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Foram viagens incríveis a mundos jamais imaginados. Situações incríveis eu vivi

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Por muitos mares naveguei, a muitas terras visitei, pelos mais diferentes e estranhos meios de transporte andei nestes meses todos a que um microscópico ser me obrigou a permanecer em casa. Foram viagens incríveis a mundos jamais imaginados. Situações incríveis eu vivi.

 

 

 

Para muitos locais eu fui levada pelas asas apenas de minha imaginação. Tecendo histórias. Inventando personagens. Divagando em torno de paisagens que apenas eu vi.

 

 

 

Para tantos outros eu fui transportada através dos livros que li.

 

 

 

Outro dia eu atravessei mares jamais imaginados. Conheci um novo arquipélago em um distante local perdido, ao longe, em nosso Oceano Atlântico.

 

 

 

 

Cruzei os mares dentro de um navio com um certo Ariosto, mil quilômetros mar adentro e fui parar na mais importante das ilhas daquele aglomerado de pequenas terras rodeadas de água por todos os lados, a ilha que o escritor chamou de Catalina.

 

 

 

 

Mil Quilômetros Mar Adentro é uma viagem fantástica. Em torno de um personagem que se vê, de repente, a sós, mas cercado de pessoas que o acolhem com carinho. Segue uma vida de aventuras, de encontros e desencontros.

 

 

 

Ariel Seleme, o autor desta história, nasceu em Itaiópolis, uma vizinha cidade do Planalto Norte de nosso estado. Mas eu o considero filho de Canoinhas, pois é filho de canoinhenses, filho de Edith Tack e de Seleme Isaac Seleme. Sobrinho da poetisa canoinhense Isis Maria Tack Baukat e da excelente professora de língua portuguesa Sálua Seleme.

 

 

 

 

Uma leitura fácil, homogênea. Envolvi-me a tal ponto na sequência de aventuras inusitadas que não conseguia deixar o livro de lado. Instigantes passagens. Uma história completa. Com metáforas incríveis.

 

 

 

 

Coloca para o leitor decidir qual o melhor sistema de governo dentre as três diferentes opções existentes nos três diferentes países que fazem parte do mapa geográfico daquela ilha que ele encontrou mil quilômetros mar adentro, no oceano que banha as nossas costas.

 

 

 

Juro que fui ao Google Earth procurar a Ilha Catalina e as demais que fazem parte do arquipélago imaginado por ele.

 

 

 

Descrições fidedignas de locais, paisagens, ruas com roteiros e distâncias que não colocam em dúvida a existência deste utópico território. Uma cidade em que a bicicleta levava todo mundo para todos os lados

 

 

 

 

E os nomes de seus familiares a desfilar pela história. Alguns que conheci pessoalmente, como Dona Ema e outros apenas de nome como Frei Aurélio Stulzer. Até um Banco Inco ele nos mostra. Banco Inco! Em um banco Inco das bandas de cá seu pai, Seleme, atuou por muito tempo.

 

 

 

Foi assim que Ariel me explicou algumas das passagens e metáforas de Catalina:

 

 

 

 

 

“Ilha de Catalina vem da Ilha de Santa Catarina —Florianópolis—, onde passei minha juventude. Na época a única via pavimentada que existia era a que levava para a Lagoa da Conceição. Catalina e suas praias são minha infância em Florianópolis.

 

 

O País Catalina é o resumo dos diversos países e locais em que vivi. Nicarágua, Texas, nos Estados Unidos da América e Vietnã.

 

 

 

Trabalhei a ideia da dualidade de cidades existentes no Brasil e em todos os países em que vivi. No Brasil temos Rio e São Paulo. Na Nicarágua, Manágua e Leon. No Texas, Houston e Dallas. No Vietnã, Hanói e Saigon. Em Catalina, Beira e Praia. Os vulcões foram inspirados na linda Nicarágua, pequeno país com quarenta e seis vulcões ativos. As bicicletas são do Vietnã. A origem do farol vem da cidade de Galveston, no Texas. Gold City surgiu de uma história de uma mina abandonada na Nicarágua. Os faroleiros podem ser os funcionários do Itamaraty e os faróis, as embaixadas.

 

 

 

Marinha é o Brasil que quer se abrir para o mundo. Exército é o Brasil fechado no seu interior. O Itamaraty, Ministério de Relações Exteriores, surgiu com um braço da Marinha do Brasil.”

 

 

 

 

Ariel Seleme é funcionário do Itamaraty e atualmente exerce suas funções em Tegucigalpa, Honduras.

 

 

 

O escritor Enéas Athanázio — que já morou em Canoinhas quando exerceu suas funções como Promotor Público de nossa Comarca —, envia-me sempre suas mais recentes obras literárias.

 

 

Em O Cangaço — Artigos, encontrarmos uma coletânea de textos, por ele já publicados nos jornais dos quais é colaborador assíduo, como o “Página 3”, de Balneário Camboriú, cidade onde reside.

 

 

 

Trata-se de uma minuciosa análise do que foram os trágicos e macabros anos em que os cangaceiros, não só os do bando de Lampião, dominavam todo o sertão nordestino. São artigos em que comenta 22 obras de 22 diferentes escritores que estudaram e esmiuçaram a saga dos vários chefes do cangaço que, desde os finais do século XIX até a década de 40 do século passado, puseram em polvorosa fazendas, vilas e cidades de um imenso território.

 

 

 

É um livro tinto de sangue. Tantas as atrocidades cometidas pelos cangaceiros de Lampião e seus antecessores.

 

 

 

O livro de Enéas traz tão somente lances das obras que garimparam a fundo a vida e a história dos grupos de bandoleiros que traziam dentro de si apenas uma sede de sangue sem fim. Ler os originais é navegar em um mar vermelho de ódio e vingança. Que nunca se sabe como e quando e por que teria se iniciado. Lampião dizia haver adentrado nesta vida como uma vingança para o que fizeram com seus pais. O que nunca se comprovou.

 

 

 

 

Um livro carregado de amarguras. Com alguns finais apoteóticos. Outros nem tanto. Uma resenha para quem se interessa pelo assunto.

 

 

 

Um dos capítulos do livro chama a atenção: “Xará Incômodo: O Cangaceiro Enéas”.

 

 

 

 

Outro livro que o amigo Enéas me enviou tem uma história que se passa lá pelas bandas de Campos Novos, Lages, São Joaquim, Bom Retiro e em uma localidade chamada São Simão. E tudo termina no Serro do Manelão.

 

 

 

 Nem é necessário falar algo sobre a história. O nome diz tudo. Percurando aquele traste, uma Novela Campeira, é outra das obras tão instigantes do escritor que você fecha a última página só depois de ficar sabendo se o tal do traste foi encontrado.

 

 

As peripécias acumulam-se de frase em frase, de parágrafo em parágrafo. E era um dia em que a energia elétrica se foi e atrás de uma vela eu fui. Para em sua luz chegar ao final.

 

 

Um sutil bilhete de Enéas acompanha a vinda de seus últimos livros.

 

“São o 58 e o 59. Está chegando a hora de parar”.

 

 

 

Não, Enéas, não está na hora de parar! Com sua invejável lucidez muitas histórias ainda terá para nos contar através da magia de suas palavras.

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