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Mais de 33 milhões de brasileiros passam fome

Até o momento da decisão de escrever essa coluna, eu nunca havia pensando que um dia, em pleno século 21, teria que abordar um assunto tão forte e pesado como a fome.

No agora já quase longínquo ano de 2014, o Brasil saía, enfim, do mapa da fome elaborado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU). Porém até chegar a esse ponto, foram muitos anos de trabalho incessante, que tiveram inicio lá em 2002 durante a campanha presidencial.

O então candidato petista, Luís Inácio Lula da Silva, colocava como uma das suas principais metas caso fosse eleito, a erradicação da fome nos 4 anos que estivesse à frente do poder executivo.

A promessa em si demorou mais de uma década para ser cumprida, porém desde que assumiu a presidência, Lula começou um trabalho quase que de formiguinha, para que como ele mesmo afirmava, cada brasileiro tivesse a oportunidade de fazer ao menos as três refeições diárias.

Nesse momento também teve início o programa Fome Zero, que reunia mais de 30 programas complementares que se dedicavam a combater as causas imediatas e subjacentes da fome e da insegurança alimentar. No início do projeto, mais de 44 milhões de brasileiros não tinham acesso a um dos itens mais básicos em qualquer país do mundo, a alimentação.

Os anos se passaram, a conjuntura política brasileira foi sendo alterada, até que chegamos a 2022. Vinte anos depois do início daquele programa que fez com que o Brasil saísse do vergonhoso mapa da fome.

No ano em que novamente o Brasil vai às urnas para escolher aquele que vai governar o País nos próximos 4 anos, mais de 33 milhões de brasileiros, que possuem os mesmos direitos perante a Constituição como eu e você, estão passando fome.

Os números foram divulgados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). Segundo esses dados, que fazem parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, em dois anos 14 milhões de brasileiros entraram na estimativa da fome.

De acordo com a Rede PENSSAN, o País regrediu para um patamar equivalente ao que era observado na década de 1990. A mesma pesquisa ainda mostrou que atualmente 125,2 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar, sendo mais da metade da população (58,7%).

Antes de darmos sequência a nossa coluna eu lhe faço um convite para uma reflexão. Quando na nossa correria do dia a dia, não conseguimos fazer uma refeição, e ficamos com fome, já é um sentimento ruim. Agora, imagina como é para outras pessoas, para 33 milhões de brasileiros, que em 24 horas do dia, não conseguem sentir o gosto de nenhum alimento, simplesmente porque são privados disso.

Muitos podem usar como desculpa, aquela velha história de que é tudo culpa do “fique em casa”. Mas não é. Precisamos entender que a doença covid-19 pode e tem culpa na situação que vivemos, agora as medidas protetoras para que ela não se espalhasse ainda mais, vieram apenas para proteger a vida de todos os brasileiros.

Ao observar esses números eu não posso deixar de lembrar que o ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou que deveríamos dar os restos de comida dos restaurantes para que aqueles que passam fome tivessem algo para comer.

Não podemos deixar de lembrar também que aquele senhor que ocupa a cadeira de presidente da República do Brasil, gastou até março de 2021, mais de R$ 2,5 milhões somente em comida no cartão corporativo para sua residência e a do vice Hamilton Mourão.

E é claro que não poderíamos deixar de fora as compras de leite condensado e carne da mais alta qualidade pelos militares brasileiros e que até não foram explicadas.

Esse é o retrato do Brasil de 2022. De um lado, famílias que em muitos casos são governadas apenas por mães solo, sem ter o que comer, ou não sabendo se amanhã terão o que colocar no prato. Do outro lado um governo que vive para ele mesmo, que não se preocupa se a sua população está vivendo dignamente.

Para Bolsonaro e companhia, grande parte disso é “fake news”, a outra parte eles não podem fazer nada para resolver. Porém as eleições já se avizinham, e a partir do resultado desta é quando saberemos o que esperar do futuro do País.

Encerro essa coluna de hoje com um questionamento feito pela colega Natuza Nery, na Globo News, “Qual o sentimento de democracia para as pessoas que passam fome?”