Saneamento, transporte público e contas públicas deveriam ser prioridades
O festival de promessas por parte dos cinco candidatos a prefeito de Canoinhas mascara, sem exceções, as reais necessidades do Município. Propostas incumpríveis se sobrepõem a questões bem mais prementes e evidentes como o iminente colapso do sistema de transporte público e a enrolação que a Casan faz desde 2015 ao protelar indefinidamente a retomada do sistema de esgotamento sanitário na cidade.
Pensando na Canoinhas real, o JMais elenca abaixo 10 prioridades que deveriam estar em todos os planos de governo, e de fato estão em sua maioria, mas com abordagens superficiais e ações que não mencionam de onde virá o dinheiro para bancá-los. Em geral, os planos são feitos para agradar gregos e troianos, como se dinheiro houvesse para deixar todos os eleitores contentes. O resultado é uma miscelânea de promessas que nem em décadas serão cumpridas:
10. Turismo

Com belas paisagens rurais e uma rota de capelas já existente, é preciso criar infraestrutura e um plano de marketing profissional que atraia visitantes.
Sobre isso, Andrey Watzko (PT) promete criar outra rota turística, do vinho, fazendo um breve comentário sobre incentivar o turismo religioso.
Cleverton Durau (Podemos) apresenta boas ideias como a de incentivar o turismo a partir da história da Guerra do Contestado, porém, ignora a rota das capelas que é a única existente e que funciona no Município.
Juliana Maciel Hoppe (PL) fala em criar novas rotas turísticas e apoiar as já existentes, mas também não menciona especificamente as capelas.
Paulo Basilio (MDB) fala em incentivos ao setor, também não mencionando diretamente o que já existe.
Já Samuel Lubke (PRTB) não cita o tema em seu plano.
9. Secretaria de Obras

Já passou da hora de a Secretaria de Obras sair do Parque de Exposições Ouro Verde, deixando o espaço para o que realmente foi destinado.
Sobre isso, Watzko fala em reestruturar a pasta e realocação da secretaria de obras para local estratégico, com condições dignas de trabalho dos servidores.
Durau fala em realocar a Secretaria de Obras para local adequado, mesma frase usada por Juliana.
Basilio fala em reestruturação da Secretaria de Obras. Lubke não aborda o assunto.
8. Prevenção contra enchentes

Depois da enchente histórica de 2023 falou-se muito em plano de contingência. A Secretaria de Defesa Civil se apressou em atualizar o plano de 2019. Na prática, o que se viu foi a limpeza do Monjolo.
Sobre o tema, Watzko promete execução nos principais canais fluviais, de serviço de drenagem e desassoreamento, prevenindo assim, o alagamento e enchentes.
Durau não cita o tema. Juliana promete dar continuidade nos projetos de limpeza/desassoreamento de rios, arroios e canais urbanos.
Basilio promete um projeto técnico de drenagem dos rios Canoinhas e Água Verde; além da implantação de galerias de contenção de resíduos no Arroio Monjolo.
Lubke promete reparos em bocas de lobo e incrementação de tubos em valas nos bairros da cidade.
7. Mais médicos

Apesar de a atual gestão alardear o aumento de médicos atendendo na Unidade de Pronto Atendimento, na realidade há muitas reclamações de demora no atendimento. O problema começa com a deficiência dos postos de saúde, que descamba em mais pacientes na UPA. O desafio não é fácil e não depende apenas de dinheiro. Como denunciou Basilio, o médico pediatra da UPA é clínico geral (ele omitiu o fato de o profissional ter pós-graduação em pediatria). Em resposta o instituto que atende a UPA deixou claro que a solução foi a única encontrada porque profissionais dessa área são escassos.
Sobre isso, Watzko escreve que vai buscar apoio junto ao Governo Federal, para aumentar o número de médicos pelo “Programa Mais Médicos”, viabilizando maior abrangência do atendimento médico nos Postos de Saúde dos bairros e também do interior.
Durau fala apenas em melhorar o serviço de ambulâncias e pronto-socorro.
Juliana promete garantir a manutenção dos avanços conquistados em nossa gestão na saúde básica e de alta complexidade, como o pediatra na UPA 24H, médicos atendendo todos os dias nos distritos rurais, o Centro de Abastecimento Farmacêutico, a ampliação de médicos nas
unidades básicas de saúde, a cobertura do perímetro urbano e rural
com agentes de saúde, dentre tantas melhorias.
Basilio fala em reavaliar a contratualização da UPA visando melhoria no atendimento e acolhimento, com agilidade e qualidade no serviço prestado.
Lubke cita contratação de profissionais devidamente qualificados.
6. Rede de esgoto

Os últimos metros de canos de esgoto instalados pela Casan em Canoinhas foram colocados em 2015. Desde então, a estatal enrola Canoinhas com promessas de retomada do serviço, ano após ano. Esta postura da empresa exige pulso firme do próximo prefeito a fim de cobrar um contrato assinado em 2012.
Sobre isso, Watzko promete ampliar e aprimorar o saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas.
Durau se limita a dizer que vai expandir a rede de esgoto e tratamento de água.
Juliana não faz referência ao tema.
Basilio é mais certeiro: cobrar da Casan o cumprimento das metas do plano de saneamento básico tanto na implantação/ampliação do sistema de esgotamento sanitário como no fornecimento de água.
Lubke cita somente o termo “saneamento básico”.
5. Concurso público

Com exceção de Lubke, todos os candidatos falam em realizar concurso público, o que não ocorre há mais de dez anos na prefeitura de Canoinhas. Hoje, mais da metade dos professores são admitidos em caráter temporário (ACTs), o que é irregular. Contudo, nenhum dos candidatos explica como vai reduzir os gastos com folha de pagamento (hoje em 47%, o limite é 53%) para acomodar novos contratados.
4. Pagar pisos das categorias

Outra promessa comum aos candidatos. Watzko promete um plano de pagamento dos valores devidos aos professores em decorrência do descumprimento do Piso Nacional. De onde tirar o dinheiro? Não diz.
Durau fala em garantir o pagamento do piso nacional conforme o índice estabelecido. De onde vai tirar o dinheiro? Não diz.
Juliana, que se queimou com professores ao fazer várias promessas que, segundo os profissionais, não cumpriu, (a prefeita garante que paga o piso, os professores negam), não cita piso em seu plano.
Basilio fala em garantir o pagamento do piso de enfermagem aos trabalhadores da área, mas não cita os professores.
Já Lubke fala apenas em valorização dos direitos dos profissionais de ensino e da saúde.
3. Transporte coletivo

Os proprietários do Coletivo Santa Cruz já andavam mal das pernas antes do estouro da Et Pater Filium, que os levou a prisão. O motivo não tinha nada a ver com corrupção. O que ocorre é que no Brasil todo o setor vive uma crise, provocada pelo elevado número de automóveis e motos no trânsito, o que faz reduzir cada vez mais o número de passageiros. No caso do Santa Cruz, o escândalo de corrupção só agrava essa situação e eles pensam em fechar as portas.
O Santa Cruz opera precariamente como coletivo de Canoinhas desde a década de 1970, mas a grande questão ao se abrir uma licitação é: haverá empresa interessada?
Watzko propõe implementação do transporte coletivo urbano por meio de micro-ônibus, interligando com mais agilidade e rapidez, bairros e centro, incentivando através de campanhas educativas, a utilização do transporte público.
Durau quer implantar o acesso gratuito ao transporte coletivo de estudantes de cursos de ensino médio e técnico em instituições públicas. Quem pagará a conta é um mistério.
Juliana ignora o problema em seu plano.
Já Basilio promete bancar transporte gratuito nos sete primeiros dias do mês. Também não revela de onde sairá o dinheiro. De fato, há várias cidades no Brasil cujas prefeituras estão pagando o transporte coletivo como forma de reduzir o número de veículos nas ruas e salvar as empresas do setor.
Lubke fala em aumentar o acesso ao transporte público.
2. Atrair empresas

Um dos candidatos que mais falou na pasta de Desenvolvimento Econômico, historicamente relegada a abrigar aliados políticos que pouco entendem do setor em Canoinhas, Durau propôs colocar a pasta no centro das decisões do Município. É uma proposta adequada dada a necessidade urgente de atrair empresas para o Município.
Sobre o tema, Watzko fala em buscar atrair novas empresas ligadas à área da agroindústria, objetivando agregar valor ao produto local.
Durau promete promover melhor atuação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, garantindo recursos para que o conselho possa desenvolver mais ações aos empreendedores de nosso município.
Juliana fala em melhorar e simplificar o acesso aos fomentos previstos na lei Empresa Mais, que já está em vigor, mas ninguém usou até agora.
Basilio fala em ampliar ações de apoio a expansão de empresas locais, Lei “Empresa Mais” e realizar políticas de incentivo, captação e instalação de novas empresas no município. Ainda fala em implantar o Parque Industrial no terreno da BR-280 (próximo ao trevo de acesso a SC-120, o famoso terreno da Aurora), com a execução de infraestrutura dando condições de empresas se instalarem.
Lubke não aborda o tema.
1. Mais asfaltos

Maior flagelo da cidade segue sendo prioridade desde sempre. Segundo dados do Planejamento, Canoinhas tem 267,8 quilômetros de ruas. Destes, 109 quilômetros estão pavimentados. Já os demais 158 quilômetros são de chão batido. “É um passivo muito grande que Canoinhas tem. Se compararmos com Municípios da região é a cidade que tem o maior passivo em termos de falta de asfalto. Precisamos pensar no que queremos daqui pra frente. Isso nos aborrece, nos entristece”, disse ao apresentar os dados o vereador Wilmar Sudoski.
A resposta pode estar dentro da própria Câmara de Vereadores. Há dois anos eles relutam em colocar em votação um projeto de lei que obriga loteador a asfaltar loteamentos. Isso já é lei em sete das 10 cidades do Planalto Norte.
Sobre o tema, Watzko promete asfalto ou concreto em todas as principais vias de acesso aos distritos do município.
Durau quer fomentar projetos junto ao governo estadual e federal para pavimentações asfálticas.
Juliana quer ampliar o programa Asfalta Canoinhas, criado por ela, para manter o avanço da pavimentação no perímetro urbano e rural. Com os R$ 40 milhões que ela emprestou neste ano, pretende pavimentar 32 pequenos trechos de ruas.
Basilio promete execução de pavimentação em ruas perimetrais nos bairros.
Já Lubke fala em pavimentação de vias urbanas e disponibilização de pedra cascalho em locais de interior.