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Educação Moral e Cívica: Por que não?

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Ser cidadão em um país, não é apenas usufruir dos benefícios assegurados por lei

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Dr. Jairo Demm Junkes*

 

 

Com certa frequência, costumo ouvir defesa de uma educação aos moldes militares, muitas vezes, fazendo referências saudosas à disciplina de Educação Moral e Cívica, dizendo, isso sim que era educação, uma verdadeira lição de moral e boa conduta.

 

 

 

Seja uma reflexão um pouco mais pormenorizada sobre este contexto. É possível iniciar pela noção de cidadania. Ser cidadão em um país, não é apenas usufruir dos benefícios assegurados por lei, mas é ter a maturidade de olhar para as outras pessoas, respeitando também o direito destas.

 

 

De nada adiantou, durante o ensino da referida disciplina, se falar de direitos se a pessoas esquecem de alguns deveres, basta observar as NORMAS, estabelecidas pelas autoridades sanitárias acerca do uso de máscara. Esta norma fala sobre uma proteção individual e, sobretudo, o respeito aos outros. Mas, nesta direção, não faltam demonstrações desta falta de respeito pela vida alheia.

 

 

 

Muitas das pessoas que defendem a educação moral e cívica como forma de dar EDUCAÇÃO às pessoas, grita palavras de ordem, mas, fura o sinal de trânsito (que corresponde à um perigo de acidente grave), ultrapassa e local proibido, dirige sob o efeito de álcool, entre outras possibilidades.

 

 

 

Estas pessoas adoram serem juízes da vida alheia, chamando os outros de vagabundos, malandros e adjetivos de toda sorte, como forma de assumirem provisoriamente um status de moralidade. Muito frequentemente, estes moralistas de plantão, são as pessoas que, quando têm a oportunidade, cometem transgressões, como vandalismo, bem como o uso de violência das mais diversas formas disponíveis.

 

 

 

Este é um contexto que, caso houvesse o ensino de Filosofia há mais tempo na educação brasileira, seria estudado, quando se aborda uma alegoria de uma grande mente humana chamada Platão. Este filósofo, escreve a alegoria do Anel de Giges (fica a recomendação da leitura). Fazendo com que, publicamente, assuma uma postura moralista, mas clandestinamente, quando ninguém está vendo, ou em um grupo de pessoas agressivas, libera sua face oculta.

 

 

Este contexto demonstra que a construção do que é considerado como MORAL, não necessariamente ocorreu na população brasileira que teve contato com esta disciplina, visto que certas práticas permanecem divisíveis na sociedade brasileira.

 

 

 

Feito, mesmo que de modo muitíssimo superficial, o comentário sobre a SÓLIDA NOÇÃO DE MORAL, dada graças à esta disciplina, cabe pensar, para não ser negligente um pouco sobre a ideia de civismo. Este termo não diz respeito a se vestir com as cores da bandeira, feito torcedor de time e futebol, ou bobo da corte.

 

 

 

 

Este conceito diz respeito à um ideal de cidadania que já foi, mesmo que parcialmente, contemplado acima. Diz respeito à defesa dos direitos dos cidadãos do nosso país, conhecer nossa cultura e toda sua vasta riqueza e expressões. Compreender a diversidade do contexto do nosso vasto território, bem como cobrar das autoridades posturas condizentes com os cargos que ocupam. Vale lembrar que muitos destes cargos são eletivos, escolhidos pela população, não para falar bobagens de todo o tipo, mas para observar os direitos do cidadão, garantindo a sua manutenção, bem como a melhoria da qualidade de vida.

 

 

 

Dentro de uma noção de civismo, ou se julgar mais adequado, deveria se buscar um incentivo à leitura, à qualificação da formação dos estudantes, para que eles reconheçam o valor do conhecimento como forma de moldar sua existência, promovendo melhores condições para si e para os seus, sabendo conviver com o diferente, não insultando todos aqueles que não concordam com seu ponto de vista. A diferença de opiniões não é importante, é INDISPENSÁVEL, mas nesta direção também o respeito é VITAL.

 

 

 

 

Dessa forma, não adianta defender o retorno de uma disciplina ultrapassada, como a educação moral e cívica, como forma de garantir um adestramento infantil ante as regras da sociedade. É fundamental promover a busca do conhecimento e da expansão dos saberes humanos, a vontade de aprender desde a infância. Somente com a busca de esclarecimento através do saber, não pelo obscurantismo radical, se promove um real progresso humano. Ao se ver diante de algo novo, ao invés de perguntar “para que preciso aprender isso?” se passará a perguntar “por que não aprender?”

 

 

 

*Dr. Jairo Demm Junkes é professor de Filosofia da Rede Pública Estadual de Santa Catarina e do Centro Universitário Leonardo Da Vinci

 

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