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Histórias que os jornais não contam

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Durante minha adolescência e primeiros anos da Faculdade de Letras, comprei e li muitos livros de Moacyr Scliar. Lembro-me de o ter descoberto ao percorrer as estantes de uma livraria em busca de escritores gaúchos que, à propósito, sempre me encantaram, como seus conterrâneos Mario Quintana e Erico Verissimo. Esse fator me motivou a decidir onde cursaria Mestrado e Doutorado em Literatura, a saber, na federal de Porto Alegre, e dedicar anos a estudar academicamente a vasta produção do autor de “O Tempo e o Vento”.

Sabe quando a pessoa se apaixona por um escritor e começa a ler tudo o que pode sobre ele? Pois isso aconteceu comigo naquele entrementes e ocorreu uma sucessão de descobertas, as quais relato a seguir: meu primeiro contato com Scliar foi através de uma compilação de contos para a série “Para gostar de ler”, denominada “Em um país chamado infância”, cujas narrativas evidenciam, com muita sagacidade, as diferentes perspectivas entre um infante e um adulto. Semelhante tema é abordado em sua outra antologia “Pai e filho, Filho e pai”. Houve a etapa de ler seus romances, como “Doutor Miragem”, o qual tematiza a profissão do autor e os conflitos que os médicos enfrentam. Há também enredos mais amenos, como “A colina dos suspiros”.

Sendo um escritor singular em sua versatilidade, diversas vezes premiado e com um vasto número de publicações, se dedicou, também, à temática judaica em “O centauro no jardim”, e ao romance histórico, como “Mês de cães danados”, que relata a tensão no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros.

Depois de alguns anos e diversas leituras, eis que estou imiscuída na biblioteca da escola onde trabalho procurando um livro que não lera dentro os inúmeros recebidos este ano para rechear o acervo disponível aos estudantes, e me deparo com “Histórias que os jornais não contam”, uma antologia com cinquenta e quatro crônicas de meu velho amigo da adolescência que, por um tempo, eu não tivera contato literário, pois estava entretida com obras de outros escritores. Imediatamente emprestei o livro e o li no mesmo dia, uma vez que o estilo de Moacyr Scliar é simplesmente sedutor, isto é, impossível de resistir e de abandonar!

Os textos são baseados em notícias de jornal e, para isso, o escritor elabora supostas situações que comporiam o contexto da manchete, sempre com muita sátira e criatividade para gerar o clímax da narrativa e o desfecho indagativo que o gênero crônica exige.

Diferente de muitas resenhas que já publiquei, não farei uma exegese detalhista, tampouco direcionarei o leitor para meu viés interpretativo, pois meu intuito hoje é provocá-lo a se embrenhar na inigualável produção literária de Moacyr Scliar e, assim como eu, fazê-lo um amigo para toda a vida! Amizade genuína, digna de risadas, prantos, segredos, espantos, desapontamentos, e, até mesmo, um intervalo na interação para, logo, um reencontro avassalador, como o que me ocorreu recentemente na biblioteca da escola…

(SCLIAR, Moacyr. Histórias que os jornais não contam. 54 crônicas inspiradas em notícias de jornal. Porto Alegre: L&PM, 2018).  

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