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Guerra de facções: Canoinhas tem julgamento histórico nesta terça-feira

Imagem:Arquivo

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Sentarão no banco dos réus sete acusados de participar do assassinato de dois jovens

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O Fórum da comarca de Canoinhas será palco de um dos maiores julgamentos dos últimos anos. Pela primeira vez em décadas, sete réus serão submetidos ao tribunal do júri nesta terça-feira, 22. O crime a ser julgado é um duplo homicídio, porém, tem como pano de fundo a guerra declarada entre duas facções criminosas que operam na região de Canoinhas.

Em junho de 2020 após confraternização em uma casa localizada na Avenida Expedicionários, em Canoinhas, os denunciados Andrei Alves Godoy, conhecido como Atentado, Igor Gabriel Conceição Schimidt, mais conhecido como Gordinho, Danilo Henrique dos Santos, chamado de Aniquilador, Edimário Soares Fragoso, também conhecido como Gabiru, e Giovani Eduardo Owsiany, apelidado de Gil, segundo o Ministério Público (MPSC) sob as ordens e autorização de Jenifer de Augustinho, mais conhecida como Maléfica, mataram Luís Henrique Padilha dos Santos, 20 anos, e Jairo Adriano Smikatz Filho, 15 anos, alvejando-os com tiros na região da cabeça.

Santos foi alvejada por dois disparos de arma de fogo entre as sobrancelhas, distantes dois centímetros um do outro. Havia lesões, ainda, na região peitoral e na perna esquerda.

Smikatz Filho foi alvejado por três disparos de arma de fogo. Havia ferimentos, ainda, na região peitoral e na região cervical esquerda.

“Destaca-se que a denunciada Jenifer de Augustinho tinha o domínio final da ação, uma vez que exercia função de comando na organização criminosa integrada pelos demais denunciados, denominada PGC (Primeiro Grupo Catarinense)”, frisa o MPSC.

 O propósito das execuções, na visão do MPSC, foi de proteger e fortalecer as atividades do PGC, “principalmente, em face de, supostamente, as vítimas serem simpatizantes da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), pois disputam território nesta Comarca. Os atos criminosos foram praticados, ainda, mediante recurso que, no mínimo, dificultou a defesa das vítimas, já que os denunciados estavam em superioridade numérica, armados, tendo alvejado as vítimas que estavam sob efeito de álcool, incapacitadas de oferecer resistência”.

Em seguida, Danilo e Edimário, desta vez com ajuda de Willian da Silva, chamado de Atitude, e de um adolescente que pela idade não pode ser julgado por júri popular, enterraram os corpos em uma cova rasa próxima da ponte que separa os distritos canoinhense de Marcílio Dias, e tresbarrense de São Cristóvão.

O MPSC acredita, baseado na apreensão de celulares, que Jenifer era representante do PGC na região e integrou os demais acusados ao grupo logo depois do crime cometido contra os dois jovens como uma prova de lealdade. “Associados à organização criminosa, os denunciados Edimário Soares Fragoso, Willian da Silva e Giovani Eduardo Owsiany exercem a função de ‘abatedores’, isto é, executores das ordens passadas pelos líderes da organização, notadamente, assassinato de inimigos e ocultação de cadáveres. A organização criminosa PGC ainda mantém conexão com outras facções criminosas independentes de conhecida e violenta atuação em outros Estados da Federação, quais sejam, Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN)”, sustenta o MPSC.

Andrei, Giovani e Edimário foram presos preventivamente em 23 de novembro de 2020. Willian, Jenifer e Danilo foram presos preventivamente no dia seguinte.

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Civil tratava de um caso de duplo desaparecimento relacionado às duas vítimas quando recebeu a informação de que eles teriam sido executados a mando da “disciplina” do PGC, Jenifer de Augustinho. Ela foi presa mediante mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça. Com ela foi detido um menor de idade que, aparentemente vivia um relacionamento amoroso com Jenifer, estava morando em sua casa e era acusado de tráfico de drogas. No celular do menor, os policiais encontraram fotos das vítimas mortas. Os corpos foram encontrados em seguida em uma vala de um metro de profundidade.

Cova na qual os corpos foram encontrados/Arquivo

Nos celulares dos demais detidos novas provas foram colhidas.

Outro suspeito de envolvimento com a facção foi preso dias depois trazendo drogas de Joinville para Canoinhas. Ele apontou Edimário, Giovani, Andrei e Danilo como autores do crime.

A Polícia apurou, também, que todos os envolvidos estavam em um churrasco em uma casa conhecida como ponto de tráfico de drogas. Lá, as duas vítimas teriam admitido simpatia pelo PCC, o que teria selado seus destinos.

CONTRAPONTO

A defesa de Jenifer e Willian sustentou que não há indícios suficientes de autoria a embasar a denúncia.

Já as defesas de Edimário e Danilo alegam fragilidade das provas.

A defesa de Igor requereu sua absolvição por inexistência de provas.

As defesas de Giovani e Andrei negam qualquer participação dos clientes no crime.

O tribunal do júri está marcado para começar às 9 horas desta terça, 22, no Salão do Fórum da comarca de Canoinhas.


QUEM É QUEM

Jenifer de Augustinho, mais conhecida como "Maléfica", chamada de disciplina (líder) do grupo;  
Os crimes que teria cometido: organização criminosa, assassinato por motivo torpe, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas por duas vezes, ocultação de cadáver e corrupção de menores. 
Pena: se for condenada por todas as acusações, ela deve ficar ao menos 30 anos na cadeia. 


Edimário Soares Fragoso, mais conhecido como "Gabiru". Ele é acusado de ser auxiliar direto do “disciplina” do PGC na região; 
Os crimes que teria cometido: organização criminosa, assassinato por motivo torpe, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas por duas vezes, ocultação de cadáver e corrupção de menores.
 Pena: se for condenada por todas as acusações, ela deve ficar ao menos 30 anos na cadeia. 


Andrei Alves Godoy, mais conhecido como "Atentado", responsável por ser o ‘cabeça’ das execuções a mando da facção;
Os crimes que teria cometido: assassinato por motivo torpe, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas por duas vezes.
Pena: de 6 a 20 anos de prisão.

Igor Gabriel Conceição Schimidt, mais conhecido como "Gordinho"; 
Os crimes que teria cometido: assassinato por motivo torpe, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas por duas vezes
Pena: de 6 a 20 anos de prisão.



Danilo Henrique dos Santos, mais conhecido como "Aniquilador". Natural de Rio Negrinho, ele teria assumido a função de “disciplina” do PGC na região de Canoinhas depois da prisão de Jenifer;
Os crimes que teria cometido: assassinato por motivo torpe, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas por duas vezes.
Pena: de 6 a 20 anos de prisão.


Giovani Eduardo Owsiany, mais conhecido como "Gil", tido como “companheiro” da facção. Essa função significa que o integrante não paga o dízimo e está sujeito às ordens do “disciplina”;
Os crimes que teria cometido: organização criminosa, assassinato por motivo torpe, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas por duas vezes.
Pena: de 6 a 20 anos de prisão.


Willian da Silva, mais conhecido como "Atitude". Ele é apontado como ‘irmão batizado’ da facção, isso significa que se trata de um viciado e/ou traficante que tem um padrinho na facção. Se ele errar com os líderes, o padrinho assume as consequências;
Os crimes que teria cometido: Organização criminosa, Ocultação de cadáver e corrupção de menores.
Pena: de 2 a 7 anos de prisão.

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