Resultado do PIB de 2020 ilustra situação
COLUNA DE DOMINGO Se o Natal é o tempo da renovação, que renove-se a nossa esperança em dias melhores para o Planalto Norte. Sem representatividade política (o eleitor enfiou a região em um buraco na eleição de outubro), a situação só tende a piorar.
A litoralização do Estado é fenômeno antigo e já nos acostumamos, encarando isso como algo natural. Não é.
Claro que os atrativos naturais e a proximidade com a BR-101 favorecem o desenvolvimento do litoral. Mas bem por isso é hora de investir no interior do Estado, com foco principal no Planalto Norte, a região mais deprimida economicamente em Santa Catarina. Jorginho Mello (PL) é o cara que fará isso? A ver.
Tenho gostado do que ouço. Mello não nega suas origens no bolsonarismo, puramente ideológico, mas já emenda suas falas com citações técnicas, que demonstram o conhecimento que Carlos Moisés (Republicanos) não tinha do Estado. Sua experiência como político de longa carreira há de abrir-lhe os olhos. Contudo, não esqueçamos que não fizemos a lição de casa. Ao ajudarmos a eleger candidatos de fora, muitos do litoral, ajudamos a assinar os cheques que serão destinados para estas regiões. Sozinho, sem apoio da Assembleia, Mello não conseguirá mudar a realidade do Planalto Norte.
O PIB municipal, divulgado nesta semana, mostra o tamanho do abismo que a classe política parece ignorar. Entre os 100 maiores municípios industriais do País, quatro são catarinenses: Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul e Chapecó (o único estranho no ninho é o município do oeste, um caso bastante singular). Além disso, Itajaí ficou em 101º. O levantamento foi analisado pelo Observatório Fiesc e apresenta um panorama do ranking de Santa Catarina. E, o mais alarmante, as 10 cidades mais ricas de Santa Catarina concentraram 47% do PIB do Estado. Juntos, os municípios concentram R$ 164,3 bilhões dos R$ 349,2 bilhões do PIB estadual.
“Os dados do PIB dos municípios de Santa Catarina de 2020 vêm comprovando uma tendência de concentração da produção de riquezas do Estado na faixa litorânea, notadamente entre a Grande Florianópolis e o Nordeste Catarinense. A região no entorno de Itajaí é a que mais cresceu e ganhou participação entre os maiores municípios, com crescente densidade econômica e populacional, enquanto outras áreas do Estado seguem perdendo dinamismo e densidade econômica e populacional”, alerta nota do IBGE.
Essa litoralização tende a levar a população interiorana a migrar cada vez com maior intensidade em busca dos “Eldorados” litorâneos, convulsionando ainda mais a economia dessas regiões deprimidas. Mas essa não parece ser uma prioridade da classe política.