Série da Apple TV+ mostra rompimento de padrão com muito bom humor
NA MENTE DE SHEILA
A onda de saudosismo dos divertidos anos 1980 já gerou boas séries como Stranger Things e um dos capítulos da trilogia Ruas do Medo. A ideia aqui é emular nos trintões todo aquele cenário colorido de descompromisso e brincadeiras ao ar livre, prenunciando o fim da inocência com o advento da informática.
Physical, da Apple TV+, também simula esse mundo psicodélico e extasiante, mas vai além. Mostra tudo isso sob a ótica de Sheila Rubin (Rose Byrne), uma dona de casa que vive à sombra do marido, mas que no seu íntimo, ao qual temos acesso por meio de sua mente inquieta, vive uma explosão de sentimentos e questionamentos. Muitos vão se surpreender ao não lembrar de como as mulheres eram tratadas coisa de 30 e poucos anos atrás, mas era assim mesmo.
Subservientes aos maridos, as primeiras que tentavam voar por conta própria geralmente quebravam a cara. Não é o caso de Sheila, que decide escrever a própria história ao passo que busca se manter como estepe do marido. O ponto de virada é quando ela descobre a aeróbica que, de fato, estourou nos anos 1980 com os vídeos de Jane Fonda.
O roteiro fantasia, mais ou menos, que Sheila poderia ser uma das precursoras desse sucesso comercial, mas isso só deve ficar melhor delineado na segunda temporada, já confirmada.
Enquanto Sheila vai escrevendo seu destino e se descolando cada vez mais da insossa vida de dona de casa, passeamos por uma história alucinante envolvendo uma disputa eleitoral, surfe e, claro, muita malhação.
Physical é um leve e bem humorado passeio por uma época que hoje parece perdida no tempo. Vale a pena uma conferida.
