MDB e PSD controlarão 38% dos orçamentos municipais em 2025
A COLUNA ENTRA EM FÉRIAS E RETORNA EM FEVEREIRO. ATÉ LÁ TEXTOS QUE MAIS REPERCUTIRAM EM 2024 SERÃO REPRISADOS. O TEXTO ABAIXO FOI POSTADO ORIGINALMENTE EM 10 DE NOVEMBRO
COLUNA DE DOMINGO O MDB e o PSD, dois partidos de centro, se consolidaram como os principais vencedores das eleições municipais de 2024. Juntas, as siglas controlarão mais de um terço do caixa (38%) das prefeituras brasileiras a partir do próximo ano. Esse valor corresponde a R$ 489 bilhões.
A diferença entre os dois partidos é de R$ 20 bilhões. O MDB irá comandar R$ 254 bilhões dos orçamentos municipais (19,7%), enquanto a fatia do PSD será de R$ 234 bilhões (18,1%).
Por outro lado, o PT, que voltou à Presidência em 2022, não refletiu esse resultado nas eleições municipais. Muito pelo contrário. De 2012 pra cá o partido só encolheu, conforme mostra o gráfico abaixo, publicado pela revista Veja:
Outros partidos de esquerda mostram enfraquecimento: O PDT foi de 314 para 148 prefeituras; e o PCdoB de 46 para apenas 19 prefeituras se compararmos 2020 a 2024. O PSOL tem cinco prefeituras, mas vai começar 2025 sem nenhuma. O PSB foi o único que cresceu, indo das atuais 252 prefeituras para 309 no ano que vem.
Em julho, o Instituto da Democracia pôs na rua uma pesquisa que mostrou a superposição de algumas agendas entre os eleitores de Lula e os de Jair Bolsonaro. Como pontuou o jornalista Élio Gaspari, para cabeças polarizadas, a cara da democracia brasileira não é boa. “Nenhum radical, seja de qual credo for, gostará dos resultados do trabalho, compilado pelo pesquisador João Feres Júnior, da Uerj.”
Um em cada dois eleitores de Lula é contrário às saidinhas de cidadãos presos, e 57% são contrários à proibição de vendas de armas de fogo. Legalização do aborto? 69% são contra.
No campo de Bolsonaro, 83% dos eleitores do ex-presidente defendem a militarização das escolas públicas, acompanhados por 61% dos eleitores de Lula. Mais: 55% dos eleitores de Bolsonaro defendem a pena de morte. No campo de Lula essa percentagem é de 42%.
Os eleitores de Bolsonaro e Lula não são semelhantes em relação a alguns temas: 23% de eleitores de Bolsonaro são contra o Bolsa Família, no outro lado só 9% (14% não opinaram).
A “cara da democracia” compilada por Feres mostrou que mais de 20% dos eleitores de Lula são favoráveis à prisão de mulheres que interrompem a gravidez (36%), à privatização da Petrobras (37%) e contrários à punição de militares que participaram do 8 de janeiro (29%). 35% dos eleitores de Lula são contra as cotas raciais nas universidades. Do lado de Bolsonaro, são 52%.
“Muitas vezes, não é um candidato que ganha, só outro que perde”, pontua o sábio Gaspari apresentando, antes mesmo da eleição municipal, os motivos de desgaste da esquerda, incapaz de ouvir seu eleitorado formado em 2022, na maioria, por gente que simplesmente rejeitava o capitão.
Já depois do segundo turno, a imprensa apressou-se em acender a bomba no campo petista, afirmando que seus dirigentes precisam reaver seus conceitos sob pena de perder, e feio, em 2026. É fato! Assim como é fato, também, que Bolsonaro precisa suavizar seu radicalismo para conquistar novos eleitores. A vitória do centro nas eleições deste ano mostra um país que talvez tenha se cansado dessa polarização e está mais interessada em alguém mais equilibrado, que some o que há de virtude nos discursos de direita e esquerda, pondere e aja no sentido de contentar a maioria. Quem continuar falando somente para seu nicho, demonizando o outro campo, ao que parece, não colherá bons frutos em 2026.