmplice de uma vida, Roberto de Carvalho. Um amor de outras vidas, com certeza. Um homem extremamente apaixonado e devoto até seus últimos dias! Que esteve sempre ao seu lado, segurando as barras mais difíceis, das drogas e dos vícios. Geralmente, este papel é sempre tão feminino. Que quando percebemos que um homem acolheu a sua mulher até o seu último suspiro, é admirado, tão fora da curva!
Ainda mais no meio artístico, um amor ser tão singelo, verdadeiro e perdurar por mais de 40 anos. É que Rita era diferente em tudo mesmo.
Escrachada, irreverente, eterna. Mania de você é uma das minhas músicas preferidas. Mas o repertório de canções de Rita Lee que fizeram a trilha sonora de minha vida são muitos. Meu Doce Vampiro, Desculpe o Auê, Baila Comigo, Que Flagra, Amor e Sexo, e por aí vaí.
Obrigada por nos presentear com tantas músicas maravilhosas.
Por isso não provoque, é cor de rosa choque retratou todo o seu lado feminino, quando nem se evidenciava o empoderamento das mulheres, Rita Lee já era o poder em pessoa.
Falou de sexo sem ser vulgar e cantou o amor como poucas!
Partiu, mas o legado é eterno.
Baila lá Rita!
*Valquiria Guimarães é jornalista
