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Coral Santa Cecília de Canoinhas, 112 anos: um canto a ser contado

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Reportagem multimídia resgata história do coral centenário

 

Pesquisa e textos: Matheus Prust

Reportagem: Edinei Wassoaski

Entrevistas: Leonardo Carriel

Edição: Luiz Felipe Mayer Reinert

 

GÊNESE

Com a criação da Paróquia de Santa Cruz de Canoinhas, no início dos anos 1910, o bispado de Florianópolis pôde instalar o primeiro vigário da região que, até então, era atendida por missionários. O franciscano Frei Menandro Kamps, impulsionador de diversos avanços na estrutura urbana e social daquela jovem comunidade, possuía sólida formação musical, adquirida em sua terra natal, Südlohn, Prússia, e continuada em Petrópolis, Rio de Janeiro. Além de ter formado um coro infantil em sua escola paroquial, com participação de 70 crianças da pequena população de 500 residentes no centro urbano de Canoinhas, foi o articulador do coro da paróquia.

Quando a família Steffen-Werner se mudou definitivamente para a região, em 1913, Frei Menandro incumbiu Rosalina Steffen Werner da tarefa de criar um coro de devotos. Vinda de São Pedro de Alcântara e Florianópolis, onde aprendeu canto, violino e órgão, Rosalina, com 20 anos de idade, cuidava de seus filhos e irmãos mais novos, dedicando-se, também, a obras caritativas e religiosas. Para a formação do coro, Frei Menandro adquiriu, em Curitiba, com os parcos recursos da paróquia, um singelo harmônio, e cedeu as partituras trazidas por ele de Petrópolis.

Vista parcial da cidade, então chamada “Ouro Verde”. Canoinhas, 1927. Imagem: Curt Uhlig

Rosalina Steffen Werner, fundadora do Coro dos Devotos, a origem do Coral Santa Cecília, reuniu familiares e membros da comunidade em torno da música sacra, dando início a tradição coral em Canoinhas. Com a chegada das Irmãs Franciscanas de Maria Auxiliadora, em dezembro de 1920, o coro iniciaria uma nova fase, liderado pela austríaca Irmã Maria Carolina Gross. Uma das fundadoras do Colégio Sagrado Coração de Jesus, a pianista e organista foi uma das principais responsáveis pelo coro após o falecimento de Rosalina Steffen Werner, em 1922.

Assim nascia o Coral Santa Cecília, de Canoinhas:

Cronografia mostra os principais fatos que anteciparam e sucederam a criação do Coral / Reprodução do livro “Como vai o coro? Sempre Azul?”

 

HISTÓRIAS

Com a chegada das irmãs missionárias franciscanas, em fins de 1920, a Canoinhas, apresentaram-se novas referências musicais para o coro comunitário, que, nas décadas seguintes, teria a participação decisiva da austríaca Irmã Maria Carolina Gross. A atuação da religiosa, junto dos frades franciscanos, saxões e brasileiros, e da comunidade, permitiu o contínuo crescimento do coro.

A partir da década de 1920, quando Canoinhas via o florescer de sua economia e o avanço da urbanidade e seus aparatos culturais, houve a preocupação de formalização do coro, batizado como Santa Cecília, em 1926. Notava-se a participação regular nas missas de domingo, em ofícios solenes, festas do calendário e celebrações da comunidade. A partir daquele ano, o coro faria apresentações públicas fora da igreja, como em cine-teatros, realizando, também, as suas primeiras viagens.

Entre os anos de 1921 e 1956, o coro foi dirigido pelas irmãs e frades franciscanos, posteriormente retornando aos cuidados de leigos. Nesse período, consolidaram-se as bases do Coro Santa Cecília que, a partir de meados de 1950, iniciaria uma nova fase, como Schola Cantorum “Santa Cecilia”, uma instituição de ensino e prática musicais.

 

 

 

 

NOVOS TEMPOS

A década de 1980 marcou o início de um ciclo da música coral em Canoinhas. O forte movimento vivenciado entre os anos 1950 e 1970, fez emergir um vivo cenário musical na cidade, formando uma geração de cantores que continuaria a representar o canto coral na região. Com a chegada de Maria de Lourdes Reisdoerfer Brehmer e Bern Walter Grafe no Coro Santa Cecília, a partir de 1984, o enfoque dado à integração social foi um fator determinante para a criação da nova identidade do grupo.

A música coral nunca cessou na Matriz de Canoinhas. Mesmo com as divergências no período da reestruturação física da igreja, na década de 1980, os coralistas seguiram oficiando, de forma independente, as atividades religiosas, mantendo uma tradição que remontava às origens daquela igreja. Os cantores se apresentavam por demanda, estando à disposição da paróquia.

Coral da Cruz Vermelha Brasileira e Banda de Música do 3° BPM. Canoinhas, 1984. Imagem: Egon Thiem

Com o encerramento das atividades do Coral da Cruz da Cruz Vermelha Brasileira, uma nova fase do Coral Santa Cecília foi iniciada. Em fins de 1986 e início de 1987, em um movimento liderado por Maria de Lourdes Brehmer, o coral sacro foi reorganizado na Matriz, desenvolvendo uma dinâmica atuação, religiosa e civil.

Em fins de 1988, o Frei Bernardo Oleskovicz, apoiador da nova formação do Coral Santa Cecília, havia deixado o sacerdócio. As propostas dos cantores, então, eram acordadas com o novo vigário e demais gestores, notando-se uma atuação ativa até meados da década de 1990, tanto no campo religioso como no social. Em 1995, contudo, houve uma resistência para a participação do coral na Matriz.

À época, um conjunto instrumental e vocal litúrgico independente atuava nas missas, apresentando um repertório mais acessível aos fiéis, participando do movimento de renovação carismática católica. O número de aparições do coral na igreja diminuía gradativamente, causando ruídos na comunidade.

Mesmo com as dificuldades, o coral sempre se manteve ativo, buscando soluções práticas para garantir a sua continuidade. Os cantores continuaram a participar na Matriz com uma missa mensal, mas ainda existia instabilidade institucional. Independentemente de sua ligação com a paróquia, o coral era, desde a sua gênese nos anos 1910, um grupo da comunidade canoinhense, por ela mantido e para ela existente.

Festa Estadual da Erva Mate (Fesmate). Canoinhas, anos 1990. Acervo: Coral Santa Cecília

No período entre 1996 e dezembro de 1999, o coral esteve instalado no Colégio Sagrado Coração de Jesus. Através do apoio das irmãs franciscanas, antigas e tradicionais colaboradoras do coral, foi cedida uma sala de ensaios e de arquivo. O coral, como de costume, solenizava as formaturas de ensino médio e cursos de normalistas, na capela do colégio. Para a compra de materiais e custeio de apresentações, foram realizadas campanhas de arrecadação, com participação dos coralistas e comunidade.

Em 1999, passados dois anos desde o afastamento do coral da programação regular da Paróquia de Canoinhas, os coralistas iniciaram um movimento no sentido de retornar à igreja. Nesse período, o coral era presidido por Maria Carmela Pedrassani e tinha regência do professor Bern Grafe. Marcando o retorno do Coral Santa Cecília à igreja, foi instalada uma sala de ensaios, com arquivo anexo, na Matriz.

Natal da Paz. Canoinhas, 2021. Imagem: Prefeitura Municipal de Canoinhas

Com o passar dos anos, vários padres dedicaram atenção especial ao coral, como o Frei Remígio Cita, Frei Marcos Antonio Zir e Frei Valcir Baronchello, envolvendo-o em solenidades especiais e nas missas cotidianas.

A partir dos anos 2000, reformulando a agenda prevista no Estatuto de 1988, foram estabelecidas apresentações anuais fixas e os parâmetros para apresentações por convite. O coral participava, rigorosamente, das missas do 4º domingo do mês, na programação da Semana Santa, Missas de Santa Cecília, Santo Antônio e São Francisco, Missa anual da Rede Feminina de Combate ao Câncer e na programação de Corpus Christe e Natal. Em vários anos, as apresentações do coral ultrapassaram o número de 40 eventos, conforme notado nos livros de atas.

 

Regentes do Coral Santa Cecília (1913-2023)

1913 – 1922
Rosalina Steffen Werner

1915 – 1925
João Guilherme Sauer

1921 – 1969
Irmã Maria Carolina Gross

1924 – 1926
Frei Tarcísio Schreckenberg, OFM

1930 – 1941
Frei Anacleto Wiltuschnig, OFM

1941 – 1944
Frei Bartolomeu Meurer, OFM

1947 – 1956
Frei Arnulfo Hoffroge, OFM

1952 – 1982
Aloysio Soares de Carvalho

1956 – 1967
Pedro Reitz

1964 – 1965
Iolanda Trevisani

1970 – 1973
Irmã Angélica Both

1984 – 2023
Maria de Lourdes Reisdorfer Brehmer

1988 – 2011
Bern Walter Grafe

1997 – 1999
Waldomiro Fernandes

2019 – 2024
Vitor Eduardo Abuda Wendt

Coro Santa Cecília, fundadores (1913)

Vigário
Frei Menandro Kamps

Regente
Rosalina Steffen Werner

Coralistas
Alvina Steffen Soares, Ana Franz Bosse, Antônio Kohler, Aulike, João Zauer, Leopoldo Steffen, Maria Konig, Maria Theiss Mayer, Mariz Franz, Pedro Werner, Rodolpho Steffen, Rosalina Steffen Werner.

 

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