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Ainda há tempo de Passos consertar estrago causado por licitação

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Prefeito, contudo, pode se deixar vencer pelo próprio ego

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Alaércio Bremmer*

 

 

O campo da política é um grande jogo; e tal como em uma partida de xadrez, exige muita reflexão, avanços e recuos. Neste complexo jogo, tal como já citei outra vez em um artigo de opinião aqui no JMais, alguns movimentos e ações podem comprometer ao infinito. Neste tabuleiro sinuoso e incerto, saber elencar prioridades é um dos pontos centrais para o sucesso. Tomando este último ponto (saber elencar prioridades), creio que se pode dizer que o prefeito Beto Passos é um péssimo jogador.

 

 

 

 

Com efeito, não me parece uma escolha muito acertada, tampouco razoável, definir como prioridade o uso de R$ 450.000,00 para troca de lâmpadas do Estádio Municipal Benedito Therézio de Carvalho, o famoso “Ditão”. A prefeitura e os vereadores governistas bem tentaram justificar tal “prioridade”, outorgando ao esporte e sua importância as razões para tal. No entanto, esta justificativa não colou entre a grande maioria dos munícipes, e tornou-se mais esdrúxula e fraca quando se observou que tal licitação veio “coincidentemente” no momento em que a Federação Catarinense do Esportes pontuou como uma de suas exigências justamente a troca das lâmpadas para que o estádio pudesse participar dos campeonatos. Tudo isso, somado ao fato de que semanas antes, ao se aprovar a cessão do uso do estádio pelo “Nação Esportes Clube”, ficara assinalado de que este último seria o único responsável pelas reformas e manutenções que viessem a ocorrer, acabou por dar a impressão de que o povo canoinhense estaria sendo ludibriado, e é esta a interpretação que até o momento prevalece no debate público e nas redes sociais.

 

 

 

 

 

Esta interpretação ganha ainda mais força quando se olha no entorno do munícipio e se vê uma série de outras áreas mais prioritárias em que tal verba seria melhor empregada. Os vereadores da oposição, por exemplo, citaram a esfera da saúde pública, dada a atual crise sanitária que ora vivemos, contudo, não é nem preciso ir tão longe para se questionar outros possíveis usos para a mesma, basta que se olhe a esfera do próprio esporte, para se constatar que mesmo neste, há uma série de coisas que poderiam ser feitas antes de se trocar as referidas lâmpadas: fomentos para times do interior, desenvolvimento de projetos esportivos para crianças e adolescentes de comunidades mais carentes, investimentos em escolinhas de futebol, entre outros. Ademais, o prefeito Beto Passos, que por tantas vezes já fez vídeos ao lado do povo ouvindo suas demandas, poderia facilmente fazer o mesmo agora; certamente, haveria de constatar que nenhuma destas perpassa a troca de lâmpadas do estádio municipal. Aqui, é importante que se diga que ninguém faz objeção a estas trocas, proclama-se apenas o óbvio ululante: num contexto em que tantas pautas se fazem mais prementes, este é um luxo que o munícipio certamente pode esperar.

 

 

 

 

Com uma resposta fraca para o uso da verba e sem poder dizer que esta teria que ser destinada especificamente para a área do esporte (afinal, trata-se de recursos ordinários do munícipio), o prefeito encontra-se numa verdadeira sinuca de bico: se voltar atrás, estará dando razão para os argumentos levantados pela oposição, se seguir em frente, verá sua popularidade, que já vem bastante fragilizada por conta de sua explicita recusa dos projetos anteriores levantados pela oposição referentes aos fogos de alto estampido e a divulgação da lista de vacinados, se fragilizar ainda mais e se esvair pelos ares ante parte da população canoinhense. Nesse caso, não haverá entrevista em rádio, muito menos live que o consiga salvar.

 

 

 

 

 

 

Numa disputa que envolve os anseios do povo, e na qual se perde de um modo ou de outro, me parece contraproducente se colocar contra os interesses deste. Como aconselha o célebre filósofo Nicolau Maquiavel aos governantes, na sua famosa obra intitulada O Príncipe, é importante estar sempre atento ao povo e esforçar-se ao máximo para tê-lo ao seu lado. Beto Passos, no entanto, frente a seu orgulho cego para com a oposição e com atos políticos que pouco acrescentam de fato ao munícipio (como é o caso da supracitada troca de lâmpadas do estádio), parece esforçar-se para repeli-lo, esquecendo-se ainda que, neste jogo incerto da política, recuar pode ser uma virtude, e admitir o erro é muito mais benéfico que se seguir com ele. Ainda há tempo de se consertar o estrago. A ver agora no que isso vai dar.

 

 

*Alaércio Bremmer é licenciado em filosofia pela Universidade Estadual do Paraná

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