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Em cinco anos, revendas de Pike movimentaram R$ 95 milhões, aponta MPSC

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Para o Ministério Público, além da empresa no seu nome, ele usava, pelo menos, outros dois laranjas

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Na denúncia oferecida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) à Justiça, há um detalhamento do quanto Beto Passos (PSD) e Renato Pike (PL) enriqueceram desde que assumiram a prefeitura de Canoinhas.

No caso de Renato Pike, a movimentação financeira se alastrava pelas contas de laranjas, aponta o MPSC. “Apesar de atualmente ocupar um cargo político de segundo escalão na estrutura política municipal de Canoinhas, o vice-prefeito Renato (Pike) no decorrer dos anos soube com profissionalismo escalar a pirâmide da influência pecaminosa da política e por meio dela construir um patrimônio milionário e completamente blindado por sua estrutura de asseclas e colaboradores, filiando-se às mais nefastas práticas de corrupção que pulsam sistemicamente nos municípios de Planalto Norte Catarinense e, infelizmente, em grande parte do País.”

Somente entre 2017 e 2020, Pike movimentou milhões entre as suas contas bancárias e a de laranjas, além de acumular um patrimônio milionário de imóveis, grande parte em nome de pessoas interpostas, segundo apurou o MPSC. Adoniran José Gurtinski Borba, sobrinho de Pike, e Sidnei José Teles, funcionário da revenda do vice-prefeito, seriam os auxiliares diretos de Pike na suposta empreitada criminosa. “A função deste núcleo é branquear os valores ilícitos granjeados por Renato no curso da gestão pública do município de Canoinhas. Para isso, o grupo se vale de revendas de veículos fantasmas e de fachada, buscando movimentar e dar ares de legalidade ao dinheiro sujo.”

Além da Brasil Veículos, revenda que todos sabiam ser de Pike, o MPSC desconfia que ele tinha outras duas revendas em nome de Teles e Borba. A empresa de Teles, contudo, seria fantasma, ao passo que a revenda de Borba de fato existia. Ambas as empresas possuem o mesmo número telefônico no comprovante de inscrição cadastral.

Várias pessoas relatam que Teles é pessoa simples, sem escolaridade, que sofre de alcoolismo e trabalha lavando carros nas revendas de veículos de Pike. Em janeiro de 2019, Teles foi preso por dirigir embriagado. Ele disse à Polícia que não era alfabetizado, nunca teve habilitação, não tem moradia própria e tem renda mensal aproximada de R$ 800. Ele ainda queria saber o nome dos policiais militares que o abordaram. Questionado pelo delegado porque ele queria saber, Teles disse ao delegado que “não interessa para você”. Pike foi quem pagou a fiança para soltar Teles.

Apesar da simplicidade, Teles movimentou R$ 11 milhões em cinco anos conforme extrato bancário de sua empresa. Em sua conta física, contudo, ele movimentou pouco mais de R$ 38 mil no mesmo período. Já Borba movimentou R$ 28 milhões em cinco anos na conta empresarial e R$ 5 milhões na conta pessoa física.

Dessa forma, somente com os dois supostos laranjas, Pike teria movimentado R$ 10 milhões por ano, valor que para o MPSC seria impossível de movimentar somente com a venda de carros.

Esse valor se soma aos R$ 44 milhões movimentados em cinco anos pelo próprio Pike por meio de suas contas. Chama a atenção um depósito de R$ 90 mil feito por Passos a Pike em 8 de junho de 2018.

No total, em cinco anos, somando contas próprias e de supostos laranjas, Pike teria movimentado R$ 95 milhões.

No organograma atribuído a Pike há 19 supostos laranjas que ajudariam Pike a ocultar patrimônio. Na denúncia, contudo, não há detalhamento sobre a suposta participação de todos no esquema. Em um dos casos, o JMais apurou que a pessoa vendeu uma casa para Pike, mas ainda não tinha tirado do seu nome, o que foi interpretado pelo MPSC como um caso de ocultação de patrimônio por parte do vice-prefeito. Segundo o MPSC, Pike teria mais de R$ 7 milhões entre bens declarados e não declarados.

CONTRAPONTO

A defesa de Pike disse que não vai se pronunciar, no momento, a respeito das acusações que pesam contra seu cliente.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Borba e Teles.

A defesa de Passos disse que “depois que tivermos acesso a tudo o que existe teremos como avaliar e manifestar algo”, acrescentando que já apresentou pedido ao Tribunal de Justiça.

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