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É possível conciliar o agronegócio e a Amazônia de pé?

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Já não existe espaço para negar a crise ambiental

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Se por um lado o agronegócio é responsável por mais de 20% do PIB brasileiro, por outro, o setor é apontado como um dos grandes responsáveis pelo desmatamento de florestas tropicais. Ou seja, já não existe espaço para negar a crise ambiental, em especial na Amazônia.

No entanto, não só é possível, como é necessário conciliar o agronegócio e a Amazônia de pé. E mais. “Não é economicamente viável expandir lavouras em cima de florestas, porque os prejuízos são muito maiores”, explica o doutor Argemiro Teixeira, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cuja pesquisa publicada na Nature mostra que a diminuição de chuvas, devido ao desmatamento da Amazônia, reduz também a produtividade e, consequentemente, o rendimento de produtores. “No cenário atual, sem uma política eficaz de combate ao desmatamento, as perdas para produção de soja até 2050 podem ser de R$ 32,2 bilhões. Já para a produção de carne, nós teríamos perdas de aproximadamente R$ 1 trilhão nas próximas três décadas”, diz o pesquisador.

Teixeira defende que o combate ao desmatamento precisa ser considerado uma política nacional – uma política ambiental também a favor do agronegócio. O que falta é uma integração real entre os atores envolvidos. Representantes do setor privado e do governo se mostram igualmente a favor de políticas socioambientais e econômicas que avancem juntas. Para presidente da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), Marcello Brito, muitos produtores do setor entendem a importância da floresta em pé e das políticas socioambientais para seus próprios negócios. A verdadeira barreira é a falta de informação. Para ele “O problema é que o acesso a esse tipo de informação é limitado a pouca gente. Precisamos acabar com a insanidade do desmatamento da Amazônia e a ciência já comprovou que traz prejuízo às safras. Tem muita gente no agro brasileiro que trabalha para trazer alimentos de altíssima qualidade para nossas casas, mas vivemos um momento em que a ciência não é respeitada e não tem sido aplicada no Brasil”.

Somos produtores respeitados mundialmente, em função de décadas de desenvolvimento de técnicas sustentáveis na agricultura. O próximo passo é abraçar a ciência ambiental. Essa é a única saída a longo prazo no Brasil e para isso, é fundamental quebrar a ideia de que um ator é bom e outro é ruim.

Neste sentido, uma peça fundamental para a proteção ambiental é o incentivo econômico aos produtores. Apesar de avanços no setor privado com a Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (14.119/21), ainda não existem políticas públicas para alavancar e subsidiar a proteção de nascentes.

Há alguns exemplos de iniciativas que buscam essa integração entre valorização ambiental e conservação, mas a nível nacional o que existe ainda é muito pouco. Que em 2022, governo e sociedade organizada se dediquem a fortalecer esse diálogo e principalmente as ações. Porque, queiram ou não, todos nós, de qualquer local do Brasil, inclusive aqui em Canoinhas, não podemos mais fingir que as mudanças climáticas não existem. Um ótimo 2022, com muita preservação, produção agrícola, valorização da Ciência e qualidade de vida para todos nós.

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