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Sobre a Sessão da Saudade e os 8 anos da ALB Canoinhas

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Três imortais foram homenageados

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Há oito anos surgia em Canoinhas uma Academia de Letras. Fundada em 2 de maio de 2014 teve sua instalação solene no final do mesmo mês em meio ao júbilo e às emoções.

Era a nossa flor de lótus, das cinzas renascida de um tempo em que era apenas um sonho. Era a nossa modesta Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, aglutinadora dos poemas todos estagnados no interior de nosso eu.

Nos dois últimos anos devido ao triste panorama que envolveu assustadoramente o nosso planeta com uma pandemia que ceifou milhões de vidas realizamos as Sessões Solenes em forma virtual.

Finalmente, em 6 de maio passado, tendo por local a Câmara Municipal de nossa cidade comemorou-se não apenas os oito anos de profícuas atividades da ALB – Canoinhas mas realizada foi também uma Sessão da Saudade em memória dos Membros que nesse tempo partiram para as moradas celestiais.

Fotos: Fátima Santos

Após a apresentação de seu estandarte e de todo o cerimonial de abertura do evento os Acadêmicos teceram breves palavras em torno da vida e da obra dos patronos de suas cadeiras.

O escritor e professor Acadêmico Dione Grein da Cruz mostrou-nos, em sua Oração Acadêmica que “A existência nos impõe ciclos, inícios e términos. …  Hoje, esta noite, todos aqui somos resultado dos ciclos de existência dos que vieram antes de nós, dos que estiveram conosco e em nossas almas fizeram morada, contudo, em decorrência das vicissitudes desta vida, partiram. … Sinira Damaso Ribas, Ederson Luiz Matos Mota e Francisco Péricles Pazda… Imortais! Não pelo título que lhes foi merecido em vida, mas porque o pedaço que deles há em cada um de nós, ainda vive. … A Sessão de hoje é de Saudade, mas também de Gratidão! Gratidão porque a nós nos foi dada a construção, a elaboração dos ciclos do amanhã…”

Com letra do Acadêmico Andreas Costenaro e melodia composta pela Acadêmica Maria de Lourdes Brehmer o Coral “Santa Cecília” cantou, em primeira audição pública o “Hino da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas”.

“A Sessão da Saudade uma Cerimônia em que os acadêmicos externam o seu sentir, o seu pensar e o seu pesar sobre o longo percurso dos imortais que tão cedo partiram desta vida. Expressa às famílias enlutadas os sentimentos da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, ao mesmo tempo em que esse sentimento se estende também aos seus colegas e amigos. ”

A impressão era de que todos estavam ao nosso lado, em suas cadeiras, com aquele olhar brilhante, a disseminar poemas e luz.

Emoções perder-se-iam pelas quatro paredes de nossas casas se os Membros Imortais que nos deixaram tivessem sido homenageados naquelas mornas e abstratas Sessões Solenes Virtuais.

Elas jamais teriam a magnitude por eles merecida. Merecida pelas obras que nos deixaram, merecida pelos exemplos que nos deixaram, merecida pela luz que entre nós disseminaram.

Ali, naquela hora, tínhamos a certeza de que sua aura nos iluminava e de que entre nós seus eflúvios se encontravam.

Ali, naquela noite, naquela hora, diante do mesmo público que tantas vezes os ouviu e os viu foram prestadas as homenagens.

O Acadêmico Pedro Penteado do Prado discorreu sobre a vida e a obra de Ederson Luiz Matos Mota. Acentuou que ambos conviveram em uníssono pela batalha da educação.

“O Professor Ederson foi um baluarte da língua portuguesa como poucos o foram! … por um número incontável de vezes atuou em programas nas rádios locais, com programas comandados por ele ou como coadjuvante. Seu vozeirão potente, harmonioso e cativante atraía o público ouvinte, distribuindo pérolas de sabedoria em programas líderes de audiência. ”

“Tornou-se o Professor mais procurado pelos acadêmicos da Universidade para a orientação de Trabalhos de Conclusão de Cursos, em todas as áreas de ensino. Quem queria apresentar o melhor trabalho, ia em busca da ajuda do Professor Ederson! ”

“Por volta de 2009 pedi ao meu amigo Ederson para ler meu romance Mácula e escrever sobre ele na contracapa do livro. Suas palavras engrandeceram meu trabalho de uma forma fenomenal. Ele sempre foi um mestre com as palavras. ”

“ Em meados da segunda década de 2000, ele lançou seu livro “Olhos Flamejantes”, escrevendo contos e crônicas sobre a terra onde nasceu. Ederson Luiz de Matos Mota foi umas das pessoas que eu tenha conhecido, que mais leu no decorrer de sua vida! E é sabido que as pessoas que mais leem, melhor dominam a língua pátria. E os escritos de Ederson Mota, assim como os trabalhos, centenas e centenas que ele orientou aos acadêmicos de nossa região, comprovam a centelha de sabedoria que ele sempre buscou espalhar pela região do Contestado. ”

A Acadêmica Rosane Godoi ao homenagear a Imortal Sinira Damaso Ribas teceu fatos importantes de sua participação na educação e na literatura.

“Nossa sessão de hoje é de celebração, mas também de saudades. Saudades do abraço caloroso, do aconchego da companhia dos confrades e confreiras por incontáveis horas ao redor de uma mesa farta e muitas histórias. Saudades dos nobres confrades Ederson Mota e Francisco Péricles Pazda e da confreira Sinira Damaso Ribas, ceifados tão precocemente do nosso convívio. É com o coração inundado de sentimento que nos encontramos hoje aqui. Ah, quem dera estes imortais fossem também imorríveis.”

“A partir daí uma linda história se desenrolou. Sinira mostrou-se dinâmica, atuante, inteligente, produtiva. Uma acadêmica que dignificou a cadeira que ocupou, sendo uma das presenças mais constantes na maioria dos eventos da Academia. Quanta consciência e discernimento tinha nossa confreira Sinira sobre o que é ter o privilégio de participar, de ser membro, ao invés de estar membro de uma Academia de Letras. ” 

“Sinira era benevolente com o conhecimento que detinha, não guardava para si, dividia sem mais nem porquê. Sinira era inquieta, estava sempre às voltas com algum estudo. Às vezes chegava um áudio e lá vinha ela contando das suas descobertas, das novas pesquisas. Com a partida de Sinira, não foi apenas uma cadeira que ficou vazia, foi um pouco da nossa história que se foi, um vazio imenso na Academia e no meu coração. ”

O Acadêmico Francisco de Assis Vitoski relembrou aspectos históricos e geográficos que formaram a nossa região a fim de encontrar a importante Itapeva (hoje Major Vieira) que nos trouxe Francisco Péricles Pazda.

“Nascido lá, onde os botocudos desconfiados e escondidos na mata viam passar carroções, gado, cavalos e muares. Onde a guerra do Contestado fez a Itapeva tingir de vermelho as águas do Canoges Mirim com o sangue dos caboclos. Onde o índio e o caboclo fizeram surgir um regionalismo típico dos amedrontados, imperando a desconfiança, o olhar baixo, a fala baixa e com poucos movimentos labiais, onde evita-se a gargalhada e o riso é irônico e o traje é simples para não demonstrar importância pessoal. …   Assim era Francisco. ”

[“Tinha uma preocupação singular em espelhar seu rincão e lança sua primeira obra, o livro “Itapeba”, onde expressa no epílogo do prefácio deste: “Com o pensamento voltado à Deus, concluo esta, que considero a primeira de muitas outras obras por vir. ”]

“Nesse mister aflora sua preocupação social, fazendo surgir outro livro, a obra “Filhos do Cárcere”, onde relata com profundidade as consequências sociológicas dos nascidos de mães presidiárias. ”

“ Tornou-se imortal pelas letras. Suas palavras e suas ideias viverão ad eternum. A Itapeva também chora por você! ”

A toga e as insígnias usadas em tantas Sessões Solenes pelos Membros Imortais que nos deixaram foram entregues, em momento de grande emoção, a seus familiares.

O Coral “Santa Cecília” cantou em seguida a “Valsa de Despedida”, uma melodia de Domínio Público com versos especialmente escritos para a ocasião pelo Acadêmico Andreas Costenaro e pela Acadêmica Maria de Lourdes Brehmer.

Esta coluna está feliz em contar a vocês uns pequenos lances do que foi a Sessão Solene e da Saudade da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas e agradece a colaboração dos que a deixaram mais sensível, mais acolhedora e mais colorida.

Ao Coral “Santa Cecília” e ao Violinista Matheus Prust.

À Fátima Santos por captar as imagens.

À Karin Aline Dittrich que elaborou a decoração.

Ao Pedro Felipe Godoi Sati que atuou na parte técnica.

À Câmara Municipal de Canoinhas e a seus funcionários.

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