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quarta-feira, 22

de

janeiro

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2025

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Noite de letras, noite de festa

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Fantasmas dançantes das noites de celebrações memoráveis

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Extasiados encontramo-nos todos nós, membros da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, ao relembramo-nos da festiva noite solene em que comemoramos o Décimo Aniversário de nossa vida literária em comum.

Emocionado, o acadêmico Pedro Penteado do Prado, primeiro presidente da ALB – Canoinhas, assim expressou seus sentimentos:

[Exma. Sra. Adair Dittrich, minha nobre confreira, MD Presidente da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas.

Exma. Sra. Ten Cel PM RR Edenice Fraga, Presidente da Academia de Letras dos Militares de Santa Catarina (Almesc).

Srs. Membros da Mesa Diretora

Srs. Acadêmicos

Meus Senhores e

Minhas Senhoras.

São decorridos dez anos, confreira Edenice, desde que uma plêiade de canoinhenses se reuniu para criar a ALB – Canoinhas, aqui mesmo, neste mesmo ambiente, imbuídos do mesmo ideal: memorar as letras e as artes neste recanto catarinense, cuja região é um tantote esquecida pela nossa capital, onde ainda hoje, muitos de lá nos consideram paranaenses, mas querendo sempre ficar com nossos impostos e nos restituindo parcelas ínfimas do que aqui arrecadamos.

Sim, confreira Edenice, nós já pertencemos ao estado vizinho, e nos declaramos “catharinensis semper” apenas no final de 1916, quando se declarou oficialmente o final da Guerra dos Caboclos, ou Guerra dos Fanáticos, ou, de forma ainda mais pejorativa: Guerra dos Jagunços, como o governo a denominava, ou mais pomposamente: em 1916 declarou-se o final da Guerra do Contestado.

Aqui nestas colinas que nos cercam, nestes confins do planalto norte de Santa Catarina, correu o sangue de nossos antepassados índios, dos caboclos, de negros fugidios dos grilhões da escravatura, correu o sangue dos imigrantes europeus que fugiram das guerras de sua terra e aqui se depararam com uma guerra tão sangrenta quanto aquela que de lá os expulsou.

Somos nós, aqui do planalto, descendentes dessa estirpe guerreadora, as quais nominei.

E quando decidimos tocar em frente a criação de nossa Academia, levantamos nossas espadas de pau para preservarmos nossa história e mostrarmos nossas letras e nossas artes.

Era um sonho distante, principalmente de nossa Presidente, confreira Adair, a criação da Academia de Letras. Mais de meio século de sonhos, desde então.

E há dez anos estamos nesta luta pelos nossos objetivos culturais. Procuramos incentivar a leitura, o conhecimento de nossa história e a escrita em nossas escolas, envolvendo a infância, a adolescência e a juventude, estimulando a escrita e a leitura dentro e fora dos ambientes escolares.

No decorrer destes dez anos publicamos mais de uma dezena de livros, escrevemos dezenas, quiçá centenas de artigos, contos e crônicas produzidas pelos nossos Acadêmicos.

Temos ainda mais de uma dezena de livros que se encontram em fase final para posterior publicação.

Promovemos a exposição de obras em tela, promovemos concursos de literatura escolar ano após ano, descobrindo talentos formados pelos nossos Professores aqui da região.

Distribuímos comendas da Academia a pessoas de destaque entre nosso povo caboclo do Planalto Norte.

Temos sido persistentes e temos tido sucesso! Temo-nos espelhado em nomes robustos da literatura. A exemplo do que escreveu Gustave Flaubert:

“Trabalha, trabalha, escreve, escreve tanto quanto possas, tanto quanto sejas arrebatado por tua musa. Este é o melhor corcel, a melhor carruagem para escapar da vida.”

E do mesmo autor:

“O único meio para suportar a existência é afogar-se na literatura como uma orgia perpétua. O vinho da arte causa uma profunda embriaguez e é inesgotável.”

A literatura e as artes são as fontes que inspiram o homem em sua eterna busca: o amor, a paz, a realização íntima, o prazer, o sentido da vida.

Obrigado pela atenção.]

Em meio às lágrimas, li o meu poema em prosa: 
         

Fantasmas dançantes das noites de celebrações memoráveis

Na madrugada insone musas adormecidas no correr dos séculos, repentinamente, surgem para insuflar em minha mente lembrança perdidas na memória dos tempos.

E a seu lado, os mesmos fantasmas de sempre a dançar as suas voluptuosas danças na esmaecida luz de uma minguante lua escondida em meio às ramagens da acácia dourada de meu jardim.

Sua estranha dança, que mesmo sendo estranha, nunca deixa de ser dança, no balanço que o vento faz entre os ramos da árvore dourada que enche de luz as escuras noites de junho.

Silenciosamente os fantasmas continuam seu místico ritual tão igual como em tantas outras noites quando me extasiavam em suas mais variadas e inusitadas formas.

E os fantasmas continuam a sua silenciosa dança como se a flanarem em uma extrema fase de recolhimento para tornarem adormecidas as minhas emoções. Adormecidas como esta lua que mostra apenas um pedacinho de seu encanto?

Continuam em seu ritmo, em seu encantamento, em suas fulgurações nesta insone madrugada que não se cansa de ser insone, que não se cansa de ser madrugada.

Num repente, em uma dança triunfal formam um grande círculo. Em seu centro musas de outrora a dançar a mesma dança que nunca cessa de ser dança e que jamais deixa de ser triunfal.  

E então ouvi suas vozes. Trouxeram poemas perdidos nas eras de então. Lembranças de um tempo saudoso em que uma Academia de Letras e Artes era apenas um sonho.

Afastam-se os fantasmas para dançar sua dança mais além. Para que eu ouvisse as lembranças de um passado.

Porque eu já tive um sonho.

Nós tivemos um sonho.

Era o Sonho.

Não sei se o sonho se foi com ela quando ela se foi.

Ou, se, mesmo com ela, este sonho teria sido somente nada mais que um mero sonho.

Ela, a poetisa de nossa Terra de Santa Cruz, Isis Maria Tack Baukat, Patrona da Cadeira número 11 de nossa Academia de Letras do Brasil – Canoinhas.

Éramos um punhado de loucos,

mas éramos poucos,

muito poucos,

e os nossos clamores

que somente eram 

vagidos roucos

esfacelaram-se ao encontro

de muitos paredões

e de múltiplos muros moucos.

Era um tempo em que em nossa imaginação, tudo ao redor, apenas um lindo tapete de poemas seria.

E queríamos enfeitar estes poemas com as mesmas cores com as quais o Criador enfeitou a terra.

Porque este era o sonho.

Um sonho que ficou amortecido como a lua em noites de trevas.

Eram tempos em que poemas eram queimados, tempos em que poemas eram rasgados, tempos em que poemas eram jogados em sarjetas, tempos em que poemas eram atirados em latas de lixo pela incompreensão de um mundo que neles não via e neles não sentia o capital.

Era um tempo e era um mundo que enterrava poemas entre pedras e cinzas para que fenecessem no tempo.            

Mas os poemas eram fortes e qual flor de lótus que do lodo sempre emana e sempre viceja, os poemas submersos afloraram e começaram a ser entoados e começaram a ser cantados em todos os cantos de nossa Santa Cruz terra.

E todas aquelas flores de lótus ao aglutinaram-se, juntaram-se a muitas outras flores em um imenso jardim. Jardim repleto de muitas, imensas, variadas e coloridas flores que eu espero ver vicejar sempre mais, qual flor de lótus, emergindo cada vez mais e mais bela das profundezas dos lodaçais que por décadas as submergiram.

E porque foi num repente que de poemas a terra nossa foi tomada. E porque multiplicaram-se os poemas e porque multiplicaram-se as vozes que ovacionaram os poemas e porque multiplicaram-se as mãos que aplaudiram os poemas que possível foi agregar esta plêiade que hoje é a nossa Academia do Letras do Brasil – Canoinhas.

Esta é a nossa flor de lótus, a nossa renascida flor de lótus, a nossa modesta Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, aglutinadora dos poemas todos estagnados dentro de nosso eu.

E hoje, dez anos passados muitas histórias temos a contar, muitas letras por este chão foram espalhadas, muitas luzes acenderam-se e uma nova plêiade de novos escritores e poetas a cada dia surge ao nosso redor.

Espalhamos o nosso ardor pelos Concursos e Festivais Literários Estudantis.

E os meus fantasmas sorriem para mim. Sorriem numa alegria intensa por ver-me sorrir. Felizes pelo presente que nesta noite nos trouxeram. Felizes por conosco comemorar os nossos dez anos em que espalhamos nossas letras pelo mundo.

Ω

Muito mais há para contar sobre aquela Noite de Festa das Letras. Em outra coluna contarei.

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