Crise é prejudicial em especial para os agricultores
Há duas semanas participei do Encontro Nacional sobre Milho e Sorgo e a palestra de abertura foi realizada pelo pesquisador Emerson Limberger da Corteva Agriscience sobre “Adoção de novas tecnologias no combate a estresses potencializados pelo aquecimento global”. Para quem não lembra, a Corteva é hoje uma das gigantes do agro mundial, fundada a partir das fusões da Dow, DuPont e Pioneer.
Pois bem, a Corteva, assim como todas as grandes empresas do agronegócio, ao contrário de muitos brasileiros, está levando muito a sério a questão do aquecimento global. A confirmação se dá pela quantidade de pesquisas e desenvolvimento relacionados a novos produtos que se adaptem às mudanças ambientais que estão ocorrendo em função do aumento real da temperatura no planeta.
Sem dúvida, é importante saber que elas vêm trabalhando sério no desenvolvimento de novos produtos, pois talvez, sem eles será difícil produzirmos alimentos em um futuro não muito distante. Mas, é importante lembrar que, para as multinacionais o aquecimento é visto como um grande negócio, e que a geração de cultivares melhorados adaptados à secas, pragas e doenças, vai contribuir para a geração de bilhões de dólares em lucros.
E sabe o que isso significa para nossa agropecuária? Custos de produção cada vez maiores. E quais as alternativas? Acima de tudo é preciso que todos assumamos que o aquecimento global é real. Não há mais como negar, em função da imensa quantidade de dados, pesquisas e infelizmente, de confirmação das previsões até então.
Quando assumirmos que ele é real, começaremos a agir sabendo que ainda é possível evitar o pior. No meio rural isso significa trabalhar proporcionado maior proteção ao solo, com ênfase no plantio direto; proteção da água, com uso eficiente da irrigação, conservação de nascentes e cursos d’água; uso eficiente de maquinários e sistemas de produção mais sustentáveis, como adubação na cobertura do inverno, sistemas integrados de produção, sistemas silvipastoris; SPDH entre tantos outros.
Assim como as multinacionais, mas com foco diferente, as empresas públicas de pesquisa agropecuária como a Epagri, Embrapa, IDR e tantas outras, também vem desenvolvendo estratégias de mitigação aos efeitos das mudanças climáticas na agricultura. Essas pesquisas são fundamentais para dar suporte às políticas públicas de apoio à Agricultura e para a geração de tecnologias adaptadas às diferentes realidades do nosso Estado e do país.
Como cidadão(ã) e como produtor(a) rural vamos juntos fazer a nossa parte e lembrar que essa terra não é nossa, é apenas emprestado de nossos filhos e netos. Pense no que cada um quer deixar para eles.