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Violência contra a mulher se concentra no distrito do Campo d’Água Verde e centro

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Cidade registra pelo menos uma ocorrência por dia envolvendo violência contra a mulher

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A violência contra a mulher atinge mais o distrito do Campo d’Água Verde e o centro de Canoinhas. Por mais óbvio que isso seja, considerando que são as duas regiões mais populosas da cidade, para o autor da monografia “O papel da educação na prevenção da violência contra a mulher no município de Canoinhas”, professor Reginaldo Marques dos Santos, isso revela que a violência doméstica está em todos os estratos da sociedade, já que as áreas mais nobres estão no centro da cidade, enquanto que no Campo d’Água Verde há bolsões de pobreza como a Raia e o Mutirão.

 

 

 

 

 

TOTAL DE OCORRÊNCIAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER POR LOCALIDADE

1º/9/19 A 30/09/20

 

 

 

Pós-graduando em Educação e Diversidade do Câmpus Canoinhas do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Marques defendeu seu trabalho de conclusão de curso no começo do mês e foi aprovado com louvor. O trabalho traça, por meio de dados conseguidos depois de um árduo trabalho, um diagnóstico de quão grave é a problemática da violência contra a mulher no município.

 

 

 

A pesquisa compreende o período de 1º de setembro de 2019 a 30 de setembro de 2020.
Nestes 13 meses foram 524 denúncias envolvendo violência contra a mulher. Conforme o último censo, Canoinhas tem 26.721 habitantes mulheres, ou seja, o número de denúncias atinge 1,9% dessa população. O mês de novembro de 2019 apresentou o maior índice, com 64 denúncias, enquanto maio de 2020, o menor, com 22 denúncias. A média de denúncias do município no período pesquisado foi de 40,3 casos por mês, o que equivale a 1,3 caso por dia.

 

 

 

 

 

TOTAL DE OCORRÊNCIAS CONTRA A MULHER

1º/9/19 A 30/09/20

 

 

 

 

“É importante destacar que muitas mulheres não denunciam os agressores,
seja por medo das reações do parceiro, pelas promessas de mudança, pelos filhos, pelas condições financeiras, culturais, sua localização geográfica, dentre inúmeras outras situações. Neste sentido, os números apresentados representam apenas a parcela de mulheres que acessa a justiça, ou por sentir-se mais segura em fazê-lo, ou por não suportar mais os maus-tratos e o processo de dominação e exploração em que se encontra submersa”, pontua Marques.

 

 

 

 

O não reconhecimento está atrelado a outros problemas graves que desmotivam as denúncias, na visão do pesquisador. “A violência sofrida pela mulher muitas vezes é praticada por familiares, conhecidos, pessoas muito próximas, o que gera subenumeração.
Outro aspecto que contribui para a ausência da denúncia é o vínculo trabalhista.
Muitas mulheres assediadas no ambiente de trabalho sofrem caladas, muitas vezes
por medo de perderem o próprio sustento e dos filhos menores. Aliás, o medo é um
dos principais agentes do patriarcado”, ressalta o autor.

 

 

 

 

 

BAIRROS

Ainda sobre as localidades, Marques ressalta que o Centro constava com público feminino de 2.589 mulheres no Censo Demográfico 2010, ou seja, com 4,3% de denúncias,
em seguida, o bairro Piedade com população de 796 mulheres com 4,2%
considerando as 34 denúncias. Já o Campo d’Água Verde aparece com população
feminina de 5.282 mulheres, equivalente a 3,3%, enquanto o Jardim Esperança com
2.026 mulheres, 2,2% de denúncias proporcionalmente.

 

 

 

 

Dentre os bairros citados, os menores índices são do Alto do Frigorífico e Nossa Senhora das Graças (Vila Fuck) com apenas 1 denúncia cada.

 

 

 

No meio rural a situação não é menos preocupante. As localidades de Rio do Tigre, Salto d’Água Verde e Valinhos apresentam os maiores índices com 6 denúncias cada (34% do total), seguido de Paciência dos Neves com 5, e Rio Pretinho e Erval Bonito com 4 denúncias no período analisado. Os menores índices são de Paula Pereira, Rio d’Areia do Meio, Cerrito, Parado, Fartura de Cima e Salseiro com 1 denúncia cada.

 

 

1º/9/19 A 30/09/20

 

 

 

A zona rural do município denunciou 52 ocorrências de violência contra a mulher, o que equivale à 10% da totalidade de denúncias e 0,81% em relação à população feminina de 6.405 mulheres. “Se é possível pensar em números subjacentes no meio urbano, estes se intensificam no rural. Este fator pode contribuir para um achatamento da realidade dos dados de violência, o que leva ao seu ocultando”, ressalta Marques.

 

 

 

 

SOLTEIRAS SÃO MAIORIA

As solteiras são mais vítimas de violência do que as casadas em Canoinhas. Os dados levantados pelo professor mostram que o número mais alto, 188, foi das vítimas que se declaram solteiras, enquanto 141 das mulheres se declararam casadas. Na sequência, são 79 denúncias de vítimas em união estável, 55 separadas, 23 divorciadas e nove viúvas. Do
total (524), 29 vítimas não informaram o estado civil.

 

 

1º/9/19 A 30/09/20

 

 

 

AMEAÇA PREDOMINA

As ameaças predominam entre as ocorrências registradas. A “ameaça”, descrita no parágrafo 2 do artigo 7º da Lei Maria da Penha como violência psicológica, é uma forma de violência comumente atrelada a outras, tendo como um de seus pilares, o medo, que por sua vez, é um dos principais meios de intimidar as mulheres a não fazer a denúncia.

 

 

 

“Este tipo de violência está presente em praticamente (se não em) todas as
formas de violência sofridas pelas mulheres”, destaca Marques. Nos números canoinhenses a ‘lesão corporal leve’ aparece logo em seguida com 126 denúncias no período.

 

 

 

A violência moral aparece em 63 denúncias de “injúria”, assim como, 21 de “difamação” e outras 7 de “calúnia”.

 

 

 

Analisando as denúncias do município conforme a Lei Maria da Penha, a violência psicológica representa 44,6%, a violência física 29%, a violência moral 17,5%, a patrimonial 3,4% e a sexual 2,2% do total denunciado. Outros 3% referem-se ao descumprimento de medidas protetivas.

 

 

 

“Mesmo que a Lei Maria da Penha ofereça condições de enquadrar tais formas
de violência, é crucial que a sociedade tenha convicção que a resolução de
problemas sociais é responsabilidade de todos(as) e combatê-los é urgente”, conclui Marques.

 

 

 

O professor diz que os dados mostram o quão urgentes se tornam medidas para conscientizar os homens. “Quando se afirma que a violência contra a mulher é um problema social, atenta-se para um fato urgente na sociedade atual, a necessidade de falar com os homens”, destaca.

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