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Por que médicos não se interessam por trabalhar para o Município de Canoinhas?

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Baixo salário de sensação de enxugar gelo explicam rejeição

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COLUNA DE DOMINGO Por que médicos não se interessam por trabalhar para a prefeitura de Canoinhas? Ou seja, nos postos de saúde, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Estratégias de Saúde da Família (ESF) e Policlínica. A falta de médicos nos postos foi o motivo para a recente superlotação da UPA.

A coluna conversou ao longo da semana com pelo menos cinco médicos que moram em Canoinhas. Todos já passaram pelo Município, mas hoje trabalham apenas em seus consultórios ou em outros Municípios.

Começa aí, por sinal, o principal motivo. Apesar de o prefeito em exercício, Willian Godoy (PSD), ter dito que Canoinhas é uma das cidades que melhor paga para médicos, a realidade é bem outra. Canoinhas paga menos que várias cidades da região. Exemplo mais gritante está em Três Barras onde, segundo os médicos ouvidos pela coluna, a diferença salarial chega a R$ 2 mil. Ainda de acordo com eles, todos os demais Municípios da região pagam melhor.

Há outra questão tão grave quanto. Os médicos são desestimulados a pedir exames para fazer diagnósticos mais precisos. A impressão que eles têm é de estar enxugando gelo, receitando paliativos para melhorar em partes a vida dos pacientes já que sabem que um pedido de exame pode levar anos para sair. Isso é desanimador para quem exerce uma profissão que busca salvar vidas.

“Salário é bom, porém a pressão, desorganização e falta de protocolos prejudica os profissionais que sofrem cada vez mais de Síndrome de Burnout (esgotamento profissional) porque deixam de fazer medicina. Gestores gostam de números e não bom atendimento”, opina um dos médicos ouvidos pela coluna.

Outro médico vai além e diz que nos postos e na Policlínica há um grande incentivo a prescrição de remédios para insônia (ansiolíticos), como o Clonazepam, baratos e eficazes no alívio da dor. A pessoa dorme e esquece o problema, que segue lá até que ela não aguenta mais.

Muitos médicos optam pelos plantões porque pagam melhor que o ESF, com carga horária rígida que impede atendimento em consultório. O Município tem sérias dificuldades em contratar médicos para preencher equipes de ESF, consideradas essenciais para evitar aglomeração de pacientes em postos e, principalmente, na UPA.

A questão financeira do Município amplifica o drama da falta de interesse de médicos em trabalhar em Canoinhas. O último teste seletivo, com muito custo, foi bem-sucedido. Porém, os médicos preferem concursos, que lhes dão estabilidade. Recentemente Porto União abriu um que, certamente, deve ter atraído inscrições de médicos que hoje moram em Canoinhas. Por que então Canoinhas não abre concurso?

Porque uma das heranças que o prefeito em exercício recebeu de Beto Passos (PSD) foi o estouro da folha de pagamentos. Beirando os 53% (54% é o limite máximo) de comprometimento da arrecadação com salários, o Município não pode abrir concurso público. O único médico que atende nos 13 postos de saúde do interior, concursado, já ameaçou deixar o cargo recentemente. Nada foi feito para se precaver de um novo pedido de afastamento dele. Ou seja, se ele deixar os postos de uma hora para outra, ficarão abandonados de vez.

A coluna questionou a secretária de Saúde Kátia Oliskovicz sobre os motivos que desestimulam os médicos a trabalharem para o Município, mas ela não respondeu a pergunta.

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