Operação Arquivo Morto investiga suposto esquema envolvendo vereador e assessor
Após a operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrada na manhã desta terça-feira, 11, para apurar irregularidades contratuais na Câmara de Vereadores de Timbó Grande, o presidente do Legislativo, Evandro Carlos de Medeiros (MDB), foi afastado do cargo por tempo indeterminado. Um servidor da Câmara também foi afastado, suspeito de ser cúmplice de Medeiros.
Foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão e os dois mandados de suspensão do exercício da função pública, expedidos pelo Poder Judiciário catarinense.
Nesta segunda fase da operação, o foco da investigação são possíveis irregularidades em contratos públicos firmados pelo Poder Legislativo de Timbó Grande, supostamente maculados por fraudes em orçamentos e superfaturamentos, falsificação de documentos, peculato e corrupção, além de possíveis irregularidades no pagamento de diárias. Além do presidente da Câmara e um servidor comissionado, empresários que teriam aderido ao esquema foram visitados pelo Gaeco.
Os 32 mandados de busca e apreensão e os dois mandados de suspensão do exercício da função pública foram expedidos pela Vara Única da Comarca de Santa Cecília, e a execução das ordens ocorreu nos municípios de Timbó Grande, Videira, Caçador, Canoinhas, Irani e Ipumirim, em Santa Catarina, bem como no município de Erechim, no Estado do Rio Grande do Sul.

Participaram da operação dois promotores de Justiça e 59 policiais integrantes do Gaeco. Dezenove viaturas foram empregadas na operação. A Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Divisão de Investigação Criminal de Canoinhas, e a Polícia Rodoviária Federal, também prestaram apoio ao cumprimento das ordens judiciais.
O delegado da DIC de Canoinhas, Darci Nadal Jr, confirmou o cumprimento do mandado em Canoinhas, mas não revelou onde foi cumprido.
A investigação prossegue em segredo de justiça.
CÂMARA

A sessão da Câmara de Timbó Grande desta terça-feira foi presidida pelo vice-presidente, Camilo Sulger (PSB). Instado pelo colega Daniel Hoffmann (PSDB), Sulger confirmou o afastamento de Evandro, mas não quis detalhar os motivos do afastamento por tempo indeterminado. “O senhor, como membro da mesa diretora, não sabe de nada?”, questionou Hoffmann. “Isso é com o Ministério Público”, desconversou Sulger. Bastante nervoso, ele disse que vai se inteirar do assunto e deve convocar o suplente de Evandro.
ARQUIVO MORTO

O nome da operação deve-se às informações coletadas pela Promotoria de Justiça, no sentido de que, quando os procedimentos licitatórios fraudados foram descobertos por um dos servidores do legislativo municipal, ele os escondeu no arquivo-morto para que não fossem mais adulterados ou destruídos pelos investigados.
Na primeira etapa, deflagrada em fevereiro de 2024, quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Timbó Grande.