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Qual é a política de Santa Catarina?

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José Ernesto Wenningkamp Jr.*

A ideia para escrever o texto de hoje, nasceu alguns dias atrás quando participei de um evento aqui em Porto União, em que a atual vice-governadora Daniela Reinehr se encontrava. E naquele instante me pairou uma dúvida: qual é a política de Santa Catarina?

Hoje eu já me adianto que não entrarei nos corredores do Palácio Barriga Verde, ficarei apenas na residência oficial, na Casa d’Agrônomica.

A disputa pela cadeira de governador, daquele que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE/2021) é a quinta maior economia do Brasil, mostra-se diferente da que foi observada no pleito de 2018, e se comparada as anteriores o abismo torna-se ainda maior.

Alguns de vocês podem estar se perguntando, mas por que? Para tentar responder essa questão precisamos retroceder ao passado. O cenário político catarinense, o poder de chefiar o estado, foi sempre, é claro, guardando as devidas proporções, passando de mãos e mãos de uma forma meio contínua. Tivemos a fase de Esperidião Amin, a de Luíz Henrique e também a de Raimundo Colombo. Ficava sempre aquela questão de que mesmo sendo super disputada a gente sabia que algum nome já tão conhecido seria o eleito.

Agora ao passarmos para 2018, essa tradição de continuidade catarinense, mesmo que de opostos, deixou de existir. Já é de conhecimento de todos nós que a onda bolsonarista que se instalou pelos quatro cantos do Brasil influenciou diretamente a eleição aqui do Estado. Conseguimos nos tornar o maior colégio eleitoral de Jair Bolsonaro, e como em outros Estados, elegemos ao cargo de governador alguém que estava aliado ao mesmo sistema político.

Foi nesse instante que o bombeiro militar que nunca havia disputado uma campanha política desembarcou de mala e cuia nos aposentos d’Agronômica. E aqui é importante a gente citar que Carlos Moisés da Silva apareceu na primeira pesquisa eleitoral divulgada pelo Ibope, com apenas 1% dos votos. No momento do resultado final deixou para trás nomes de peso do cenário catarinense, como é o caso de Mauro Mariani, do MDB.

Com o passar dos meses, Moisés, que na época era do mesmo partido de Bolsonaro, o PSL, começou a deixar de lado aquela política que o ajudou a ser eleito, a de não compactuar com os velhos ideais que permeavam o meio político brasileiro. Já de inicio trabalhou para formar ampla maioria na Alesc e para isso conseguiu apoio de deputados ligados ao MDB, PR, PDT e PSDB.

O agora ex-bombeiro passou a entender que política é muito mais do que apenas palavras ao vento. Podemos dizer que ele passou a fazer política, tal qual o seu primeiro significado, que é o de existir em conjunto. Nenhum político consegue viver sozinho, jogando fora toda a velha política, ainda mais falando de Santa Catarina.

Bom, mas vamos avançar um pouco mais, e pensar um pouco mais a frente, a terra barriga verde de 2022. Como será está eleição que está se desenhando no horizonte? No meio do caminho, Carlos Moisés encontrou uma pandemia, os respiradores, os processos de impeachment, o desembarque do seu governo da vice-governadora, e como ápice da sua tão nova carreira pública o abandono por completo das pautas e ideologias bolsonaristas.

Agora se observamos o pleito deste ano, atendo-se apenas aos nomes que já se colocaram como pré-candidatos, a pergunta que fica é, onde Santa Catarina foi parar? De um lado temos Jorginho Melo, ferrenho defensor de Bolsonaro, inclusive durante a CPI da pandemia. No outro canto encontra-se Gean Loureiro que até pouco tempo estava ocupando o cargo de prefeito de Florianópolis. Ainda nos entremeios das pré-candidaturas estão nomes como Décio Lima, os ex-governadores Esperidião Amin e Raimundo Colombo.

Agora, de um lado completamente oposto encontra-se Carlos Moisés, que soube ir aproveitando os espaços que iam surgindo a sua frente. Se no momento em que o caso dos respiradores e os dois processos de impeachment vieram a tona ele tinha perdido uma parte da sua base aliada, atualmente ele pode estar nadando de braçada em um mar bem calmo.

Santa Catarina passou a ser governada por um populista a la século 21, e aqui o Plano 1000 já serve como uma das principais repostas a tudo o que questiono desde o início desta coluna. Moisés, abraçou o povo, deixando de lado o bolsonarismo ferrenho, mesmo estando no maior reduto bolsonarista do País.

 Se Moisés irá se reeleger em outubro, atualmente ninguém sabe, a vida é feita de ciclos, e ao novo amanhecer tudo pode mudar. Mas, atualmente, de todos os possíveis pré-candidatos ele é o único que soube dar a cartada certa no momento oportuno.

E para não dizer que eu não contextualizei, encerro esta coluna citando o professor de ciência política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Augusto Prado, que afirmou em uma entrevista a BBC Brasil em 2020 o que resume bem quem é este grupo de políticos que um dia esteve ao lado de Bolsonaro.

“A eleição de 2018 juntou no mesmo ambiente liberais que apostaram na figura de Paulo Guedes, órfãos do PSDB, lavajatistas e antipetistas que viram no Bolsonaro uma alternativa com vigor eleitoral. […] São grupos conservadores, mas que não são contra a democracia e se afastam da parcela que […] defendem valores que remontam a Idade Média”.

O porquê de eu ter pensando nesta coluna após um encontro com a vice-governadora, você acompanha no próximo domingo aqui no JMais. Até lá.

*José Ernesto Wenningkamp Jr. é jornalista

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