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  “Razão Pública”: uma despedida necessária

Imagem:Pixabay

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Conseguimos promover um debate honesto e produtivo?

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Ao longo dos últimos meses, a coluna Razão Pública buscou ser um espaço de reflexão, debate e engajamento com os desafios do nosso tempo. Inspirados pela obra de Jürgen Habermas, de demais filósofos políticos e jurídicos, bem como, pela ideia de uma esfera pública que fomente o entendimento racional e democrático, acreditamos que o diálogo é a essência de uma sociedade que almeja ser justa e plural. Agora, com este texto, encerramos nossa participação como mediadores desse debate. Contudo, mais do que um fim, esta é uma reafirmação daquilo que nos motivou desde o princípio: a importância de manter viva a prática da razão pública.

Habermas nos ensina que a razão pública não é apenas um ideal filosófico, é uma prática que exige coragem, abertura e perseverança. Em tempos de retorno de um espírito de polarização e desconfiança, o que está em jogo não é apenas a qualidade do debate público, mas a própria possibilidade de construir consensos em uma sociedade atravessada por diferenças. Durante nossa trajetória, nos deparamos com inúmeras vozes, perspectivas e questões que desafiavam nossa compreensão. Foi nesse confronto, no entanto, que encontramos a força do discurso: na capacidade de ouvir o outro, de considerar argumentos alheios e de buscar soluções que transcendam interesses particulares.

Nos últimos anos, vimos a esfera pública se transformar de maneira vertiginosa. As redes sociais, que prometiam ampliar o acesso ao debate, muitas vezes se tornaram espaços de intolerância e simplificação. A fragmentação do discurso público é um desafio para todos nós. Mas Habermas, em sua insistência na capacidade comunicativa dos seres humanos, nos lembra que ainda há esperança. A razão pública não é algo que ocorre apenas em grandes plataformas ou em espaços institucionais. Ela está presente em cada conversa cotidiana, em cada tentativa de superar mal-entendidos, em cada gesto de escuta.

Encerrar esta coluna é um ato que vem acompanhado de reflexões profundas. Perguntamo-nos: fizemos jus ao ideal de uma esfera pública inclusiva? Conseguimos promover um debate honesto e produtivo? Talvez nunca saibamos as respostas completas para essas perguntas, mas temos a convicção de que a discussão foi, por si só, um ato de resistência contra a indiferença e o silêncio. E resistir é essencial.

Não poderíamos concluir sem enfatizar que o debate público é um compromisso que transcende nomes e espaços específicos. A coluna Razão Pública foi apenas um entre muitos lugares onde isso pode acontecer. A necessidade de pensar criticamente, de dialogar com honestidade e de buscar a compreensão mútua é permanente. A razão pública não pertence a uma coluna ou a um autor, ela pertence a todos que acreditam no poder da palavra e na dignidade do outro.

Nos despedimos com gratidão. Aos leitores que nos acompanharam, desafiaram e enriqueceram este espaço, nosso mais sincero obrigado. Foi um privilégio compartilhar ideias, discordar respeitosamente e aprender juntos. Nosso agradecimento especial ao jornalista Edinei Wassoaski, que generosamente cedeu este espaço, e ao JMais, que acolheu esta iniciativa. A razão pública vive enquanto houver quem a pratique. Que ela não morra. Que ela renasça em cada conversa honesta, em cada debate comprometido, em cada tentativa de fazer deste mundo um lugar mais habitável.

Até breve, na esperança de que nossos caminhos continuem cruzando os trilhos da razão e da justiça.

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