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Presa na Et Pater Filium não tinha capacitação para função que exercia, diz defesa

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Amanda Suchara era responsável por fiscalizar cumprimento de contratos na Secretaria de Obras de Canoinhas

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Responsável por fiscalizar o cumprimento dos contratos firmados entre o Município de Canoinhas e a empresa de Joziel Dembinski, Amanda Suchara, presa na sétima fase da operação Et Pater Filium, não tinha capacitação para desempenhar a função de fiscal de contratos. É o que diz seu advogado, Vilson dos Santos.

Amanda foi ouvida na semana passada pelos promotores que estão à frente da Operação por meio de videoconferência. Ela está presa desde 29 de março no Presídio Regional Feminino de Joinville, que fica ao lado do local onde está preso o ex-prefeito Beto Passos.

Aos promotores, Amanda se mostrou bastante colaborativa e detalhou sua função quando servidora comissionada da Secretaria de Obras. Ela explicou que foi estagiária da Câmara de Vereadores, onde conheceu Nilson Cochask, que a teria convidado para estagiar na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Mais tarde, também a convite de Cochask, ela passou a estagiar na pasta de Obras. “Somente algum tempo depois ela foi nomeada fiscal de contratos, sem qualquer formação na área ou cursos de capacitação, tendo aprendido o serviço por conta própria e com o auxílio de funcionários mais velhos que já trabalhavam no local”, destaca Santos. Amanda diz que criou uma amizade com Cochask, mas nega a versão de Adelmo Alberti, em sua colaboração premiada, de que ela seria amante de Cochask. Amanda é casada e tem dois filhos, a mais nova tem dez meses e está sob os cuidados da avó materna.

Segundo a colaboração de Alberti, Amanda teria sido o pivô da exclusão de Cochask do suposto esquema ilícito montado com o ex-prefeito Beto Passos e o empresário Joziel Dembinski. De acordo com o prefeito de Bela Vista do Toldo, Amanda teria provocado a discórdia ao se envolver amorosamente com Dembinski, gerando atrito entre ele e Cochask. O então secretário de Obras teria ameaçado entregar o esquema e, para calá-lo, Dembinski teria aceitado pagar R$ 100 mil para escapar da chantagem. Amanda nega terminantemente que tivesse tido qualquer envolvimento amoroso tanto com um quanto com outro.

ROTINA

Aos promotores Amanda deixou claro que não sabia de nenhum esquema e lembrou que sequer conhecia Alberti pessoalmente, o que a faz questionar como ele saberia sobre seu trabalho ou sua vida pessoal. “Acreditamos que o que ele disse (sobre Amanda) foi de ouvir dizer, ou seja, sem prova nenhuma. Alberti nunca esteve na garagem da prefeitura de Canoinhas, visto que era prefeito de Bela Vista do Toldo, e que sua presença ali não teria sentido algum”, frisa Santos.

Ela contou que aceitou a oferta de Cochask para trabalhar na Secretaria de Obras como fiscal, mas sem nenhum treinamento ou preparo para o cargo com salário de pouco mais de R$ 2 mil. Ao começar a trabalhar percebeu que o serviço era bastante complexo porque envolvia vários detalhes que ela desconhecia. Sempre que questionava algum superior, ouvia que “era assim que tinha de fazer”. Foi assim que, a ex-servidora que tem apenas o Ensino Médio completo, assinou documentos atestando o cumprimento de serviços que, de fato, ela não constatou. “As vistorias feitas em veículos e máquinas eram feitas com auxílio de terceiros (mecânicos, secretários, etc) que atestavam que ditos equipamentos seguiam as especificações exigidas no edital de licitação e, inclusive, na maioria das vezes assinavam o documento de vistoria conjuntamente com ela”, explica a defesa.

Por causa de ordens dos seus superiores, sustenta a defesa, Amanda nunca fez fiscalização externa dos trabalhos das máquinas e veículos. Ela ainda afirmou que atualmente o modo de trabalho continua o mesmo, “sempre acreditando estar agindo corretamente e sempre de boa-fé, nunca se insubordinando aos superiores”, acrescenta Santos.

Como eram muitos veículos a serviço da prefeitura e, basicamente, o serviço de Amanda se restringia ao espaço da prefeitura, ela assinava documentos que eram preenchidos por outros servidores da prefeitura que faziam trabalho externo. Ela nunca imaginou que isso a prejudicaria, segundo a defesa.

Amanda contou ainda que ao verificar os veículos a orientação era de que ela atestasse se eles preenchiam os requisitos exigidos na licitação. Como desconhecia marcas e modelos, ela chamava algum mecânico para atestar se havia a correspondência.

Sobre a terceirização de veículos, Amanda diz que ouviu dentro da prefeitura que isso não era problema. “Amanda foi informada que era proibido a terceirização de serviços, ou seja, a empresa que ganhava a licitação não poderia repassar o serviço para outra empresa. Todavia, o fato de a empresa por vezes usar equipamento que não estava em seu nome (caminhões, por exemplo), não se enquadraria em terceirização, visto que segundo seus superiores as pequenas empresas muitas vezes possuíam equipamentos em nome da pessoa física do proprietário da empresa ou às vezes eram locados apenas para fechar o número exigido de equipamentos que a empresa necessitava para preencher os requisitos da licitação vencida”, explica Santos.

A defesa de Amanda colocou a disposição da Justiça seu sigilo bancário, pedindo que se verifique os bens que ela adquiriu nos últimos anos. Santos frisa que a ex-servidora tem uma casa que está financiada, comprada junto com o marido, e um carro popular.  

TRÊS SECRETÁRIOS

A defesa de Amanda destaca que, além de Cochask, preso por estar envolvido diretamente no suposto esquema liderado por Passos, outros dois secretários passaram pela pasta de Obras (Luiz Witt e Edmilson Verka) e que nenhum deles apontou as falhas que haviam no trabalho de Amanda. “Ela não tinha capacitação, fazia o pouco que ensinaram pra ela”, destaca.


Santos já entrou com pedido de revogação da prisão preventiva pelo fato de, segundo ele, não existirem provas robustas contra ela, “somente a delação de pessoa que a desconhece”. Ele ainda argumenta que Amanda não trabalha mais na prefeitura e tem filhos menores.

Caso seja negado o direito de prisão domiciliar junto ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Santos pretende impetrar Habeas-Corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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