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Onde vamos parar?

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Seremos os novos palestinos que diante da opressão do movimento sionista em seu projeto de limpeza étnica no Oriente Médio

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Wellington Lima Amorim*

Eu ando mais perdido do que o presidente Jair Bolsonaro em uma Biblioteca Pública procurando por um livro da Fernanda Montenegro. Claramente, o atual presidente nunca entrou em uma Biblioteca Pública, quando muito leu o Rasputin de subúrbio: Olavo de Carvalho. Todavia, eleger uma atriz, que nunca escreveu um livro, para a Academia Brasileira de Letras (ABL) completa a hipérbole da visão distópica que descrevi acima. Vivemos dias sombrios. Onde vamos parar? Uma simples pergunta  como essa pode ensejar censura, perseguição e caça às bruxas. A distopia continua. Em 27 de outubro, a BBC News noticiou que lésbicas estão sendo acusadas de transfobia por recusarem sexo com mulheres transsexuais. Quando eu ouvi isso eu me perguntei: é isso mesmo? Eu li direito? “Algumas lésbicas dizem que estão sendo cada vez mais pressionadas e coagidas a aceitar mulheres trans como parceiras – depois rejeitadas e até ameaçadas por falarem abertamente sobre isso”.

Vejam o argumento seguido de um relato:

“Há um argumento comum que tentam usar que diz: ‘E se você conhecesse uma mulher em um bar e ela fosse muito bonita e você se desse muito bem e fosse para casa e descobrisse que ela tem um pênis? Você simplesmente não estaria interessada?”, diz Jennie, que mora em Londres e trabalha com moda. “Sim, porque mesmo que alguém pareça atraente no início, você pode sair disso. Eu simplesmente não possuo a capacidade de ser sexualmente atraída por pessoas que são biologicamente masculinas, independentemente de como elas se identifiquem.”

Todavia, o que ela obteve como resposta foi:

“Ouvi uma pessoa dizer que preferia me matar do que (matar) Hitler”, disse Jennie, de 24 anos. (…)  “Disse-me que me estrangularia com um cinto se estivesse em uma sala comigo e Hitler. Isso foi tão bizarramente violento, só porque eu não faço sexo com mulheres trans”. Ou seja, estamos diante de ameaças que não são mais veladas, contra todos aqueles que possuem uma preferência ou opinião diferente, tendo como consequência a perseguição, coação, enfim, ameaças diretas contra a integridade física do próximo: “Elas descreveram ter sido assediadas e silenciadas quando tentaram discutir o assunto abertamente. Eu mesma recebi insultos online quando tentei encontrar entrevistados usando as redes sociais”. 

Vejamos outro fato noticiado pela mídia tradicional “é uma mulher, aparentemente negra, na condição de gerente da rede de supermercados Carrefour humilhando um homem que está de joelhos limpando o chão. Ou seja, as mulheres, inclusive negras, que sempre sofreram humilhações, violências psicológicas diversas agora aparecem humilhando, abusando psicologicamente denegrindo um jovem homem.” Da mesma forma que “mulheres transsexuais” que sempre sofreram humilhações e perseguições por parte da sociedade “agora ameaçam, inclusive fisicamente, mulheres homossexuais, por não terem a preferência sexual que as mesmas consideram corretas.”  Por fim, Jordan Petterson, psicólogo clínico canadense em entrevista para a revista Veja afirmou ao se referir a lei canadense que “obriga” como devemos falar daqui para frente, usando pronomes neutros:

“A lei não é uma forma de garantir os direitos dos transgêneros? Garantir estes direitos não tem nada a ver com a forma como são chamados. Esta é uma escolha voluntária. Eu não tenho nada contra usar com meus alunos o pronome que eles preferirem. Mas o governo decidir como a pessoa vai se expressar só para agradar uma parcela da sociedade é errado. Não se pode colocar limites na forma de expressão. Recebo muitas cartas de pessoas transexuais que apoiam meu trabalho, se incomodam com o papel de símbolo de uma campanha da esquerda ultrarradical pela dissolução das identidades clássicas e querem mesmo é tocar sua vida privada da melhor forma possível (…) A conduta correta para lidar com a vulnerabilidade é identificar a razão, criar uma hierarquia de medos e aprender a confronta-los e dominá-los. Proteger é uma abordagem errada. A história da psicologia clínica nos últimos 150 anos comprova que a exposição voluntária da pessoa ao que a ameaça ou incomoda é o caminho certo para ganhar coragem e superar problemas. A ideia de que proteger as pessoas é agasalhá-las em seus micro-espaços, para que nunca ouçam uma opinião que as ofenda ou contradiga, só faz com que elas se tornem mais fracas e amargas”.

Logo, a pergunta que faço é: onde vamos parar?  

Esta simples pergunta não deveria ofender mas provocar a reflexão. Vocês não acham? Por fim, em 23 de maio de 2019, o ministro Luiz Fux afirma: “Depois de termos passado os horrores do nazifascismo e do Holocausto, nunca mais se imaginou que o ser humano poderia ser vítima dessa discriminação em alto grau de violência.” Foi o que disse o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, ao votar a favor da “criminalização da homofobia”. Ou seja, comparou-se o antissemitismo e perseguição sistemática contra os judeus, tendo em seu auge os campos de concentração, com o crime de homofobia.

Diante disso, pergunto: Seremos os novos palestinos que diante da opressão do movimento sionista em seu projeto de limpeza étnica no Oriente Médio, como afirma  Ilan Pappé?  Vejam: “Em 26/04/17, no distrito de Jaffa (Tel Aviv), seis valas comuns que podem conter cerca de 600 corpos de palestinos/as que foram massacrados em 1948. E os massacres seguem. Em Lydd: “As fontes palestinas narram que na mesquita e nas ruas ao redor, onde as forças judaicas fizeram mais uma onda de matança e pilhagem, 426 homens, mulheres e crianças foram mortos (176 mortos foram encontrados na mesquita). No dia seguinte, 14 de julho, os soldados judeus foram de casa em casa tirando as pessoas para a rua e empurrando cerca de 50 mil delas para fora da cidade, em direção à Cisjordânia (mais da metade já era refugiada de outros vilarejos próximos)” Repito: seremos os novos palestinos que, sem voz não podem reivindicar ou acusar os judeus de limpeza étnica para não ser enquadrado como racista ou nazista conforme a definição da Aliança Internacional da Memória do Holocausto?

*Wellington Lima Amorim é filósofo e escritor

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