Um relato sobre os novos acadêmicos canoinhenses
As Academias de Letras, em todas as partes do mundo onde estão instaladas, têm entre os seus objetivos o de assegurar o efetivo e regular acolhimento aos escritores de sua região ou país, de resgatar os valores da comunidade onde se encontram inseridas em benefício da literatura, compartilhar conhecimentos e facilitar o acesso aos saberes múltiplos sobre a arte literária, além de promover eventos de caráter cultural como um todo.
Apoiada sobre estes alicerces tem a Academia de Letras do Brasil– Canoinhas pautado suas ações.
Foram muitas as atividades culturais realizadas nesses dez anos decorridos desde a sua fundação.
Novos associados tomaram posse na Sessão Solene realizada no último sábado, no espaço Joy Festas e Eventos.
Os escritores Jéssica Hoppe e Gerson Irandir Köhler assumiram suas cadeiras, na qualidade de Associados Acadêmicos, a fotógrafa amadora, professora Maria de Fátima Neizer dos Santos, como Associada Benemérita e o Diplomata e escritor Ariel Antonio Seleme, como Associado Correspondente.
O primeiro livro de Jéssica Hoppe, lançado em 2023, Farazzi – entre a luz e a escuridão, teve, segundo ela, “pelo menos 10 anos de maturação.”
Em sua biografia resume o seu eu neste belo final:
“Apaixonada pela temática espiritual, Jéssica costuma dizer que não tem religião e sim, espiritualidade, e busca acessar através das palavras, a imaginação e a emoção de seus leitores, compartilhando conhecimentos, indiretamente, para quem tem interesse de acessá-los, através da fantasia quase mágica presente em sua mente.”
O poeta gaúcho, Mário Quintana, foi por ela escolhido como Patrono da Cadeira número 24, a cadeira que doravante ocupará na Academia.
Sobre ele escreveu Jéssica:
[“Acima de quaisquer títulos e honrarias, Mário Quintana importava-se mesmo em ser leal a si mesmo e compartilhar sua filosofia a respeito da vida! Prova disso foi que, ao tentar ingressar, por três vezes, na Academia Brasileira de Letras recusaram-no do em todas, por vieses políticos. Até que o convidaram, finalmente, para candidatar-se uma quarta vez, com a promessa de votação unânime a seu favor. Mário Quintana recusou-se e disse:
“Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto e discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro. ”
[“Daí veio o icônico poema “Poeminho do contra.”]
“Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho”.]
Gerson Irandir Köhler, um canoinhense que reside em Curitiba, onde é professor convidado da Universidade Federal do Paraná na área de graduação em Odontologia e pós-graduação em Ortodontia e Ortopedia Facial desde 1988 até o presente e professor convidado do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná desde 1987, pautou suas obras na área científica.
Publicou capítulos em 18 livros científicos, com especial destaque para Diagnóstico 3D em Ortodontia, Aspectos Éticos e Legais relativos à Responsabilidade pelo correto processo de diagnóstico tridimensional em Ortodontia, História da fundação da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial e mais os livros científicos Medicina Orofacial Contemporânea, em 2023 e Facelogia: O Estudo da Face, em 2022.
Gerson elegeu a Imortal escritora Sinira Damaso Ribas, como sua Patrona. Sobre ela escreveu o novel acadêmico:
“A epopeia do Tropeirismo foi descrita pela Professora e Historiadora Sinira Damaso Ribas sob diversas formas, sempre salientando a importância deste ciclo histórico do sul brasileiro para a formação da região e posterior município de Papanduva.”
“Oportuno registrar ainda, que minha Patrona Sinira deixava sempre uma importante e verdadeira mensagem a perpetuar-se e que restou digna de registro para as futuras gerações. Saibam aproveitar, sempre, tudo de bom que a escola lhes oferece”.
A fotógrafa amadora canoinhense Fátima Santos foi empossada como Associada Benemérita da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas. Com sua arte, seu talento e seu tempo captou milhares de imagens que imortalizaram paisagens, locais e eventos de nossa região e, em especial, desde 2015 todas as Sessões Solenes e demais eventos da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas. Brindou a plateia projetando em uma tela fotografias colhidas por suas câmeras no decorrer deste período.
De sua fala destacamos alguns trechos. Ei-los:
“Através da fotografia, podemos contar histórias sem palavras. Cada fotografia conta uma história e é papel do fotógrafo capturar o enredo perfeito.”
“Fotografia é assim… poesia composta de luz, momentos e sentimentos.”
“Fotografar, acima da arte de escrever imagens com luz, é eternizar momentos, sorrisos e lágrimas, maneiras de expressar o que se vê ou o que se sente.”
“Registrar esses momentos únicos e emocionantes através da linguagem da fotografia se torna um momento mágico onde é possível eternizá-lo e revisitá-lo infinitas vezes, revivendo as emoções sentidas. Estes registros em imagens são a arte mais próxima da poesia, pois as duas oferecem uma visão renovada sobre a realidade.”
“Embora foto e texto pareçam formas opostas de expressão, as duas artes se relacionam desde o surgimento da fotografia, criando diálogos entre a realidade e a imaginação.”
O escritor e diplomata Ariel Antonio Seleme, que há quase dois anos exerce as funções de Vice-Cônsul na Embaixada do Brasil em Beirute, capital da República do Líbano, foi empossado como Associado Correspondente da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas.
É filho dos canoinhenses Seleme Isaac Seleme e Edith Stulzer Tack Seleme. É Oficial de Chancelaria do Ministério de Relações Exteriores do Brasil desde 1º de fevereiro de 2007.
Nesta função, como Vice-Cônsul viveu, por 13 anos em países como Nicarágua, Estados Unidos, Vietnã e Honduras onde encontrou elementos e personagens para seus romances.
É autor de O caso da mala, Mil quilômetros mar adentro, Vozes e Roatán e Paragon.
Diretamente de Beirute, em sua falou aos presentes, narrou a atual situação do país de seus antepassados, em guerra contra Israel há mais de nove meses e da cidade de Byblos, terra natal dos primeiros Selemes que em Canoinhas aportaram no início do século passado.
Falou de seus avós Isaac e Julieta, de seus pais, de seus irmãos Ascânio, eminente jornalista e Seleme Neto, de seus tios e, em especial, de sua tia Isis Maria Tack Baukat, que teve importante papel nas letras de Canoinhas, hoje Patrona da Cadeira número 11 da Academia de Letras do Brasil- Canoinhas.
Sentiu, pela distância que, fisicamente, nos separa de onde se encontra, de não estar presente a fim de receber esta bela honraria. Sua prima Suzeli Seleme Alves Vieira recebeu-a em seu nome. Exatamente por aqui não residir é a razão de ser um membro correspondente da Academia.
O Acadêmico Imortal Dione Grein da Cruz, em nome da ALB – Canoinhas proferiu a Oração de Boas Vindas aos novos membros.
“Boa noite a todos os presentes!
Hoje, nesta memorável noite, nossos espíritos então envoltos em celestiais energias ancestrais. Energias sábias, que vindas de raízes literárias milenares preencheram, deste grupo, almas e olhares e, já há uma década, movendo mãos culturais já muito calejadas, firmaram nestas terras contestadas as Letras difusoras de imortal essência. Como alquimistas em dourados desejos, meus confrades e confreiras, manipulando palavras, versos e melodias, imortalizaram sonhos nas mais belas sinfonias. Alinharam-se ao sol das artes e atraíram constelações de todas as partes a eternizarem chamas, fogos e lampejos. Iluminando e aquecendo nossa vida.
Essa complexa e misteriosa abstração biológica… tão simples, porém inegavelmente contraditória, de que todos somos portares, é a nossa glória! Reside em nós como incontrolável força hipnótica. A vida é como cantam em versos todos os poetas, como conjecturam os mais notáveis pensadores. Ela existe no mais simples de todos os amores e nos mais sombrios horrores de almas inquietas. É culpa dela toda esta nossa história desenfreada, que, há milênios, é misteriosamente orquestrada. A cada instante ela se renova. A vida é infinita! O que se acaba é o corpo, nossa estrutura carnal. Mas ela, que ultrapassa qualquer lógica, é imortal. É a essência mais poderosa, nossa dádiva bendita. E o que com ela façamos, é o que ao mundo deixamos.
Hoje, com indizível alegria, em nome da Academia de Letras do Brasil Canoinhas – deixo minha saudação a estes nobres companheiros que da vida já muito fizeram. Aos Associados Acadêmicos Imortais Gerson Irandir Köhler e Jéssica Hoppe, dois seres que já transcendem as barreiras desta existência, juntam-se, agora, às Letras Culturais de sublime essência. À Associada Benemérita Professora Maria de Fátima Neizer dos Santos… que, através de suas lentes, resgata a história em nossas mentes, eterniza dourados momentos para não serem levados pelo vento dos tempos. E ao associado correspondente, Diplomata Ariel Antônio Seleme, é cidadão deste vasto mundo, com diplomacia e amor profundo estabelece e fortalece relações, pois são as vidas o que importa a todas as nações.
Parafraseando Augusto dos Anjos, meu amado Patrono,
Agora o céu de estrelas se veste
Em fluidos de misticismo
Vibra no nosso organismo
Um sentimento celeste.
Deixo minhas boas-vindas com enorme gratidão, especialmente a todos que entendem a real dimensão do que nossos gestos e palavras pelas nossas vidas, e de todas as outras vidas propagam, pois são marcas e energias que da alma jamais se apagam”.
Os belos momentos musicais, o tempero que dá mais sabor às falas, foram proporcionados pela mais pura e impecável arte da voz e violão do acadêmico José Alfredo da Fonseca e do violino do acadêmico Matheus Theodorovitz Prust.
Foi uma noite plena de emoções, luz, sorrisos e lágrimas.