terça-feira, 23

de

abril

de

2024

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Paz nos corações de todos os homens do mundo…

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Adaír Dittrich escreve sobre o final de ano

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Tufos de nuvens enlaçam e rodeiam o mundo por onde os nossos corpos lentamente se movem. Fácil tomar assento naquela que mais fofa eu percebo e sair a vagar por mares e terras até onde a minha imaginação possa me levar antes que a inconsciência do sono me abata e em outras dimensões me lançar.

 

 

 

Inimaginável o que neste caminho eu consigo vislumbrar, perceber, captar e até me imiscuir nestes dias que antecedem o fim de um ciclo e o início de outro, para nós que neste mundo vivemos gradeados por este calendário solar.

 

 

 

Mesmo que tempestades ou negras nuvens por este imenso firmamento perpassem são brancas, transparentes ou eflúvias as emanações que do pensamento de toda a humanidade aos céus evolam nesta época. São raios de luz que em uníssono convergem, em que o bem, o bom e os anelos por um mundo melhor associam-se formando um campo eletromagnético de luz e de paz.

 

 

 

Durante este meu mirabolante voo eu vejo em cada canto da terra diferentes formas e modos de enviar ao espaço estas manifestações para um glorioso porvir.

 

 

 

Vejo nossos irmãos e nossas irmãs, de pele acobreada, nos inatingidos sertões desses brasis, colhendo nas matas as mais alvas flores que serão deitadas sobre as águas dos sombreados rios, tecendo loas a Iara, a rainha das águas, no instante mágico em que o sol jogará seus últimos raios sobre a terra. É o instante mágico em que elevam suas mãos e seus olhos aos céus pedindo a Tupã a chuva no momento certo para que o milho cresça viçoso e devolva, da terra, os dourados grãos para o sustento de todos os homens.

 

 

 

A minha nuvem não cessa de rodear o imenso planeta, tão azul e tão redondo como se uma bola de cristal lá do alto eu vislumbrasse.

 

 

 

E vejo as terras que margeiam a grande água que azul se torna refletindo um aglomerado de cores espelhadas nos céus. Vejo a grande água salgada que contorna pedaços de terra desse nosso hemisfério sul. Pessoas de todas as cores cantam. Pessoas de todas as cores dançam. Pessoas de todas as cores esperam que os ponteiros de sua alma se encontrem para bater palmas e entrar na grande água salgada. Pessoas de todas as cores se encontram para atravessar as ondas e levar as mais belas rosas para Iemanjá, a rainha da grande água salgada. Entregar a ela os pedidos de paz, os pedidos de luz, os pedidos que há milênios fazemos e cuja realização apenas de  nós mesmos depende. Os pedidos para que todos homens se amem como aquele, que por nós deu sua vida, nos amou.

 

 

 

Cada povo, cada cultura, cada pedaço de terra deste mundo tem a sua forma de pedir aos céus que este novo ciclo que agora começa seja de bons e dourados frutos, de boas e sagradas sementes e de luz e de amor na alma de todos os povos.

 

 

 

O espaço da terra que para nós significa o oriente mais distante, o ponto onde o sol primeiro se mostra, o Japão, cumpre o seu ritual para a chegada do novo ano tangendo um sino milenar com alto significado de vida. São cento e sete badaladas que nos fazem lembrar de nossos desejos mundanos. O último toque é dado no exato instante em que os dois ponteiros dos relógios se unem para uma prece universal.

 

 

 

Na Índia são muitas as variantes de datas para o início de um novo ano. Mas, como o mundo virou uma aldeia global, celebra-se também este final de ciclo na maneira tradicional daquele místico povo. Fazem-se as devidas homenagens a Vishnu e Krishna. Milhares de fogueiras são acesas. Pós coloridos cobrem os ares. Pós que uns jogam nos outros. Todos dançam e todos cantam, numa confraternização total de pessoas de todas as idades, de ricos e pobres, de todas as castas.

 

 

 

O mundo, como um todo não celebra a chegada de um novo ciclo no mesmo dia. Mas sucedem-se muitas comemorações num mesmo dia em diferentes pontos do planeta porque o mundo que gira em torno do mercado assim o pede. Então eu vi chineses serpenteando seus coloridos dragões pelas grandes cidades. Eu vi tanger de sinos em vários cantos do oriente, mostrando ao mundo as verdades de Buda.

 

 

E em regiões desérticas milhares de pessoas reunidas em pontos diferentes. Do alto, sobre a minha nuvem especial eu vi luzes no deserto. Eu ouvi sons de plangentes instrumentos de corda no deserto. Eu senti o calor das fogueiras acesas a iluminar e a aquecer as danças e as mesas cobertas de tâmaras, de figos e damascos.

 

 

 

Porque o enorme lago subterrâneo que em todo deserto existe, de espaços a espaços lança para fora as suas águas. Em alguns privilegiados pontos esta água benfazeja aflora à superfície ao seu redor viceja a mais verdejante grama onde eu vi ovelhinhas de branca plumagem a pastar. Onde exuberantes palmeiras cobrem tendas com seus galhos franjados e deitam sua sombra benfazeja para aliviar o cansaço dos viandantes das areias flamejantes.

 

 

 

E ali também ecoam aos céus os pedidos de paz, de luz e de amor.

 

 

 

Porque o homem mais simples não sabe das guerras, não pensa em querer nada mais além do fruto da terra para o seu sustento e da areia macia para deitar seu corpo na solidão de um deserto sem fim.

 

 

 

Que nesta mudança de ciclo todos os homens e todas as mulheres possam se imaginar neste deserto, deitados na macia areia, sob a sombra de um bosque apinhado das mais verdejantes palmeiras, usufruindo das frutas que Tupã nos envia para saciar a nossa fome e das águas abençoadas por Iara e Iemanjá, para saciar nossa sede.

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